Nos vemos no inferno.

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Assim que recobro a consciência, sinto uma dor em minha cabeça, e um cheiro familiar...esse cheiro...não! Não pode ser.
 
Me levanto rapidamente e olho em volta, eu estou aqui novamente...neste maldito depósito de oito anos atrás, sabia que reconheci o horrível cheiro de mijo, animais mortos e comida estragada, entre vários outros que são náuseas e vontade de vomitar.
 
Corro desesperada em direção a porta tentando abri-la, a puxo com todas as minhas forças mais de nada adianta ...
 
- Eu já tentei, também procurei algo que ajudasse, mas não encontrei nada que nos tire daqui. – Diz Enzo atrás de mim.
 
Continuo numa tentativa desesperada de abrir a porta, não podemos ficar aqui...não podemos reviver tudo de novo.
 
- Rafa para não adianta! – Não dou ouvidos para ele.
 
Me jogo contra a porta e tento abri-la, mas nada acontece.
 
- Rafa para. Para! – Enzo me puxa pelos ombros.
 
Assim que seus olhos encontram o meu, ele percebe meu desespero, em meu rosto lágrimas de medo e dor não para de aparecer.
 
- Temos...nos...temos...te..temos que sair daqui!
 
Assim que termino de falar, minhas pernas falham, não cai por pouco, se Enzo não tivesse me segurando, eu estaria no chão.
 
Estou tremendo, me sinto sufocada e com uma forte falta de ar, Enzo tenta me acalmar. Mas por mais que eu tente me controlar eu não consigo...em minha cabeça aparecem todos os traumas de minha infância...
 
- Como...como viemos parar aqui? Por aqui de novo?! – Exclamo em lágrimas, me sinto perdida.
 
- Eles nos trouxeram enquanto ainda estamos inconscientes. 
 
- Nós não podemos ficar aqui...
 
- Eu vou dar um jeito de nos tirar daqui. Mas preciso da sua ajuda, e para isso, preciso que se acalme! – Diz olhando dentro dos meus olhos.
 
Enzo me abraça, começo a respirar fundo tentando me acalmar.
 
Caminhamos por todo depósito procurando algo que nos ajude, mas não encontramos nada, cada hora que passa, minha farsa de estar calma diminui, ainda não consigo encarar entes demônios...
 
- Desta vez, não há nada que salve vocês! – Diz a mulher através do rádio.
 
Olho para a sala onde eles tentaram me levar para me machucar, encaro ela por um tempo, automaticamente, toco a cicatriz em minha testa...
 
- Meus amiguinhos irão descer já, já, para brincar com vocês.
 
Eu já ouvi está frase, mas desta vez, não irei deixar que me  toquem.
 
Ouvimos passos vindo em nossa direção, se ela estiver tentando recriar aquele dia...serão 4 homens...
 
Dois que me atacaram, e mais dois naquela sala...Olho para Enzo que afirma com a cabeça, mostrando estar com o mesmo pressentimento que eu.
 
Ele se esconde no armário atrás de mim, fico aguardando o monstro se aproximar, seu maldito rosto não mudou nada!
 
- A garotinha está maior hehehe. – Diz para o seu amigo rindo, com um desgraçado sorriso malicioso.
 
- Parece que será mais divertido agora.
 
Fico em silêncio, com minha respiração se acelerando a cada momento que eles se aproximam, respiro fundo para me acalmar, eu não serei tocada por vocês!
 
Corro e pulo em direção na direção de um deles, enquanto o outro saca sua arma e a aponta para mim, Enzo derruba o armário sem cima dele o fazendo cair desmaiado no chão .
 
O outro olha para nós nervoso, percebendo que perdeu, Enzo pega a arma do que está desmaiado e atira no que estava em confronto comigo.
 
- Você quem tem que fazer... – Enzo entrega a arma para mim.
 
Ele está certo, eu mesma devo matar meus demônios. Aponto a arma em sua cabeça, ele olha para mim ainda com a mão em seu peito, onde está o buraco da bala.
 
- A partir de hoje eu não! Temo! Mais! Vocês.
 
Dou dois tiros na cabeça de cada um deles, e observo seu sangue  escorrer, esse sangue sujo...
 
- Eu tenho mais de 100 homens aí dentro, acham mesmo que irão sair com vida?
 
- Bem, iremos tentar! – Diz Enzo sorrindo, enquanto pega a outra arma.
 
- Te vemos logo, logo! – Respondo recarregando a arma.
 
Os outros dois homens da sala ao lado, vem em nossa direção apontando suas armas, olho para o bolso de um, onde está minha querida faca.
 
Enzo e eu rapidamente atiramos, antes que eles pudessem puxar o gatilho.
 
- Só eu posso matar com essa faca seu idiota. – Digo puxando minha faca de seu bolso e o dando mais um tiro.
 
Coloco a faca em minha cintura e vou em frente com Enzo, , entramos numa sala onde estamos basicamente cercados , corremos até um quartinho e fechamos a porta, as balas perfuram a sua madeira enquanto estamos escondidos no chão.
 
- Droga! – Diz Enzo com a mão em seu machucado.
 
- Você foi atingindo?! – Exclamo nervosa.
 
- Pegou de raspão...
 
- Aqui...- Estico um lenço e o cordão de minha calça.-   usa isso para estancar o sangramento...ou fica mostrando seu maravilhoso bíceps isso mesmo. – Digo a ver ele tirar a camisa e a amarrar em sua ferida.
 
- Você vai se distrair comigo?! – Pergunta Enzo sorrindo maliciosamente.
 
- Talvez...se eu levar um tiro será culpa sua! – Digo me aproximando e o beijando.
 
Um homem alto de cabelos castanhos abre a porta, sem nos separarmos de nosso beijo, atiramos nele juntos.
 
- Isso foi legal não foi?! – Digo rindo.
 
- Foi.
 
Pego o rifle que estava com ele e coloco em um dos buracos criados pelas balas, no buraco acima, uso como mira, onde consigo ver meus alvos para os atingir.
 
- Quantos já foram?
 
- Uns 20! 30?!
 
- Acho que minhas balas já ir ao acabar! – Exclama Enzo recarregando sua arma.
 
- Droga! Esses dois nem possuem munição...
 
Observamos com cuidado o local, se conseguirmos subir sem sermos vistos, podemos acertar mais uns 15 lá de cima...
 
- Eu subo primeiro, você me dá cobertura! – Diz Enzo.
 
- Ok.
 
Coloco o outro rifle pendurado em meu pescoço e subo as escadas depois de Enzo, cobrindo sua retaguarda.
 
Assim que subimos no telhado cada um atirou em um lado, jogo o segundo rifle para Enzo que, calcula e tenta ao máximo acertar dois de uma vez só, para poupar balas.
 
Conseguimos acabar com mais 30 deste jeito.
 
- Minhas munições acabaram!
 
- Merda! – Exclama Enzo, assim que suas munições também chegam ao fim.
 
- Vou descer e te jogar uma.
 
- Não Enzo! Se você for lá para baixo, eu vou também. Vamos fazer tudo juntos, se morrermos, morreremos juntos.
 
Enzo fica parado pensando por algum tempo, ele sabe que não voltarei atrás com minha palavra, então afirma com a cabeça e nos pulamos para baixo, rolando em forma de cambalhota no chão, já pegando armas e atirando no máximo que conseguimos.
 
Um cobre a retaguarda do outro, 15 minutos depois, Jake, Jacob, David, Louis e Bibi entram no depósito, atirando em todos os nossos inimigos restantes.
 
- Nem nos chamaram para a sua festinha! – Exclama Louis enquanto se aproxima atirando.
 
- Foi mal, estávamos tão distraídos que esquecemos! – Retruca Enzo rindo.
 
- Rafa você está bem?! – Pergunta Jacob preocupado.
 
- Estou! Mas Enzo levou um tiro de raspão.
 
- Por isso da camisa, pensei que era alguma moda que eu perdi. – Diz Bibi rindo.
 
Eles terminam de matar nossos inimigos, assim que me viro para sair com eles, aparecem mais uns 100 homens, antes que eu pudesse me virar e me defender.
Um dos homens atira, foi tão rápido que eu não teria tempo de esquivar, Jake se joga em minha frente, levanto o tiro em seu peito.
 
Ele cai no chão, o sangue escorrendo por cima de seu peito e boca.
 
- Não, não, não! Por que você se jogou na frente seu idiota?! – Digo tentando estocar seu sangue, mas ele não para de escorrer.
 
- Eu disse que lhe protegeria até morrer! – Diz Jake com dificuldade.
 
- Não! Eu não aceito isso. Não morre está me entendo?! Você não pode. – Digo com as lágrimas brotando em meu rosto.
 
- Foi uma grande honra e um prazer, trabalhar para Icer Lady, e ser amigo de Rafaela Carson. – Diz sorrindo.
 
- Não...você foi meu irmão.- Neste momento as lágrimas não pararam de escorrer por meu rosto.
 
- Não chore! Você nunca foi boa em demonstrar sentimentos. – Diz Jake, sorrindo com dificuldade. – Como acha que será no céu?
 
- De que importa? Irá pro inferno mesmo! – Digo sorrindo, em meio às lágrimas.
 
- Não, você irá pro inferno! Eu irei pro céu.
 
- Você acha?!  - Digo Rindo.
 
- Nós vemos no inferno, Chefe...Obri...gada.
 
Jake da seu último suspiro, não, seu idiota! Eu vim até aqui para te salvar e você morre?!
 
- SEUS DESGRAÇADOS!
 
Pego a arma que estava atirada em meu lado e começo a atirar em todos os inimigos a minha frente, sinto uma irá enorme me consumindo.
 
Jake está comigo desde o começo, biscoito cru idiota! Você não podia morrer.
 
Assim que matamos todos os nosso inimigos, percebo a entrada para uma outra sala da qual eu não havia visto na primeira que fiquei presa.
 
Subo para lá imediatamente, assim que entro pela porta , a mulher pula pela janela com uma arma em sua mão, corro e pulo logo atrás dela.
 
A alcanço antes que chegasse no chão, me seguro nela a mantendo em baixo de mim, para ela amortecer minha aterrissagem.
 
- Eu vou te matar sua pirralha.
 
- Eu que irei matar você agora! E depois irei matar sua sobrinha.
 
 
 

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