Capítulo Quarenta e Três

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Os primeiros sinais do sol terrestre começam a aparecer por entre as nuvens e sabemos que está na hora de retornar. As rainhas de Niran e Faleias já devem estar a nossa espera, e não podemos nos dar o luxo de perder nossos únicos aliados.

— Infelizmente temos que ir. — Kastian afirma quase que lendo meus pensamentos. Ela segura minha mão me fitando como que se perguntasse se estou pronta, assinto com a cabeça e em segundos estamos de volta a Elphia. Em frente ao palácio real há um batalhão de místicos, os reinos chegaram. A rainha de Niran se aproxima de nós com o rosto inexpressivo.

— Bem, estamos aqui, qual o primeiro passo? Não estou afim de ficar do lado perdedor dessa guerra então espero que tenham bons planos. — Cospe as palavras no ar.

— Não se preocupe Saamh.

— Os treinamentos começam hoje, todos os seus súditos serão soldados.

— Assim espero, pois creio que a rainha infernal não esperará muito tempo para nos atacar.

— Ela não é a rainha infernal. — Resmungo.

— Seja como for. — Diz saindo.

— Vocês voltaram, onde estavam? Isso não importa. Vamos, quanto mais cedo começarmos melhor. — Khione aparece dizendo e logo em seguida some pela porta. — Andem, o que estão esperando? — Volta indagando e nós a seguimos até o pátio do castelo.

— Ah, estão aí. Vamos dividir todos os povos aqui presentes em sete grupos iguais. Assim cada um de nós será responsável por liderar um, facilitará e adiantará muito nosso trabalho. Pelo que vi alguns já têm uma noção básica de luta, mas a maioria é completamente leiga, somente simples moradores místicos que nunca se quer precisaram usar seus poderes para alguma batalha.

— Talvez por isso considerados os reinos mais fracos. — Demir se pronuncia.

— Não por muito tempo.

— Acha mesmo que Khione e Estella estão aptas para ensinar a seus grupos coisas que nem mesmo elas compreendem completamente? — Alexander pergunta. E de certo modo está correto.

— Pelo que vi estão. Lutaram muito melhor do que alguns de meus antigos soldados.

— Pois bem, ao trabalho. — Kastian fala fazendo com que um barulho extremamente alto soe para chamar a atenção de todos. Ela separa cada uma das espécies em três grupos e depois os mescla os dividindo em sete encaminhando um para cada de nós. — No final do dia veremos nosso progresso. Sejam rápidos e precisos nas lições que irão ensinar, sem piedade, sem misericórdia, ensinem a lutar como se sua vida dependesse disso, por que ela realmente depende.

Todos nos dividimos, cada um para uma parte do reino. Os Niranianos são capazes de controlar o tempo, manipular a água em todos seus estados e fazê-la em várias formas. Já os Faleianos são donos dos maiores feitiços já existentes e também parcialmente imortais, somente outro da mesma espécie pode matá-los. Essas características são capazes de nos deixar como quase iguais a nossos rivais em termos de poder. Conduzo meu grupo até uma parte remota do reino, uma clareira em meio a muitas árvores, sei que não seremos incomodados ali. Há no mínimo cem místicos aqui que sussurram esperando por minhas palavras.

— Como sabem e os boatos dizem. — Pigarreio. — Seus reinos juntaram forças para uma batalha que em breve acontecerá. Vocês estão aqui para se tornarem soldados, para lutar por sua própria sobrevivência.

— E se não quisermos? — Um Niraniano pergunta no fundo da multidão.

— Então lhes desejo boa sorte para sobreviver.

— Isso é uma ameaça? — Questiona e os burburinhos ao seu redor soa audíveis.

— De minha parte não, mas deveria sentir-se muito ameaçado por nossos inimigos, eles não hesitarão em acabar com sua vida na primeira oportunidade. — Ele se cala e volta para sua posição inicial. — Mais alguma pergunta ou dúvida? — Indago,  porém ninguém diz nada. — Certo, vou separa-los por reinos, formem filas. Místicos de Niran a minha esquerda, místicos de Faleias a minha direita e por fim místicos de Elphia no centro. — Rapidamente três filas se formam em minha frente, elfos, sereias e fadas, todos esperando meus próximos comando— Por serem de espécies diferentes e terem poderes distintos não posso treina-los da mesma forma.

— Esse treinamento, quantos dias serão necessários?

— Isso será baseado no desempenho primário de vocês, então dêem tudo de si. Lembrando, isso vale a vida de todos nós. Agora todos me ouçam, Niranianos quero que mudem o clima, mas não de toda Elphia, somente desta parte em que nos encontramos. Como farão isso? Não me importo, apenas façam. Faleianos quero que movam algo com a mente, qualquer coisa deste lugar, o chão, o curso do rio, as árvores, qualquer coisa. E Elphins manipulem a luz e a natureza deste local. Os primeiros a terminar o que pedi serão escolhidos para duelar entre si. O tempo começa a partir de agora. — Viro a ampulheta que Kastian me concedeu. Os minutos se passam e vejo uma oscilação na luminosidade da clareira, um elfo comemora a vitória com um gritinho. — Você, venha até aqui. — Ele caminha em minha direção e para ao chegar. — Fique aqui ao meu lado.

— Veremos com qual desses fracassados irei lutar. — Ele diz em um quase riso.

— Não se ache tanto assim, você só fez uma pequena manipulação na luz meu querido. — Digo e tiro minha atenção do elfo que por sua vez fica calado. A terra em volta de mim começa a se mover e uma chuva começa a cair incessantemente. Olho para cima e é apenas uma nuvem que paira sobre mim, logo em seguida observo uma Niraniana e uma Faleiana comemorando. — Vocês tem mais dez minutos para completarem o que pedi. — Mais dois elfos, três Faleianos e dois Niranianos completam rapidamente, e quando os dez minutos se encerram quase todos conseguiram fazer o que pedi. — Meus parabéns, se continuarem assim não teremos muito trabalho. Vocês. — Aponto para os primeiros a completarem a missão. — Fiquem aqui em minha frente. Os outros, podem se afastar. — Suspiro e em seguida ordeno. — Formem cinco duplas, darei a chance de escolherem seus oponentes. Sejam breves.

Em segundos já estão formados, me espanto com a rapidez. — Duelem até um de vocês se render ou até um ter a oportunidade de matá-lo, mas não usem essa oportunidade, certo? Sem mortes. — Eles concordam e começam a lutar entre si. Plantas crescem, raios partem árvores, a terra se abre, a luminosidade some dentre várias outras coisas. Olho atentamente todos os movimentos que fazem e a primeira dupla encerra o duelo. A fada saiu como vencedora sobre a sereia. — Ora, ora, temos nossa primeira vencedora. O próximo a vencer sua dupla duelará com ela. — Digo e nesse exato momento um elfo vence uma fada. — Parem! — Grito. — Somente eles dois, o resto de vocês fez um bom trabalho mas basta por agora. — A luta começa, o elfo faz a luz desaparecer em volta da fada, se teletransporta para perto dela e lhe acerta com uma espora de espinhos. Ela grita mas se defende formando uma redoma roxa como escudo protetor. Sussurra baixo algumas palavras e imediatamente o elfo começa a agonizar, seus olhos estão saltando para fora das órbitas. Ele coloca as mãos em volta do pescoço, não consegue respirar, resolvo parar a luta antes que a fada o mate. — Já chega. — Chego mais perto da fada e a declaro vencedora. — Sigam o exemplo dela e teremos um exército invencível.

— O que vou ganhar por ter vencido? — Indaga me fazendo sorrir.

— Isso é um treinamento, não uma gincana onde ganha por seu esforço, quer saber o que você ganha? Ganha alguns minutos a mais no campo de batalha sem ser morta.

— Eu não posso ser morta por nenhuma das espécies rivais capitã. Sou uma fada, se lembra?

— Não queria ser eu a dar essa notícia mas garanto que nossos inimigos têm alguns do seu povo como aliados, alguns que com certeza te aniquilariam. Então se eu fosse você, não ficaria tão confiante. — Digo fazendo com que volte para o meio da multidão. — Hoje vocês conseguiram despertar o básico de seus poderes, porém vão precisar de muito mais que isso, treinem no tempo livre e amanhã continuaremos. — Encerro dando as costas para eles, certamente isso é mais cansativo do que imaginava.

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