Depois de alguns dias, Giorgian e eu já começávamos a respirar com um pouco mais de alívio. A cada visita à UTI neonatal, as notícias sobre o nosso bebê melhoravam, e isso fazia nossos corações se aquecerem, mesmo que o medo ainda estivesse ali, à espreita, nos lembrando de como as coisas poderiam ter sido diferentes.
O bebê tinha reagido muito bem à ajuda dos médicos. Aos poucos, ele estava ganhando força, e, embora ainda fosse muito pequeno, dava sinais de que conseguiria superar aquele momento difícil. Para nossa felicidade, a médica nos havia dado uma previsão otimista: uma semana, no máximo, e ele estaria bem o suficiente para ir para casa.
O hospital tinha se tornado nossa segunda casa. Eu sentia que, no início, cada corredor, cada barulho de máquina, era uma lembrança constante do quanto nossa vida havia mudado. Mas, à medida que o tempo passava, começávamos a nos adaptar. Giorgian passava o dia comigo até chegar o momento de treinar e até mesmo o ritmo agitado do hospital parecia ter ficado mais suportável com sua presença.
Na segunda-feira da semana seguinte, quando acordamos, havia uma leve sensação de normalidade no ar. A enfermeira nos chamou para uma conversa rápida. Ela estava sorrindo, e eu notei que havia algo diferente na expressão dela.
— Hoje é um bom dia — ela disse. — O bebê está mostrando muitos sinais de recuperação. Ele está mais forte, os monitores estão indicando que ele pode deixar a UTI em breve.
Fiquei sem palavras por um momento. Era como se o peso de toda a semana estivesse, finalmente, começando a se dissipar. Giorgian me olhou, e seu sorriso discreto dizia tudo. Ele estava tão aliviado quanto eu, e sabia que, em breve, estaríamos todos em casa, reunidos, como havíamos planejado.
O dia passou devagar, e à noite, fomos informados de que o bebê estava pronto para deixar a UTI. Tínhamos a permissão para vê-lo fora da incubadora. Um dos médicos explicou que o bebê ainda teria que ser monitorado de perto, mas ele estava estável e fora de risco.
Subimos até a UTI neonatal, o coração batendo acelerado. Quando entramos na sala, a enfermeira estava ajeitando o berço. Ela nos indicou para nos aproximarmos e, com um sorriso, entregou o pequeno pacote de vida para os nossos braços.
Ver o nosso bebê pela primeira vez, fora da incubadora, foi uma experiência indescritível. Ele estava tão pequeno, mas tão forte. Seus olhos ainda estavam abrindo aos poucos, mas o som suave da sua respiração nos confortava de uma maneira que nenhum de nós poderia ter imaginado antes. Giorgian o segurou com cuidado, com as mãos tremendo um pouco, mas a expressão no seu rosto era de puro amor e alívio.
— Eu não acredito que ele está finalmente aqui — ele sussurrou, olhando para mim, como se quisesse compartilhar aquele momento íntimo e especial. — Eu sabia que ele ia lutar, mas ver ele assim... é como um milagre.
Eu olhei para o bebê, com lágrimas nos olhos. Tudo o que havia acontecido, todas as dificuldades que tínhamos enfrentado, pareciam agora tão distantes. Estávamos ali, juntos, como uma família. E, por mais desafiador que o começo tivesse sido, estávamos começando a ver o fim da tempestade.
Os médicos e enfermeiras nos disseram que poderíamos ficar com ele o quanto quiséssemos, mas precisaríamos ter paciência. Eles ainda precisariam monitorá-lo para garantir que ele estivesse pronto para ir para casa. O tempo estava se arrastando, mas a sensação de que estávamos prestes a dar o próximo grande passo me dava forças.
Quando finalmente o momento chegou, fomos preparados para dar os últimos passos antes de deixar o hospital. A enfermeira nos entregou as instruções sobre como cuidar do bebê em casa. Apesar de toda a ansiedade, a sensação de segurança aumentava com cada palavra que ela dizia. Agora era a nossa vez de cuidar dele, e o hospital tinha feito a parte deles. Estávamos prontos, ou pelo menos era o que tentávamos acreditar.
— Vai ser difícil no começo — a enfermeira disse com um sorriso gentil. — Mas vocês têm tudo o que é preciso. Estão prontos.
Eu não sabia se estava realmente pronta, mas sabia que não haveria outro momento. Havia um enorme mix de emoção em mim: excitação, medo, felicidade. Eu só sabia que agora éramos três e que, juntos, enfrentaríamos o que viesse.
Naquele dia, quando finalmente deixamos o hospital, Giorgian segurava o bebê em seus braços com um orgulho imenso. Eu caminhava ao lado dele, tentando acompanhar o ritmo acelerado, como se o mundo tivesse mudado da noite para o dia.
Em casa, a vida se adaptou rapidamente. Havia uma nova rotina a ser seguida: mamadas, trocas de fraldas e noites mal dormidas. Mas, em meio ao cansaço, havia algo maravilhoso em tudo isso. Eu nunca imaginei que seria tão reconfortante ver o bebê dormir tranquilamente no berço, ou ouvir o som suave da sua respiração.
Giorgian e eu passávamos muito tempo conversando sobre o futuro. A nossa casa, que antes parecia vazia, agora estava cheia de risos e sorrisos. Ele se dedicava ao bebê com todo o amor que eu imaginava, e mesmo nas noites mais difíceis, quando o sono parecia impossível, nós dois sabíamos que não poderíamos ter mais do que isso.
Em um dos nossos primeiros dias em casa, Giorgian estava brincando com o bebê, fazendo-o sorrir com suas caretas e risadinhas. Eu assistia de longe, com um sorriso no rosto, tentando segurar a emoção que vinha à tona.
— Você sabia que ia ser assim? — ele perguntou, ainda com os olhos focados no bebê. — Eu sabia que a gente ia dar conta, mas... ele é tudo o que eu sempre quis.
Eu sorri, aproximando-me dele.
— Eu também sabia — disse eu, — mas nunca imaginei que seria assim. Tão perfeito, mas é TÃO cansativo — ele me olhou e demos risada.
Nos primeiros dias, tudo foi mais simples do que eu imaginava. O bebê começou a se adaptar bem à rotina, e, com o tempo, ele se tornou mais forte. As visitas dos avós e amigos ajudaram a suavizar o momento que estávamos vivendo. Cada um queria segurar o bebê, dar um abraço e compartilhar da felicidade que agora preenchia nossas vidas.
Havia dias em que a casa parecia uma bagunça, mas a bagunça era apenas um reflexo da felicidade que nós tínhamos. Por mais cansativo que fosse e mais exausta que estivesse, estava realmente valendo a pena.
Com o tempo, o bebê foi crescendo, e os dias passaram mais rápido do que imaginávamos. O primeiro mês foi desafiador, mas também foi repleto de momentos inesquecíveis. Eu e Giorgian começamos a perceber que, apesar das dificuldades, éramos capazes de lidar com qualquer coisa que viesse em nosso caminho.
Finalmente, um mês depois de termos saído do hospital, o bebê estava saudável, forte e pronto para explorar o mundo ao nosso redor. Eu sabia que as dificuldades não haviam terminado, mas o pior já tinha ficado para trás.
— Você tem certeza de que ele vai aguentar a viagem? — Giorgian me perguntou, ainda com um toque de preocupação.
— Ele está ótimo. Estamos ótimos — eu disse com um sorriso. — E é hora de viver nossa vida, uruguaio.
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Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.