Estaciono a moto escondida em meio a arvores, retiro o capacete o deixando em cima dela e levando apenas a chave comigo, entro por uma janela escondida nos fundos, caso ainda haja alguém aqui, não posso me deixar ser vista...
Esta tudo silencioso e escuro, pego minha arma, e uso a lanterna de meu celular para iluminar o caminho, sigo fazendo o mínimo barulho possível, arranho o lado de minha barriga num ferro quebrado, de um andaime que eu não tinha visto.
- Droga devia ter trazido uma lanterna de verdade! - Digo usando minha mão para estancar o sangramento.
Escuto passos se aproximando de mim, eles devem ter ouvido o barulho da minha batida naquele maldito ferro.
Vejo uma luz e aponto minha arma na direção da qual está vindo a luz, há uma arma apontada para mim também...
- Abaixa a arma!
- Abaixa você?
- Patinho?!
- Enzo?!
Abaixamos nossas armas ao mesmo tempo e nos olhamos desacreditados, por estarmos no mesmo local sem termos combinados.
Enzo me encara por um tempo e depois leva seu olhar até meu machucado, coloco rapidamente minha mão nele o escondendo.
- Está machucada! - Enzo dá um passo em minha direção, mas eu automaticamente vou para trás o fazendo ficar parado.
- É só um arranhão!
- Isso não é um arranhão garota boba! Me deixe ver isso.
- Não.
- Pati...Rafaela, me deixe ver! - Insiste sério.
Um vento forte se inicia derrepente, fazendo a janela que usei para entrar, soltar um barulhão de batida.
- Droga! - Corro até ela tentando abri-la, mas está emperrada. - MERDA!
- A porta emperrou também. - Diz Enzo se aproximando.
- Droga eu tenho que sair daqui.
- Está com um temporal forte e perigoso lá fora! Além do mais está machucada, vamos esperar passar!
Me encosto na parede e escorrego até sentar no chão, isso não podia melhorar, ficar trancada num deposito escuro, com Enzo, machucada, com frio e esperando este lugar desabar com os fortes ventos.
- Está so com essa jaqueta?! Aqui! Não preciso dele. - Enzo coloca seu casaco em mim.
Olho para ele que está em pé na minha frente, se Tayla não tivesse chegado o que nós estaríamos fazendo agora?!
- Está sangrando ainda...me deixe ver!
Não faz isso...não torne tudo mais difícil para mim...
Uso minha faca para cortar o resto da parte de baixo da blusa, pego o pedaço recém cortado e o passo em minha ferida tampando o ferimento. Enzo me olha como se fosse dizer algo, mas não diz.
Eu não posso fazer isso...não posso ficar tão perto dele e tentar fingir que não está um clima pesado! Me levanto e começo a caminhar, tenho que encontrar uma saída.
- Pra onde havia ido? - Pergunta Enzo de costas para mim.
- Coreia!
- Eu não lhe encontrei lá...
- Eu soube me esconder... - Digo e volto a caminhar.
Antes que eu me afastasse muito, Enzo me para segurando meu fortemente meu braço.
- Está pensando em fugir de novo? Veio roubar o que desta vez?
- Hunf.- Ele realmente acha que sou uma ladra.- Você realmente não sabe de nada não é?!
- Não! Eu não sei porque você nunca me conta. Assim como não me contou que antes da luta alguém lhe deu veneno.
- E você me conta as coisas? Quando ia me contar que a sua queridinha Tayla, tem conexão com os caras que nos prenderam?!
-...- Enzo abre a boca, mas a fecha na mesma hora.
- Uau...Enzo Carson ficou sem palavras! - Eu errei...Mas Você me machucou ocultando tudo de mim.
- Quando descobriu?
- No dia que íamos visitar o parque com Thomas.
- Eu fiz isso para te proteger!
- Me proteger?! Você estava protegendo ela! O tempo todo você pensou nela! Você me trancou...por ela...
- Rafa eu...
*Telefone tocando Jacob*
- Rafa onde você se enfiou? Está um temporal horrível!
- Eu fiquei presa num antigo depósito.
- Você está bem?
- Estou! Estou segura e seca não se preocupe! Peça para Natan alimentar Pakun por favor.
- Ele já fez isso! Me mande a sua localização, vou buscar você.
- Não, a tempestade ainda está forte, quando ela passar eu irei embora.
Enzo me encara durante toda a ligação, me deixando desconfortável, do meu lado está o cara que legalmente é meu marido e do outro lado da linha...o cara que me ajudou a meter chifre nele...
- Eu tenho que desligar, estou bem.
- Por favor se cuide, se não voltar ate amanha de manha irei te procurar.
*Fim de ligação*
Enzo e eu ficamos nos olhando por um tempo, balanço a cabeça desconfortável e me afasto, me sento no chão e acabo adormecendo...
- Rafa a tempestade passou. - Diz Enzo me acordando.
Quando abro meus olhos estou deitada no chão com a cabeça apoiada em suas pernas e sei casaco servindo de coberta para mim.
- Temos que ir embora.
- Tem tanta pressa assim para fugir de mim?! Uau...suas palavras eram realmente vazias...
- Você realmente não me conhece... - As minhas palavras eram as mais verdadeiras...
Puxamos a porta com o máximo de força que conseguimos, mas ela não abriu, fico na frente da porta tentando empurra-la enquanto Enzo a puxa, mas não adiantou também.
*Telefone toca*
-E o seu Enzo.
- Eu sei.
Enzo se aproxima de mim, ficando poucos milímetros de distância, ele enfia a mão no bolso de seu casaco que está comigo e puxa seu telefone.
- Alô?! - Diz atendendo ao telefone.
-...
- Não se preocupe querida, você pode comprar outro vestido.
-...
- Não sei quanto tempo irei demorar, mas ainda vou te encontrar sim. - Enzo olha para mim com um pequeno sorriso em seu rosto.
Ele Está brincando comigo?! Já chega.
Olho para o lado e acho um tijolo, pego ele é me aproximo um pouco mais da janela.
- O que vai fazer?
- Te ajudar a encontrar sua nova amada! - Digo dando de ombros e jogando o tijolo na janela.
Uso o máximo de força que eu consigo, assim que o tijolo atinge a janela ela se quebra, limpo minha mão uma na outra é tiro o casaco de Enzo.
- Pronto! Agora já pode ir vê-la, obrigada pelo casaco Senhor Carson.
- Ira ter uma festa de negócios em minha casa hoje a noiteirei lhe enviar o convite.
- Claro. Não irei mais tomar seu tempo...
- Rafa... - Antes que ele dissesse algo, pulo a janela o deixando para trás.
Minha moto está encharcada e cheia de folhas e galhos, limpo ela é vou para casa. Durante o caminho de volta, fico pensando em tudo que já vivi com Enzo e onde estamos agora, sinto que será quase impossível de voltarmos a ser o que éramos antes!
Somos estranhos agora...