Capítulo Cinco

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— Sem exageros Demir.

— Arwen você conheceu a minha mãe quando ela ainda estava grávida de mim.

— De fato. Mas Demir, já que estava com elas por que não as levou para a minha casa de uma vez?

— Você me fez de guardião da Khione desde que ela nasceu, acha mesmo que eu iria deixá-la levar uma mulher desconhecida, que por acaso estava na floresta no meio da madrugada fugindo de um demônio para a casa de vocês? — Confesso, me sinto ligeiramente ofendida.

— Um motivo plausível.

— Um instante, como se já não fosse suficiente vocês se conhecerem, o Demir foi feito meu guardião assim que nasci? Você tem muito a me explicar Arwen, muito.

— Eu sempre disse para ele te contar, todavia nunca me ouviu por ser esse ser extremamente teimoso.

— Podemos viajar em silêncio? Quando chegarmos a Chicago explicarei tudo a você Khione.

Estou começando a suspeitar que a minha companheira sabe tanto dela quanto eu sei sobre mim.
O restante da viagem ocorre em total silêncio, tento fechar os olhos por alguns segundos ao menos, mas minha mente se mantém elétrica, sem nenhum descanso, e em poucas horas chegamos a Chicago. Sinceramente não entendo o motivo de Demir não ter nos teletransportado já que estávamos todos juntos.

— Recarga de poderes, se é que posso chamar assim, só posso utilizá-los algumas vezes, depois desse tempo tenho que comer, descansar e obter poder antes de usá-los novamente.

— Como?

— Ah, é mesmo, me esqueço que místicos que não são elfos ainda não dominaram a telepatia e leitura de pensamentos.

— Que ótimo, não posso mais ao menos pensar sozinha. — Digo, tentando não levar em conta que tenho um elfo intrometido invadindo meus pensamentos.

— Fique tranquila, você não é interessante ao ponto de me prender as suas ideias constantes.

Novamente me sinto em uma pequena quantidade ofendida.
Depois de mais alguns minutos estamos na residência Davis.

— Finalmente em casa. — Arwen diz suspirando pesadamente, retirando as mãos do volante e virando-se para o banco onde eu e Khione nos encontramos.

— Por onde começo, bem, vinte anos atrás, sua mãe estava no sexto mês de gestação quando sofreu o acidente juntamente com seu pai, ele não aconteceu quando você tinha cinco anos como sempre te contei, e aliás não foi um acidente, foi totalmente planejado e executado com precisão.

— Mas quem poderia querer ferir a nossa família? Não temos inimigos. — Ela diz com a testa franzida.

Ouço o som de algo atravessando o vidro, Arwen é puxado bruscamente para fora pela pequena abertura, um grupo de...
Não sei ao certo dizer o que são, está reunido em círculo nos olhando enquanto um deles arrasta o pobre homem até o centro.

— Demir, o que está havendo?

— Merda, isso não era pra acontecer, venham comigo, rápido!

— Mas e o Arwen?

— Eu garanto que ele sabe se virar, já passou por coisa pior do que um pequeno bando de demônios inferiores.

— Demônios, aparentemente essa família está cercada deles. — Khione dá uma risada irônica e segue atrás de nós.

— Onde vamos?

— Só me sigam, eu sabia que essa hora ia chegar, mas esperava que o Arwen estivesse aqui para explicar tudo, mas não, ele tinha que ser pego justamente nesse dia. — O elfo sussurra mais para ele do que para nós.

— Khione, eu vou ser breve e objetivo, aliás não tenho muito tempo e nem paciência para dizer com os mínimos detalhes tudo, definitivamente meus oitocentos e trinta anos já levaram toda a paciência que me restava. Você não é o que imagina ser, como já disse a vocês duas, tudo em que acreditaram até hoje é envolto em mentiras. Estella você não foi raptada por Yaza sem um motivo, ele nunca faz algo sem motivo, ainda não sei se futuramente poderá vir a ser uma ameaça mas em breve descobrirei. Só tenho algo a dizer, vocês tem que descobrir, tem que se libertar, compreenderem quem são de verdade, e eu não vou estar aqui para ajudar vocês.

— Yaza? Como você não vai estar aqui? Por que? — Pergunto desorientada.

— Tenho que teletransportar vocês para algum lugar longe daqui antes que eles cheguem, e isso vai me custar toda a minha força, me levarão também, mas de maneira alguma podem levar vocês.

— E minha mãe? Ela está na casa!

— Sua mãe? Arwen não lhe deu a notícia?

— Que notícia? — A ruiva indaga.

— Sinto muito. Ela se foi. E mesmo que não seja sua mãe de fato imagino o laço que tinha com a humana.

— Por que somos tão importantes? — No momento em que ele abria a boca para responder minha pergunta dois seres se aproximaram e o agarraram.

— Nos vemos em breve. — Diz fazendo um movimento rápido com as mãos.

A mesma fumaça verde de antes se envolve ao nosso redor e em segundos estamos em uma cabana.

— O que acabou de acontecer?

— Não consegui assimilar completamente para te explicar. — Fala sentando recostada na parede, com a cabeça entre os joelhos.

Olho em volta observando o lugar, várias prateleiras repletas de livros espalhadas pelas paredes, me aproximo lendo os títulos buscando algum que possa nos ajudar a compreender o que está acontecendo.

— Por que aqui? O Arwen nunca me trouxe neste lugar, nunca sequer mencionou sua existência. Por que não me contou sobre a morte dela?

— Convenhamos que o Arwen não te contou muita coisa Khione, e agora nós duas estamos da mesma forma, perdidas sem saber para onde ir, sem ninguém e sem saber quem somos.

— Eu sei quem sou.

— Você ao menos sabe se realmente seus pais são seus pais? Se o Arwen é realmente seu avô? Se seu nome realmente é Khione Davis? - Digo olhando em seus olhos.

— Não, não sei. — Ela enterra sobre as mãos. — O que vamos fazer?

— Ia te perguntar a mesma coisa.

— Bom, por ora acho que devemos ficar aqui, ver se achamos algo que nos dê uma mínima pista de que caminho seguir.

— Não acha que deveríamos nos separar?

— Estella, não acha que ambas estávamos na mesma hora naquela floresta por algum motivo? Ou foi um simples acaso do destino? Acho que devemos ficar juntas, descobrir sobre tudo juntas.

— Tudo bem, não tenho nada a perder.

— Começando por voltar no mesmo lugar onde você estava quando acordou.

— Eu espero que você não esteja falando sério, caso contrário acabou de ficar confirmado que sua saúde mental não está boa.

— Quer descobrir o motivo de porque estava lá? Então devemos voltar e examinar o local.

— Eu disse que não tinha nada a perder? Acabei de lembrar que ainda tenho a vida.

— Só temos que ler algumas coisas sobre demônios, saber seus pontos fracos, teremos vantagens assim.

— É uma ideia incrivelmente louca, mas eu aceito.

Inesperadamente ouvimos batidas vindas da porta, a noite já se instalou, o que deixa a situação mais aterrorizante. As batidas continuam rápidas e espaçadas até que cessam, contudo minutos depois a porta vem ao chão.

Seis Mundos: Novas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora