Já se passaram alguns meses.
O barrigão estava ficando enorme agora, e cada dia parecia trazer uma nova sensação, seja de cansaço, seja de uma leve ansiedade. Eu sentia meu corpo cada vez mais pesado, e as pequenas coisas do cotidiano estavam se tornando desafiadoras, como colocar os sapatos ou até mesmo me levantar do sofá sem precisar de ajuda. Mas, no meio disso, o sorriso de Giorgian e o apoio da minha irmã Manu eram tudo o que eu precisava para me manter firme.
Manu, que tinha se tornado ainda mais presente depois do nascimento de sua filha, não hesitava em me oferecer ajuda. Ela ficava horas conversando comigo sobre o que esperar da maternidade e tentando me tranquilizar quanto aos medos naturais que surgiam. Mesmo com um bebê pequeno, Manu nunca me deixou sentir sozinha. De vez em quando, ela até me fazia rir com suas histórias de como a vida com uma criança pequena era completamente imprevisível.
— Você vai ver, Gabi... uma vez que ele nascer, você vai se perguntar como viveu sem ele. Mesmo com todos os desafios, cada sorriso compensa. — Ela disse, enquanto estava sentada ao meu lado, com sua filha no colo. "Eu não sei o que é mais difícil, lidar com a fralda suja ou tentar entender o que ela está tentando me dizer com o choro."
Eu ria, me sentindo mais tranquila.
Com o bebê chegando, Giorgian parecia um homem diferente. Ele estava mais focado, mais responsável, mas também cheio de inseguranças. Como todos os homens que estavam em dúvida sobre a paternidade, ele não sabia o que esperar. E, para ser sincera, eu também não sabia, mas sinceramente me sentia feliz por sua preocupação em ser um bom pai.
Naquele dia, Giorgian tinha um jogo importante para o Flamengo, e eu o encontrei mais quieto do que o normal. Ele estava se arrumando para sair para o vestiário quando, como sempre, se aproximou de mim e passou a mão na minha barriga, falando sobre o quanto ele estava ansioso para o nascimento do filho, mas também confuso.
— Sabe, amor, acho que vou ser um bom pai, mas, ao mesmo tempo, não tenho certeza... — ele disse, se apoiando na porta, com um olhar pensativo.
Eu levantei uma sobrancelha, surpresa.
— Você vai ser o melhor pai, Giorgian. — Falei, tentando transmiti-lo confiança. Ele me olhou com uma expressão que mostrava que ele precisava de algo mais.
— Eu não tenho tanto medo do que fazer, sabe? O medo é de não ser o suficiente para ele... ou para você. — Ele fez uma pausa, e seu olhar se perdeu em algum ponto da casa.
Aquele medo era compreensível. Eu sentia algo semelhante. Mesmo com o apoio de todos ao redor, a responsabilidade de ser mãe começava a me assustar cada vez mais à medida que a data do parto se aproximava. E eu sabia que Giorgian compartilhava dessa ansiedade.
Ele se afastou um pouco e suspirou, antes de dizer:
— Eu confio em você. Mas a sensação de não saber é... estranha. Tipo, será que estou pronto para tudo isso?
Nesse momento, o telefone de Giorgian tocou, interrompendo a conversa. Ele olhou para a tela e viu que era um de seus amigos do time. Ele atendeu rapidamente, e pude ouvir a voz de um de seus colegas de time, provavelmente pedindo ou perguntando algo sobre o treino.
Os minutos seguintes pareciam mais distantes, e quando ele desligou, a conversa continuou.
— Você vai ser ótimo, amorzinho. E eu também tenho meus medos. Só que estamos juntos nisso. Vamos dar nosso melhor e aprender com os erros. Mas vai dar certo.
Ele me abraçou, ficando um pouco mais tranquilo.
— Tá certo. Eu só preciso de mais confiança. E saber que você está comigo, isso já me deixa mais tranquilo.
Nos dias seguintes, a ansiedade dele diminuía à medida que ele falava mais sobre o tema com as pessoas, tanto o pessoal do time, quanto o Victor e a própria mãe dele, que agora também parecia animada com a chegada do neném, por incrível que pareça.
Durante os treinos e conversas no vestiário, ele buscava conselhos de todos, desde o Gabigol, que falava sobre como ser o melhor pai possível, até com os jogadores que já eram pais e podiam dar dicas práticas sobre como lidar com as noites sem dormir.
— Irmão, a gente se prepara pra muita coisa, mas nada te prepara para a paternidade. Não importa o quanto você tente, o bebê vai mudar a sua vida, mas você vai ver, no fundo, é a melhor coisa do mundo. — Léo Pereira disse com um sorriso, brincando com o fato de que, quando ele começou a ser pai, ele mal sabia o que esperar, mas a sensação de ser responsável por outra vida era indescritível.
— É, meu chapa... ser pai vai te transformar, mas você vai se acostumar rápido. A paternidade te dá uma paz que você nunca imaginou. — Gerson concordou, com seu jeito tranquilo. E, como sempre, ele terminou com um conselho de peso: — O importante é estar presente, sempre. Não precisa ter tudo planejado, mas seu amor e apoio vão ser o que ele mais vai precisar. E você, como homem, como pai, vai ser uma referência pra ele.
Esses conselhos começaram a aliviar um pouco a tensão que Giorgian estava sentindo. Ele percebia que a paternidade não era algo que precisava ser controlado o tempo todo, mas sim vivenciado com as emoções que surgiam. E ele estava pronto para isso.
Os dias passaram, e o barriga continuava crescendo, mas a sensação de que estávamos mais preparados, tanto eu quanto Giorgian, só aumentava.
E foi no último treino antes do jogo do Flamengo que Giorgian voltou a falar sobre seus medos. O treinador havia liberado um tempo para descansar, e ele, sentado no vestiário, ligou para mim. Ouvi o som das vozes dos outros jogadores ao fundo, mas ele focava apenas em mim.
— Amor, eu sei que sempre falamos sobre isso, mas agora, mais do que nunca, eu sinto que ser pai vai ser o maior desafio da minha vida. Não tenho todas as respostas, e isso me deixa apreensivo.
Eu sorri, entendendo exatamente o que ele queria dizer.
— Você vai ser incrível, amor. E lembra, é o nosso bebê. Não tem certo ou errado, só o que é certo pra gente. Eu sei que você vai fazer o melhor que pode, e isso já é tudo o que precisamos.
Ele respirou fundo, e pude sentir sua tensão se dissipando, mesmo a distância. O simples fato de me ouvir parecia ser tudo o que ele precisava naquele momento.
— Eu te amo, sabia? Obrigado por sempre me apoiar.
— Eu também te amo, Giorgian. Vai dar tudo certo, só confie.
A conversa terminou com um sorriso de ambos, e, enquanto ele se preparava para o treino, o futuro parecia um pouco mais claro para nós dois.
A vida estava mudando em um ritmo muito maluco,
mas nós estávamos nos esforçando pra fazer
isso dar certo. Talvez por conta do nosso filho, talvez por conta do nosso amor, talvez pelas duas coisas. Pelo menos as coisas realmente se acalmaram nas nossas vidas.
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Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.