Seis Mundos: Novas Origens

Capítulo Setenta e Quatro

— Quando pretende contar a ela? — Indago e Lys me olha tentando parecer confusa e não saber do que estou falando.

— Contar o que a quem? — Fala sentando-se.

— Contar que está grávida para sua noiva.

— De onde você tirou isso Estella? — Ri com certo nervosismo.

— Fadas são imunes a todos os tipos de doenças, então você não pode estar doente, o que restringe o seu vômito e fraqueza repentina a duas coisas, envenenamento ou gravidez. E olhe que surpresa, fadas também não podem ser envenenadas, o que nos deixa com uma última e única opção, você está grávida.

— Me prometa que não irá contar a ninguém. — Me olha com seriedade.

— Lys, Lys.

— Me prometa.

— Quando descobriu? — Indago a princesa.

— Há alguns dias. E Kastian saberá a qualquer minuto. Maldita habilidade élfica de conseguir sentir quando alguém espera um filho.

— Por isso pediu a mão de Khione?

— Não! Nunca me casaria com ela apenas por que terei um filho seu. Já estava planejando esse pedido bem antes de descobrir minha gravidez.

— E porquê está escondendo isso dela?

— É complicado Estella, é complicado. — Responde passando as mãos pelo rosto.

— Então tente simplificar para mim.

— Não é a primeira vez. — Começa, parando logo em seguida para limpar a garganta. — Para ser mais exata provavelmente seja a quarta ou quinta vez, sem contar as que nem tive tempo de descobrir.

— Como assim?

— Alguns séculos atrás antes que eu e Psyche pudéssemos sonhar em ter algo, tinha uma companheira, não chegamos a nos casar, mas vivíamos uma vida juntas. Da primeira vez que engravidei fiquei tão animada, você nem imagina o quanto, aliás teria um filho com a mulher que amava, mas no quarto mês de gestação comecei a sentir algo estranho, as dores começaram, cada vez ficando mais fortes, fui aos curandeiros de Faleias e todos me disseram que não havia nada de errado que meu bebê e eu estávamos perfeitamente bem. Acreditei no que me falaram, até que em um dia estava indo para o castelo real encontrar Kastian e desmaiei no meio do caminho, quando acordei estava em uma das camas do castelo com sangue nos lençóis e minha irmã ao meu lado com o rosto entristecido esperando para me dar a notícia de que eu não teria um filho, eu o perdi. Depois disso tentamos mais duas vezes, todas elas com o mesmo final. Então por fim além de perder meus filhos perdi também a mulher que amava. Foi morta por um demônio enquanto tentava ir até o inferno visitar parte de sua família. Então se não estou tão animada e esperançosa com essa gestação, tenho meus motivos. E se também não quero contar aos quatro cantos de Niran que talvez terei um bebê é por que não tenho nenhuma certeza se de fato dará certo. Espero que possa guardar essa informação com você Estella, quando tiver certeza que não decepcionarei minha esposa com uma gravidez incompleta e apenas o desejo de que se torne mãe, pode ter a total certeza que contarei a ela. — Quando termina seus olhos estão fitando o chão e sua voz já está embargada pelo choro.

— Me desculpe, não deveria tê-la pressionado. — Falo envergonhada.

— Está tudo bem, isso foi a muito tempo. Espero que não se repita mais uma vez. Não sei se aguentaria passar por isso novamente.

— Ei, vai dar tudo certo. — Sento ao seu lado e a abraço.

— Você não tem como prometer isso. —  As lágrimas molham meu ombro, mas isso não me incomoda.