Seis Mundos: Novas Origens

Capítulo Trinta e Oito

Não quero acreditar nas palavras de Lilith, mas no fundo sei que são verdade. Psyche não passa de uma ótima atriz, tudo que fez até hoje não foi nada além de fachada.

— Você precisa voltar. — Diz de súbito.

— Acredite, é a coisa que mais quero, porém infelizmente não tenho controle sobre isso e você deve saber.

— Você não, mas eu tenho.

— Ótimo, o que está esperando?

— Venha cá, encoste a cabeça na minha, aviso que isso pode ser um pouco doloroso para você.

— Aceito qualquer coisa para voltar ao mundo real.

— Tudo bem. — Nossas cabeças se tocam e tudo escurece.

Khione

Ela continua presa ao chão, está tranquila, o mais serena que já vi.

— Por mais que adore ficar aqui com vocês tenho coisas mais importantes a fazer. — Sorri desaparecendo na nuvem de fumaça verde já conhecida. Ainda estou anestesiada pelo que ouvi, como não juntei todas as peças, de todo modo não teria como descobrir, ela foi minuciosa e indetectável, seu plano seria perfeito se eu não fosse vencê-la.

— Como? Não acredito que deixei isso passar. — Lyssa esbraveja, atirando espinhos nas paredes.

— Ela iria arrumar um jeito de escapar de qualquer forma, você só acelerou o processo. — Mykal aparece na porta.

— Onde estava? — Pergunto.

— Fui conferir todo o castelo, ver se Kastian, Demir e Meliorne já haviam voltado, mas cheguei a tempo de ouvir sobre a general.

— Nenhum sinal deles?

— Ainda não.

— Alguém pode me explicar o que aconteceu enquanto estava desacordada pois não estou acompanhando o raciocínio de vocês,. E quanto tempo fiquei assim?

— Não sei se é um momento propício para isso. — Mykal responde apoiada na pedra que segura a porta em seu devido lugar.

— Já estamos destruídos por hora, e pelo que vejo Kastian não está aqui, perder alguns minutos não nos matará.

— Ela está certa. — Lyssa diz.

— Começando por quem é ela, e como sabia do mesmo que eu sobre Psyche.

— Não fomos devidamente apresentadas. Muito prazer, Lyssa, princesa élfica, irmã mais nova de sua... — Ela me olha e pigarreia. — Bem, irmã da Kastian.

— Espere, a irmã morta?

— Não tão morta assim, como pode ver. E sendo bem sincera não me lembrava de nada que Psyche havia feito até poucos minutos atrás quando você me olhou. — Sorri gentilmente.

— Essa parte não tem muita importância, todos já sabem quem ela é, e conhecem seus planos.

— Em questão do que houve, acho que posso respondê-la também. Yaza ou Psyche, seja lá quem está comandando isso, foi a antiga casa de Khione na terra para procurar as anotações de um ser chamado Arwen, não tive a oportunidade de conhecê-lo mas por seus escritos ele deveria saber de muitas coisas. Antes que os demônios pudessem chegar até lá Khione e Meliorne recuperaram as anotações e trouxeram para nosso reino, junto com dois fragmentos de pedras centrais aparentemente extintas.

— Angelical e demoníaca?

— As próprias. Houve um confronto com Yaza e alguns demônios na terra, então achamos que o mais sábio era tentar recuperar Devin para ter ao menos um exercício do nosso lado. Porém não foi possível, Devin está tomada, não há como recuperá-la. Enquanto alguns de nós iam a terra dos vampiros eu e você ficamos aqui em Elphia, todavia era uma emboscada, separar para deixar o centro vulnerável. Os demônios nos atacaram  e fizeram uma chacina em nosso povo e soldados. — Diz com tristeza e pesar. — Quanto ao tempo em que esteve desacordada não sou capaz de informá-la, pois quando cheguei já estava assim.

— Duas semanas. Foi o tempo em que ficou assim. — Mykal responde por mim.

— Isso foi tudo. — Lyssa encerra por fim.

— Começo a duvidar se ajudar vocês em Devin foi minha melhor decisão. — Alexander diz depois de muito tempo calado.

— Não duvide do que somos capazes Alex, ainda teremos vitória.

— Não expressarei minha opinião sobre isso. — Se cala novamente, movendo os dedos em um único movimento constante.

— Mas que diabos aconteceu aqui? — O som da voz de Demir ecoa pelo local.

— Vocês chegaram. — Digo respirando profundamente. — Elphia foi invadida pelos demônios, não conseguidos recuperar Devin,. E Psyche, perdemos ela.

— Na verdade nunca tivemos. — Estella reforça.

— Como assim? A mataram? — A rainha pergunta com a voz abafada.

— Não Kastian, ela era uma traidora. — Lyssa comunica a irmã.

— Não é possível, Psyche não seria capaz, não, ela.

— Desde o começo minha irmã, quando nos conheceu, tudo já fazia parte do plano dela. — Kastian parece inconsolável, no fundo ela ainda alimentava algum sentimento, nem que um afeto amigável pelo demônio.

— Temos notícias boas em meio tanta desgraça. — Meliorne diz tentando quebrar o clima de desespero e melancolia. — Niran e Faleias se unirão a nós.

— Pelos céus, essa é a melhor notícia que ouço em dias! — Exclamo. Uma chance, uma luz no fim do túnel, mesmo que pequena surge.

— A guerra começou, a partir do momento em que ousaram tocar em minha família, em meu reino, em meus súditos. Não existe mais volta, só existe uma maneira disso acabar, vencendo essa batalha, ou morrendo nela. Venham comigo. — Ela nós conduz até a sacada de seu quarto, que dá de frente para o pátio externo do castelo. Em uma das paredes aciona um botão preto que faz um barulho estridente, com certeza para ser ouvido por todos os moradores. Minutos depois uma multidão de elfos está reunida ali, em meio aos corpos e ao sangue que ainda escorre por ali.

— Queridos súditos, tenho um comunicado a fazer. Nosso reino foi atacado, nossas famílias foram violadas, nossos soldados mortos. Tudo isso feito por demônios, vampiros e anjos. Essas espécies se voltaram contra a harmonia de nossos reinos, não nos acham como iguais, e sim inferiores, querem tomar o domínio de todos os reinos, governar sobre nós e fazer-nos de escravos, mas hoje, aqui nesse lugar pergunto a vocês, quem lutar ao meu lado? Querem honrar nossos mortos com a vitória? — Pergunta e a multidão vibra em um unânime sim. — Vamos lutar para vencer, não hesitem em matar. Eles derramaram sangue dos nossos, agora é nossa vez. — Todos os elfos gritam e concordam com as palavras da líder. Agora sabemos, não há mais volta, não existe mais caminhos, somente sangue paga sangue.