Capítulo Quarenta e Seis

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"Isso explica um dos motivos parar os anjos desejarem minha morte."

"Por que acha que as relações entre reis e rainhas de reinos diferentes eram proibidas?"

"Por medo?"

"Sem sombra de dúvidas."

"Mas místicos comuns também poderiam ter filhos híbridos, ainda não entendo por que só os reais eram proibidos."

"Já não lhe explicaram isso? Porque pessoas como você e Estella são perigosas. Ainda mais vocês duas. Híbridos reais como você sabe, tem os poderes concentrados. São imprevisíveis, com as emoções afloradas, qualquer pico de emoção pode causar uma explosão de poderes."

"Não sabia desse detalhe. Posso te perguntar algo?"

"Claro."

"Eu nasci assim? Emanando poder? Por que Estella também não faz o mesmo? Fizeram algo enquanto estavam grávidas para nascermos assim?"

" Sim, você nasceu assim. Creio que ela também tenha as mesmas características que você, somente não foi ativada ainda. E não, não fizemos nada para vocês serem assim."

— Khione? Está acordada? — Meliorne abre uma fresta na porta e coloca a cabeça para dentro do quarto.

— Estou sim. — Respondo olhando para ele.

— Tem um minuto? — Vejo seu rosto e imediatamente sei que não será apenas um minuto.

"Tenho que ir Áster." — Digo a ela.

"Tome conta dele, não aparenta estar nada bem. Diga que sinto sua falta."

"Vou fazer o que puder."

— Claro. O que aconteceu? — Falo levantando e o mandando entrar.

— Demir. — Entra e afoga o rosto travesseiro de minha cama. Pelo rosto inchado com os olhos avermelhados ele andou chorando nas últimas horas.

— O que ele fez? — Chego mais perto preocupada.

— Eu sei que nós não temos nada fixo, que não existe nenhum compromisso, mas ele poderia ter pensado em mim por um segundo. Tenho certeza que está bem aparente que eu tenho um pequeno abismo por aquele maldito elfo.

— Vá direto ao ponto, não sei se estou entendendo muito bem.

— Alexander. Ele estava na cama com o Alexander. — Lágrimas caem de seus olhos e ele tenta contê-las, mas em vão. — Nós íamos jantar juntos essa noite, uma noite só nossa. Como pode esquecer isso? Aparentemente transar com aquele vampiro de caráter duvidoso é melhor. — Meliorne não tenta mais se conter, deita no meu colo e derrama suas lágrimas. Ouço a porta abrir novamente e Demir está do outro lado dela.

— Meliorne está aí? — Entra e se depara com o híbrido em meu colo. — Me desculpe, eu sinceramente não achei que ficaria chateado com isso, afinal nós não temos uma relação fixa. — Ele olha para o chão, parece estar arrependido.

— Você pode transar com quem quiser Demir. Não vou mentir dizendo que me importo, porque eu não me importo com, inclusive não é isso que me chateia. O que me magoa é o fato ter esquecido que essa era para ser nossa noite.

— Eu sei, foi péssimo de minha parte, mas se o fato de eu estar com outras pessoas além de você te incomoda posso parar. — Diz, mas todos nós sabemos que seria um sacrifício que não está disposto a fazer e mesmo se estiver Meliorne nunca permitiria que ele fizesse algo que o deixasse infeliz.

— Demir, todos sabemos que você não é monogâmico, sabia disso quando pensei em ter qualquer tipo de relação com sua pessoa, isso não me incomoda. O que me deixa triste você deixar de comparecer a algo que sabe ser especial para mim, para ter uma transa casual com qualquer um. — Fala visivelmente irritado.

— Vamos conversar, podemos chegar a uma decisão boa para ambos, eu gosto de você Meliorne, gosto muito. — Chega mais perto tentando tocar a mão do híbrido, que se afasta rapidamente do toque.

— Estamos tendo isso a quanto tempo? Não é de tempos de agora que ficamos juntos Demir, sabe bem. — Me surpreendo.

— Achei que se conheciam há apenas alguns meses. — Digo surpresa.

— Quem me dera. — Meliorne afirma.

— Está desprezando me conhecer há muitos anos? — Esboça um sorriso que não é retribuído.

— Nos conhecemos há algumas décadas. Demir estava dando uma festa e eu entrei sem ser convidado. Ele me viu, me colocou contra parede para saber o que estava fazendo ali, e bem, o resto não é necessário contar. Assim começou o nosso pequeno caso.

— Sou apenas um caso para você? — Demir ainda tenta trazer humor a situação, mas continua falhando miseravelmente.

— Por favor, sou o mesmo para você.

— Poderia não ser, só precisamos de mais tempo. — Sentasse ao lado de Meliorne passando seu braços pelos ombros híbrido, fazendo com que olhe em seus olhos.

— Mais tempo? Quanto? Estamos assim a cinco décadas, indo e voltando, transando sem compromisso algum. Não que eu esteja ficando velho e carente de alguém ao meu lado, mas queria a sensação de ter uma pessoa sempre ao meu lado. — Sede aos carinhos do elfo.

— Você já esperou demais por mim, sei muito bem disso, mas só te peço um pouco mais de paciência.

— Para que? Você transar com todos os místicos disponíveis dos seis reinos? Se já não tiver feito isso. Para esquecer da minha existência?

— Vamos conversar com mais calma em outro momento, será melhor. — Demir da um último abraço em Meliorne e sai do quarto.

— O que acha que devo fazer? — Pergunta virando-se para mim.

— O que sente por ele?

— Que aquele elfo pode ser o maldito amor da minha vida e o meu carma ao mesmo tempo.

— Minha vida amorosa está tão boa quanto a sua, não sei se sou a melhor pessoa para lhe dar conselhos, sua outra sobrinha seria muito melhor nisso. — Sorrio.

— Pensei em ir a ela antes de você, mas Estella está no quarto de Kastian e só Lilith sabe o que estão fazendo.

— Tem razão. Siga seu coração. É algo que os humanos sempre dizem. — Dou uma gargalhada.

— Um ótimo conselho. — Ri de volta. — Mas já que estamos falando de relacionamentos amorosos, o que está acontecendo entre você e a princesa élfica? Não minta pra mim.

— Lyssa? Ela só curou alguns dos meus ferimentos mais graves, nada demais.

— Para você foi só isso, mas para ela foi uma forma de se aproximar da bela Khione, que é disputada por todas as mulheres que a conhecem. E elas tem toda razão pois minha sobrinha é dona de uma beleza exuberante.

— Não sou disputada! — Olho para ele e bato em seu ombro.

— Vou precisar mesmo lembrá-la? Psyche se encantou por sua beleza, mesmo que por encenação. No fundo tenho certeza de que sentia no mínimo uma atração por você. Logo após temos a Mykal, a princesa dos vampiros está literalmente aos seus pés, ela faria qualquer coisa para tê-la. Isso em um curto período de tempo. — Fala tentando me convencer. — E agora temos a princesa élfica. Minha querida você atrai a realeza.

— Ainda acho que a Lyssa só estava sendo simpática.

— E eu acho que você é cega ou perdeu a habilidade do flerte.

— Será que está certo? — Pergunto um pouco ansiosa pela resposta.

— É extremamente visível. E parece ter gostado de saber disso. Então agora temos uma concorrente para a vampira que te rodeia.

— Não, não temos nenhuma concorrente. Nós dois sabemos que para escolher pares românticos sou terrível. Primeiro Psyche, uma traidora, depois Mykal, a mulher que matou meu avô a sangue frio. O que vem agora? Lyssa a mulher que irá me matar?

— Isso realmente é verdade, mas por algum motivo tenho uma boa impressão sobre essa princesa. E estaria duas vezes em família. Você junto a irmã da Kastian e a Kastian junto a sua irmã.

— De qualquer forma não estou nem de longe pronta para um relacionamento.

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