— Nunca mencionei você ter um relacionamento.
— Então o que está sugerindo.
— São tempos de guerra, ter alguém para voltar a noite e conversar sobre as mais diversas coisas ajuda a manter a saúde da mente.
— Isso está soando mais como uma necessidade sua Meliorne. — Dou uma risada.
— Minha? Jamais. Nunca admitiria que por mais que no momento esteja morrendo de ódio mortal por aquele elfo maldito, tenho em minha mente que ele vai estar aqui todas as noites e que irá me estender o ombro quando precisar.
— Pelo amor de Áster, Meliorne, não existe precipícios altos o bastante, para comparar o que você tem pelo Demir. Só não se iluda, não quero te ver machucado. — Digo e ele assente. Segundos depois a porta é aberta mais uma vez, hoje é um dia de insônia.
— Ah, você está ocupada. Volto outra hora. — Lyssa aparece junto ao pé da porta, olha para dentro e a fecha em um rompante. Meliorne corre de meu colo e a abre novamente, gritando no corredor.
— Ela não está, eu já estava de saída, pode voltar. — Tenho uma pergunta genuína em meu coração, por que todos resolvem aparecer em meu quarto quando perdem o sono ou quando estão com problemas? Tenho vontade de puxar Meliorne para dentro e trancar a porta. Não posso negar que Lyssa é uma bela mulher, mas isso não anula o fato de meus traumas recentes relacionados a tentar me envolver com alguém.
— Então, está tudo bem se eu ficar? — Ela pergunta fitando o chão.
— Claro. O que procura? — Respondo em parte por educação. E vejo Meliorne sumindo corredores a dentro. Eu esbravejaria, mas me encontro sem paciência para isso.
— Posso mentir dizendo que vim aqui somente para passar o tempo, criar uma amizade com você, ou coisas do tipo. Mas a mentira não faz parte de meu cotidiano então prefiro dizer meu real interesse.
— Pois bem. Diga.
— Queria vê-la. Corteja-la seria a palavra mais adequada. — Me encara ainda parada na entrada.
— Cortejar-me?
— Sim, isso é muito comum no mundo élfico quando nos interessamos por alguém. Não é assim no seu mundo? — Indaga curiosa.
— Um pouco parecido. — Meliorne tinha razão, aparentemente a princesa élfica está interessada em minha pessoa. — Mas o que pretende fazer? — Enrolo enquanto tento pensar em uma forma não tão ruim para lhe dizer que não estou em um bom momento para qualquer tipo de relação amorosa.
— Espero que esteja com fome, pois não tive outra ideia além de um jantar. — Ouço meu estômago roncar e só agora me dou conta de que estou sem comer até agora. — Vejo que está. — Sorri para mim desaparecendo no ar e voltando segundos depois com uma garrafa de vinho nas mãos, ou algo que penso ser vinho. — Também espero que goste de nosso vinho, não é igual ao dos terráqueos, o que é um alívio. — Diz desaparecendo novamente, dessa vez trazendo consigo o resto de nosso jantar.
— Quem é a Khione de quem tanto tenho ouvido falar nos últimos dias? — Senta-se dando a primeira garfada em seu prato.
— Como assim? Acho que já sabe tudo o que há de saber. — Dou um sorriso leve.
— Acho que não. Conheço a Khione que diversos místicos admiram e falam maravilhas, mas não conheço a moça ruiva que está sentada em minha frente agora, e desejo muito conhecê-la. — Fala me olhando de cima a baixo, seu olhar não me intimida como alguns que já senti, existe algo diferente nele, uma doçura que não estou acostumada a ver nos místicos. Ela parece pura e inocente, não sei se nesse lugar isso é uma qualidade.
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Seis Mundos: Novas Origens
Fantasy(LGBTQA+) Khione é uma mulher de vinte anos, com muitos traumas e um passado doloroso que acaba de se mudar para New York, deixando para trás o avô, a mãe e uma história toda da qual ela ainda não sabe que faz parte, heranças passadas de pai para fi...