O caminho até o hospital foi um dos mais tensos que já vivi. Giorgian dirigia em silêncio, seus dedos apertando o volante com tanta força que as juntas de suas mãos estavam visíveis. Eu podia sentir a preocupação dele em cada gesto, e a minha ansiedade só aumentava com cada contração que vinha mais forte e mais próxima. A sensação de que algo estava prestes a acontecer me invadia a cada segundo, e a dor já era impossível de ignorar.
— Giorgian, eu... — Tentei falar, mas uma nova onda de dor me pegou de surpresa, fazendo com que eu apertasse a mão dele que estava livre.
Ele olhou para mim rapidamente, os olhos visivelmente preocupados, mas tentando manter a calma.
— Eu sei, amor, só aguenta um pouco mais. Estamos quase lá. — A voz dele estava tensa, mas eu sabia que ele estava fazendo o possível para me tranquilizar.
Chegamos ao hospital em questão de minutos, mas cada segundo parecia uma eternidade. Ele estacionou de maneira abrupta e correu para o meu lado, ajudando-me a sair do carro com um cuidado quase excessivo, mas eu não queria mais ter pressa. Não importava o quanto ele se apressasse, a dor só aumentava. Eu sabia que estava perto, mas não imaginava que seria assim.
Fui rapidamente encaminhada para a sala de urgências. A médica estava à porta, já me esperando, com uma expressão séria.
— Vamos cuidar de você, senhora. — Ela disse, com um tom firme, mas gentil, ao mesmo tempo em que me guiava para dentro.
Giorgian ficou ao meu lado, com uma expressão que misturava apreensão e uma tentativa frustrada de me mostrar confiança. O fato de ele não falar nada só aumentava a tensão no ar. Eu sentia seu corpo tenso, como se ele estivesse se preparando para o pior, e no fundo, eu também estava.
Fui colocada em uma cama, e a médica começou a me examinar. Os monitores logo começaram a fazer o trabalho de medir a intensidade das contrações, mas eu sabia que algo não estava certo. Quando a médica me olhou de volta, seu semblante mudou ligeiramente, e uma sensação ruim tomou conta de mim.
— Doutor, o que está acontecendo? — Giorgian perguntou, sem esconder a apreensão na voz.
O médico olhou para ele, depois para mim, e foi então que, com uma calma aparente, disse:
— O bebê está em posição, e as contrações são muito fortes para o tempo gestacional. Não temos muito mais tempo. O parto precisa ocorrer agora.
As palavras dela caíram como um peso no meu peito. Eu olhei para Giorgian, e ele me olhou de volta, os olhos carregados de confusão e pânico. Novamente eu sabia o que ele estava sentindo. Estávamos a semanas do que deveria ser o nosso momento, do nascimento que imaginávamos ser cheio de alegria e planos. Mas, naquele instante, parecia que o controle estava indo embora, e nós não poderíamos fazer nada a respeito.
— O que isso significa? — Ele perguntou, a voz embargada, já quase desesperada.
— Significa que o bebê está pronto para nascer, mas com a prematuridade que envolve esses casos, vamos precisar fazer o parto agora. — A médica explicou, sem rodeios. Ela não estava sendo cruel, mas a verdade estava lá, nua e crua, diante de nós.
A notícia parecia não fazer sentido para mim. Eu havia me preparado tanto para o nascimento perfeito, para aquele momento de estar em casa com o bebê, com Giorgian ao meu lado. Mas nada daquilo aconteceria da maneira que eu havia planejado.
— Ele vai ficar bem? — Perguntei, com a voz falha, a emoção engolindo as palavras.
A médica nos olhou com seriedade, mas seus olhos estavam mais suaves agora, tentando nos dar algum conforto.
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Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.