16 Cuidado Irmão

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Coringa narrando

Sabe quando você faz merda no passado e o castigo vem agora? Eu fiz tanta merda com a Mel que estou pagando com a minha própria filha, sim, por mais que esteja nitido, eu não consigo acreditar que ela nos traiu totalmente por contra propria, mas não posso pensar somente nesta hipótesi, eu soube que ela se envolveu com ele mesmo sabendo quem ele era, e aquela carta, me deixou com mais duvida ainda, também tenho minha mulher, que precisa total do meu apoio, acabamos de perde um filho, e isso por conta da atitude de Cacau, vou me dedicar a ela, e o morro, os dois morros estão em guerra, não posso deixar tudo por conta do meus filhos, não quero arriscar a vida dele.

Gael está transtornado com essa situação toda, Cacau para ele era a sua bonequinha, sua princesinha de porcelana, eu até entendo as atitude dele, mas não entendo por tanta julgação, eles são irmãos, e mesmo que um aprontasse ele deveria puxar a orelha e ajuda-lo a sair dessa, olho para a mulher que está deitada na cama do postinho tomando soro, e sem falar um pio, acaricio o seu cabelo e digo que vai ficar tudo bem, mesmo por dentro sabendo que não está nada bem, estou tentando ser forte por ela, por min, pela minha família, e o morro que não pode ficar com um dono fragilizado, sei totalmente que a culpa é minha pela perca do meu filho e a Cacau ter nos traído, eu errei com a Mel e estou pagando agora, mas não só eu, sim minha família toda, ou eu não os dediquei direito, falhei como pai, eu disse para Mel que eu seria um otimo marido, mas esqueci de ser um ótimo pai.

- Eu sempre estarei ao seu lado meu amor, vamos sair dessa juntos, eu sei que você está sofrendo- Falo e olho para o telhado, preciso me conter- Mas lembre-se, você é uma mulher guerreira, perdemos um anjinho, mas Deus está conosco sempre, se ele permitiu é porque não era o momento.

Ela vira sua cabeça para o meu lado, com seus olhos vermelhos, e segura minha mão chorando, limpo suas lágrimas com meu dedo polegar e ouço atentamente ela falar.

- Quando eu descobrir, eu tive medo, medo por causa da minha idade, por você não gostar, pelo morro está em confronto, e por eu não conseguir gerar esse bebê, e foi oque aconteceu, perdi nosso filho, e a nossa filha se foi para o outro lado, porque tudo isso está acontecendo conosco Gael? Olha quanto tempo fomos felizes? Estava tudo cor de rosa, mesmo com o morro em guerra, eu falo em questão da nossa família, sera que nunca vamos conseguir ser feliz?

Sinto uma pontada forte no meu peito, ela não está errada, abraço o seu corpo com toda a minha força, pego o meu celular e envio uma mensagem para minha mãe pedindo para ela vir até o postinho.

- A culpa é minha Mel, eu quem errei em tudo, talvex você seria mais feliz ao lado de Hiago, e a verdade seja dita, se ele não morresse, você estaria casada com ele hoje, e não comigo, bom.. Vou tentar concerta isso, minha mãe está vindo aqui, vou da uma saída, mas tarde ou amanhã eu estou de volta, eu te amo Mel.

Saio antes que ela fale alguma coisa, essa cena me lembrou ao passado, quando perdemos o nosso primeiro filho, por causa da mãe dela, e hoje por minha causa, procuro pelo carro e nada, lembro que Gael foi embora, com certeza foi com ele, subo o morro a pé mesmo, com todos os moradores me olhando, algumas senhoras de idade com um pano de prato no ombro cochicham uma com a outra, vou direto para a casa do Mucosa, bato em sua porta cansado de andar e a mulher abre dizendo que ele está no terraço, subo até lá e dou de cara com ele fumando um baseado.

- Eai Mano, você por aqui oque rola?- Ele diz me entregando um baseado mas nego.

- Tem aquele ditado né? O mal que você faz a pessoa, parece que volta tudo contra a você, será que nunca vou ser perdoado por ter batido na Mel? Por ter feito carregar duas crianças sem um pai presente?- Sussurro olhando o céu.

- Irmão isso já passou, agora é uma nova era, olha quanto tempo se passou? Seus filhos estão enormes, os meus também, então seja oque está acontecendo, não é culpa sua! Mas desembucha aí, oque houve?

- Eu e Mel perdemos uma filho, ela estava grávida, eu fiquei contente pra caralho sabe? Porra quinto filho, me sentir todo realizado, o fogão do morro, mas tudo desmoronou com a carta deixada pela Cacau no quarto dela- Indago colocando minha mão na cabeça, não tem como a culpa não ser minha, não tem como.

- Você está parecendo mulher falando Caraí, fala tudo de uma vez.- Mucosa diz se levantando e jogando o cigarro fora.

- Calma porra, to nervoso, perdi meu filho, minha mulher falou quando que ela vai ser feliz, e eu só cai na real, que ela seria feliz apenas com o Hiago, eu a prometi ser um bom marido, mas parece que não fui um bom pai, Cacau está grávida de um policial e foi morar com ele, ela disse que não é para eu procurar ela porque a mesma está feliz, oque eu fiz de errado com eles? Eu tentei da o meu maximo, e não conseguir.

- Você está ouvindo oque você está falando Filipe? Eu sei que você está se sentindo mal, eu sei que você errou com a Mel feio, mas porra, tu mudou da água para o vinho! Todos viu sua mudança, e isso não é castigo, nem culpa sua, foi a escolha da sua filha, com o baque da notícia sua mulher não conseguiu segurar o bebê, talvez por está muito recente, mas eu só acho que você tem que dá apoio a sua mulher agora, e pode deixar o morro em minhas mãos, porque estou contigo pra sempre irmão.

Ele termina de falar e os nossos telefone toca, porra tudo acontecendo de uma vez só, desculpa Mel, mas não poderei ver você hoje.

- Mucosa tu já tá a par da situação pelo jeito, convoque todos os homens daqui, pegue sua mulher leve para o esconderijo da minha casa, busque também minha irmã, minha mãe está com a Mel no postinho, aquele postinho tem que está blindado de homens, eu vou para o Dendê, os canais estão invadindo lá, chame o Rato, deixe ele aqui de frente, e vai pra lá também, a maioria dos homens de la está no morro da Paulistana, só cuidado irmão, fique em paz aí.

Saio da casa dele pegando suas armas e a chave da sua moto, com dois mortos em confronto, Paulistana e Dendê, não posso deixar que o Complexo do Alemão também entre em uma guerra, enquanto dirijo faço algumas ligações para da dois reforços aqui para o Complexo e o outro para o Dendê, não quero que minha mulher corra algum risco, chego no morro do Dendê por trás e já entro na boca, o tiroteio está pegando, muitos moradores mortos, oque está acontecendo aqui?

[..]

Depois de quatro horas, ainda está tendo muito tiro, estamos quase ganhando, falta apenas um camburão, pego meu fuzil e atiro na cara de um policial, vou descendo o morro junto com alguns homens, Mucosa aparece em minha frente com uma cara de assustado.

- Cuidado Irmão!- Ele grita me empurrando e ao mesmo tempo tira na cabeça do cana.

- Pow irmão valeu ai- Falo e o mesmo cai no chão com sua mão no peito.

Corro até ele, segurando no colo, olho para os homens que vem em minha direção fazendo a escolta, Mucosa respira lentamente e peço para ele ficar calmo.

- Qual foi irmão, segura a ponta aí, vou te levar para o hospital, não quero perde você não, já estamos ganhando, você é forte brow, tu não pode me deixar sozinho aqui não.- Deixo uma lágrima escapar e limpo rapidamente.

- Você... Não.. Tem culpa... Cuide da Mel, e depois vai atrás da sua filha, fique firme, não deixe minha mulher e meus filhos desampara...- Ele fecha os olhos e o abraço com força.

Perdi também um irmão, um amigo conselheiro, os caras gritam por ter ganhado mais uma guerra, levanto deixando o corpo do meu amigo no chão, olho para os três homens que está a minha frente, seguro na minhas duas Glock e atiro nos três sem que eles tenha uma reação, eles estavam comigo, como que não viu o polícia atrás de mim? Porque eles estão comemorando se tem um parceiro nosso caído no chão? Se o Mucosa não aparecesse eu estaria morto, ou melhor fui entregue de bandeja.

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