Seis Mundos: Novas Origens

Capítulo Vinte e Oito

Estella 

A chegada de Khione faz o ambiente ficar um pouco pesado. Devido Psyche não ter lhe contado imediatamente sobre a morte de seu avô, visto que também não está falando com Mykal agora que sabemos que ela foi responsável pela morte de Arwen. Mesmo assim nós não temos outra alternativa a não ser trabalharmos juntos, aliás o reino dos demônios já está juntando seus aliados e ainda não temos nenhum exceto Elphia e possivelmente Devin. Esqueço todos esses problemas e bato a porta do quarto de Kastian.

— Já é manhã? — A morena pergunta passando as mãos pelo cabelo ajeitando o coque bagunçado.

— Sim, e pelo que vejo não teve uma boa noite de sono. 

— Definitivamente não, com tudo que está acontecendo a minha cabeça está a mil, temos tantas coisas a fazer, vários planos a montar se quisermos ter chances de ganhar. Invadir Devin não será fácil, convencer outros reinos a entrar em uma possível guerra menos ainda. — Diz com tremenda rapidez.

— Você precisa descansar, imediatamente. — Adentro no quarto levando Kastian até a cama.

— Mas como você mesma disse já é manhã, temos coisas a fazer. — Ela esquiva-se de meus braços voltando para a porta.

— Quando iremos falar sobre, bem, o que você disse quando estávamos no inferno. — Digo com certo receio.

— O que disse?

— Sim, você sabe.

— Quando disse para correr e não olhar para trás?

— Um pouco mais a frente disso.

— Que precisava de você viva para amar a pessoa certa por sequer uma vez? Sim, me lembro e nunca houve tanta verdade em minhas palavras quanto naquele momento.  

— Então, o que isso significa?

— Para você eu não faço ideia, mas para mim significa que estou disposta a tentar mais uma vez, correr o risco de me quebrar novamente, ter a possibilidade de deixar meu coração em frangalhos e dessa vez sem ter conserto. Significa que quero conhecê-la, quero possivelmente ama-la, quero que entre em minha vida, quero que fique ao meu lado. — Ela faz uma pausa e olha no fundo de meus olhos negros. — Quero você Estella, mesmo que isso me custe acreditar no amor mais uma vez. — Encerra saindo pela porta, me deixando completamente sem palavras. 

Sei que não deveria, mas me sinto mal por tais palavras, normalmente estaria feliz por alguém me querer nessa intensidade mas nesse momento não estou, me sinto responsável por ela, por seu coração que já foi dilacerado mais de uma vez, por ser a pessoa que segundo ela determinarei sua crença no amor, um fardo pesado que aceito a carregar. Penso sobre isso, mas logo tais pensamentos se dispersam de minha mente ao me lembrar da forma como acariciou minhas bochechas ao nos alcançar em Faleias, de como me acalmou de minha preocupação com seu estado, do sorriso no rosto após nosso beijo, um lado de Kastian que acredito eu que poucos já viram até hoje, sem suas armaduras, sem toda a sua intimidação. Ese imaginar que estamos em outro universo, em outra realidade qualquer, poderia ser somente uma mulher com histórias para contar, mas ainda assim nunca uma mulher comum.

— Por que não me acordou? — Sou tirada de meu breve transe pela voz da ruiva.

— Não achei necessário. — Dou de ombros.

— Sabe onde Kastian está? Tenho algumas coisas a sugerir.

— Desceu a poucos minutos, procure no jardim ou na biblioteca, são seus lugares favoritos. — Digo e ela se vai. 

Deito-me novamente na confortável cama real, fecho meus olhos e imagino tudo que aconteceu até aqui, em tão pouco tempo. Meu objetivo era descobrir quem sou e agora me vejo tão perdida quanto no primeiro dia, entrelaçada a um emaranhado de confusões que não me pertencem, prestes a lutar em uma guerra que não tenho motivos para estar. Passa-se da hora de ir atrás de algo meu, algo que me pertença, qualquer resquício de informação sobre mim.