Capítulo Onze

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As horas arrastam-se até a tarde finalmente chegar, quando não há mais nada a ser mostrado Kastian retorna a sala do trono, juntamente com Psyche, o que não é surpreende pois durante todo o dia estiveram trocando olhares e carícias.

Decido aproveitar meu tempo sozinha na biblioteca, onde acredito ser possível conseguir algumas explicações. Espero estar certa, mas também achei isso dos céus e além de não conseguir sanar nenhuma de minhas dúvidas ainda ganhei uma legião inteira de anjos atrás de mim. Ultimamente não tenho vivido a palavra paz. Ando em direção a biblioteca, atravesso a porta circular sentando em uma das esferas mais isoladas que encontrei, pesquiso no Sys o nome Áster, o que resultou em algumas sugestões, uma escondida em específico que reparei, intitulada "Áster and Lilith", o que me fez questionar, quem é Lilith?
Seleciono a sugestão e em questão de segundos o livro se materializa em meu colo. Na capa não há título e fico intrigada, ao contrário do comum é preta com pequenas pedras vermelhas e negras nas laterais.

O abro e folheio algumas páginas, volto ao começo e leio a primeira página, que inicia contando o nascimento de Áster. Continuo lendo sem descanso e pouco a pouco começo a entender quem era, uma rainha. Paro minha leitura no meio do livro e abro no final, as últimas páginas foram arrancadas. Psyche falava sério quando disse que os antigos não falam sobre Áster e os novos não conhecem sua história. Busco no Sys o nome Lilith, já que em "Áster and Lilith" onde começavam a contar a história dela não mais existe páginas. O serviço élfico me dá duas únicas alternativas das quais escolho ambas. Lendo sobre a cultura dos povos místicos noto uma mesma lei em comum, herdeiros reais são estritamente proibidos de terem relacionamentos amorosos com outras espécies, a linhagem real deve ser pura, sem contaminação de outros sangues.

— Já vi que perdeu o gosto por algo chamado sono.

— Digamos que ele perdeu o gosto por alguém chamada Khione. — Respondo a Estella.

— Vejo que está realmente interessada em descobrir algo sobre essa Áster.

— E já descobri.

— O que?

— Era a rainha angelical, mas de uma hora para outra desapareceu, após a guerra.

— Qualquer um fugiria, um reino em ruínas não tem muito a oferecer.

— Realmente, mas ela não aparentava ser o tipo de pessoa que fugiria e deixaria seu povo a própria sorte.

— Você não a conhecia, não pode afirmar.

— De fato, mas tenho minha própria opinião sobre o que aconteceu.

— Aparentemente leu o bastante até para formar uma opinião, tenho inveja de sua determinação. Pode me dizer qual é?

— De acordo com as normas dos místicos, herdeiros reais não podem se envolver amorosamente com outros seres de espécies diferentes, pois os futuros herdeiros devem ser de sangue puro.

— E onde você quer chegar com isso?

— O ponto ao qual quero chegar minha cara, é que Áster e Lilith desapareceram completamente no mesmo momento, e nenhum dos antigos falam sobre elas ou sobre o que aconteceu após a guerra, ou qual o motivo dela.

— Estou compreendendo. Então você acha que Áster e Lilith eram amantes?

— Chame como preferir, mas acho que elas eram envolvidas amorosamente, o que ia totalmente contra as leis, já que Lilith era um demônio, rainha demoníaca aliás, e Áster rainha angelical. O fruto dessa relação seria um herdeiro de sangue mestiço e não puro, vendo isso, de alguma maneira alguém interferiu. Como? Eu não sei, ainda.

— É uma ótima teoria, mas apenas uma teoria. As duas podem só ter se cansado de não poderem estar juntas e decidiram fugir para viverem felizes para sempre. — Ela ri.

— Não estamos em um conto de fadas, infelizmente.

— Não, estamos bem longe disso na verdade.

Um elfo se aproxima com um ar misterioso, adentra na esfera ao nosso lado deixando a pequena abertura pela qual se entra aberta. O som das teclas do aparelho sendo pressionadas é alto em meio a todo esse silêncio, me pergunto o motivo de não ter usado o Sys como todos fazem. Estella e eu continuamos lendo mas sentimos olhos nos fitando, nos viramos e ali está ele, agora fora da esfera andando em nossa direção, em seus passos largos que o fazem rapidamente estar ao nosso lado.

— Áster não é um assunto para visitantes. — Diz com uma expressão indecifrável.

— Áster? — Pergunto desentendida.

— Ora, não tente me enganar com sua péssima atuação. Caso não saiba uma das melhores habilidades de um híbrido elfo é a audição, então estou situado de toda sua conversa.

— Alguém já lhe disse que isso é incoveniente? — Digo sarcasticamente.

— Certo, creio que não queiram minha ajuda, afinal parecem estar totalmente perdidas. — Diz girando o corpo na direção oposta.

— Um minuto, por mais que não solicitado, o que você sabe sobre esse assunto? E como saberei que você é de confiança?

— O que sei sobre esse assunto? O que vivi é o suficiente? E sobre confiança — Ri pausando a frase. — É uma boa pergunta.

— Esteve na guerra?

— Claro, mesmo sendo um híbrido fui obrigado a lutar ao lado da corte angelical.

— Híbrido, elfo e anjo.

— Certamente. É detestável pertencer a ambos mundos, infelizmente não posso mudar. Porém indo ao assunto em que vim aqui para dizer, Áster, eu a conheci, e a Lilith também.

— Eram próximos?

— Sim, muito próximos. — Ele diz agora com o rosto entristecido.

— Pois bem, nos conte o que aconteceu.

— Teria imenso prazer em fazê-lo, mas caso não saibam os nomes Lilith e Áster são proibidos em todos os reinos. Claro, exceto o angelical que ainda encena algum resquício de amor por ela, mas obviamente mentiras, a pedra central só exerce seu poder conectada a aquela estátua, somente por isso ainda está ali. Acredito ser melhor irmos a um lugar sem câmeras. — Diz apontando para as laterais da biblioteca.

— De forma alguma iremos a um lugar isolado sozinhas com você, a corte angelical está a nossa procura, e nada nos garante que você não seja um soldado deles.

— O que garante é o fato de ainda estarem vivas, mas compreendo sua preocupação. A praça de Elphia neste horário não é muito movimentada, mas também não é vazia e ao contrário daqui, sem câmeras, um bom lugar.

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