Seis Mundos: Novas Origens

Capítulo Quarenta e Quatro

Após o exaustivo dia treinando os habitantes dos três reinos, Kastian nos chama para vermos os resultados do esforço de nossos mais novos soldados. As câmeras que vigiam todo o reino possuem sensores de movimento e se programadas do jeito certo são capazes de medir o que queremos.

— Espero que os resultados sejam bons, caso contrário teremos que esgota-los ainda mais, levá-los ao limite. — Ela chama pelo Sys, que até então pensava ser somente para encontrar livros, mas descubro que por ele a rainha controla todo o reino. A tela verde sem amplia mostrando os gráficos de desempenho, cada um de nós representado por uma cor diferente. O gráfico que indica Kastian está marcando setenta porcento, o que é impressionante, com toda certeza ela disse que os penalizaria se não tivessem um bom resultado. O de Khione aponta um desempenho cinco por cento maior que o da rainha élfica. Mykal aponta noventa porcento, me pergunto como ela conseguiu um resultado tão bom. Demir e Meliorne tem a porcentagem de setenta assim como de sua rainha. Alexander oitenta porcento e por fim olho meu nome, não creio no que vejo, cem porcento, o gráfico está totalmente completo, como consegui cem porcento de êxito em um único treinamento? Isso não faz sentido.

— Cem porcento? — O coro de vozes pergunta.

— Foi melhor do que imaginei, estou realmente admirada. Nem tanto por você, mas sim pelos simples habitantes sem treinamento que em um treino obtiveram cem porcento de aprovação.

— Se continuarmos nesse progresso nosso exército será bom o suficiente para ter uma luta justa. — Mykal fala se escorando contra a porta.

— Devo parabenizar a todos. Devido a hora também devo dispensa-los  para que tenham uma noite de sono agradável para um dia cansativo novamente amanhã. — Diz e agradeço em pensamento, estou cansada. Saio lentamente em direção ao quarto real, que agora também é meu já que Kastian não permite que eu fique em um quarto normal. Subo o lance de escadas mas sou interrompida por uma voz.

— Estella? — É o timbre de Mykal, ela corre até mim acompanhando meus passos.

— Sim, Mykal. — Respondo.

— A Khione, preciso reconquistar sua confiança, sabe como posso fazer isso? — Pergunta e seu rosto demonstra o quanto quer aquilo.

— Minha querida Mykal, não tenho certeza se pode fazer isso, talvez se conseguisse voltar no tempo e não matar o avô dela tudo se resolveria.

— Será que nem ao menos tenho uma mínima possibilidade de perdão?

— Eu não faço ideia. Mas por que não segue sua vida, não fique correndo atrás de algo que sabe que nunca será seu.

— Ela é o meu...

— Eu sei, você sabe, ela sabe. Acorde para vida Mykal, ela não vai te perdoar por um bom tempo, talvez nunca te perdoe, você está mesmo disposta a esperar anos, décadas, talvez séculos por ela?

— Estou. Totalmente disposta a esperar por ela pelo tempo que for necessário.

— Santo inferno, como você ficou tão apaixonada?

— Ela simplesmente é o que eu jamais imaginaria encontrar. — Diz olhando para o chão. 

— Tudo que posso lhe dizer é que não será hoje, nem amanhã muito menos na próxima semana que Khione irá cogitar te perdoar, nem ao menos pensar em ter alguma relação além de amizade com você, então te desejo paciência, pois irá precisar. E caso não tenha percebido, a princesa élfica demonstra grande interesse por sua amada.

— O que? Lyssa? Não, não, elas são boas colegas, somente isso.

— Se você gosta de se enganar por mim tudo bem, mas pelo que conheço da Khione sua confiança não só está abalada com você e sim com todos ao seu redor, parece que ela resolve se atrair somente por pessoas que a traem de um jeito, ou de outro. Primeiro a Psyche, depois você.

— Está me comparando a aquele demônio? — Faz uma cara de repulsa

— O que fizeram a ela foi traição, em graus diferentes, mas ainda assim traição.

— Eu não sabia! Por Devin! Como posso ser culpada de algo que fiz sem saber?

— Pergunte a Khione pois não posso te dar essa resposta. Mas se pudesse te dar um conselho diria para se afastar da dela, ficar remoendo o que aconteceu será tão doloroso para ela quanto para você que receberá nãos constantes.

— Acha mesmo ser o melhor para ela? — Pergunta genuinamente.

— Acho ser o melhor para ambas. — Digo e estou sendo sincera.

— Certo, então é o que farei. Minha presença só a faz lembrar do que tirei dela, me afastar de fato parece ser a melhor opção. — Se vira para ir embora mas eu a impeço.

— Tenha paciência Mykal, tenha paciência. — Dou um tapinha em suas costas e ela se vai. Sei que a vampira realmente ama minha irmã, mas também sei que ela lhe causou uma dor que jamais será esquecida, não sei se o amor que tem será o suficiente para apagar isso.

— No que está tão pensativa? — Kastian me tira de meus pensamentos com um toque.

— Mykal.

— Outra vítima dos encantos da bela vampira? — Ri deitando em meu colo.

— Tenho pena da bela vampira, isso sim.

— Pena? Por que motivo? — Olha em meus olhos confusa.

— A pobre coitada está completamente apaixonada por alguém impossível de se ter.

— Pela Khione, estou certa?

— Sim, tenho pena dela, amar alguém e saber que nunca será retribuído é uma dor impensável.

— Logo ela seguirá sua vida, vampiros são momentâneos, não acredito que esse amor durará muito tempo.

— Também não acreditava, até ver seu rosto quando fala de minha irmã. Ela está disposta a deixar tudo, abrir mão de uma vida com outro alguém para esperar pela Khione. De acordo com ela o nosso anjo é o destino dela.

— Por Elphia. Mas caso não se importe prefiro não falar de minha cunhada hoje e sim de como você conseguiu cem porcento de aprovação e eu somente setenta.

— Está chateada por meu desempenho foi melhor que o seu minha rainha? — Dou uma gargalhada acariciando seu cabelo.

— Chateada não, intrigada é a palavra certa.

— Aceite que sou uma capitã melhor que você meu amor.

— O que disse? — Seus olhos se arregalam e ela se levanta de meu colo.

— Que sou uma capitã melhor que você.

— Não isso, você me chamou de meu amor, nunca me chamaram assim.

— Então se acostume, estamos juntas e eu irei chamá-la assim muitas vezes. — Chego mais perto de seus lábios e lhe dou um beijo.

— Isso me agrada imensamente. — Dá outro de seus largos sorrisos, os que me encantam cada vez mais. — Mas agora devemos dormir para o longo dia que virá pela manhã. — Diz deitando na enorme cama e me puxando junto a ela. — Boa noite Estella.

— Boa noite Kastian.