Capítulo Dezesseis

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Entro nos jardins reais que mais se assemelham a um labirinto a procura da rainha, depois de alguns minutos sem saber por qual dos caminhos seguir a encontro sentada em prantos em meio aos arbustos.

— Kastian?

— Te disse para nunca mais me dirigir a palavra, então me pergunto o motivo de estar me chamando! — Grita tão alto que os animais ao redor fogem. Definitivamente ela não é o tipo de elfo que se espera, não o que os animais amam estar perto.

— Só pensei que precisasse de consolo.

— Consolo? — Ela ri escandalosamente. — Mesmo que precisasse preferiria qualquer pessoa, até a própria Psyche, mas nunca você. — Diz em uma mistura de choro e riso, não consigo distinguir.

— Só quero ajudá-la. — Tudo bem, admito, não sou uma das melhores pessoas para estar aqui, sei que no momento mais que nunca ela me odeia, mas quero ajudá-la.

— Ajudar-me? Sério? Sabe como poderia ter me ajudado? Não aparecendo aqui, não se apaixonando por ela, não beijando-a, não, não existindo. — Diz entre meios soluços. 

— Eu…

— Ora me desculpe, a culpa não é sua, não era você que estava dormindo comigo todos os dias, dizendo que me amava. Falsamente é claro. — Sorri tristemente no meio da frase. — Não posso te culpar por isso, aliás ela é apaixonante por inteiro, eu em meus poucos novecentos e trinta anos deveria ter previsto que isso aconteceria. Agora pareço uma mera mortal adolescente chorando por amor, é tão vulnerável e lamentável minha atual condição. Mais lamentável ainda estar me abrindo para você, sem ofensas. 

— De certo modo também tenho culpa, me deixei levar por suas palavras belas, seu jeito cativante e por seu corpo deslumbrante.

— Acredite, como é deslumbrante, nu principalmente. — Diz suspirando.

— Este privilégio ainda não tive.

— Essa frase seria uma ótima motivação para decapita-la mas sei que nada mudaria, para Psyche colocar em risco a própria segurança deve realmente estar apaixonada por você, por mais que me doa saber disso.

— Não sei se devo… — Antes de conseguir completar a frase um topor toma conta de minha mente e me sinto completamente fora de mim, e pela terceira vez ouço a mesma voz. Devo estar enlouquecendo.

"Diga não a ela, não cometa o mesmo erro que eu, anjos reais não podem querer outras espécies, diga não a ela, diga não!"

"Por que deveria te obedecer? Nem faço ideia de quem seja, e dizer não a quem? Psyche? Isso é uma escolha minha. E não sou da realeza, muito pelo contrário estou sendo caçada por eles." — Respondo. Não sei de que forma mas respondo.

"Khione? Está aí? Não acredito, depois de quinze anos tentando finalmente você me respondeu."

"Me diga, quem é você?"

"Sua mãe. Claro, como pude me esquecer, você não me conhece." 

"Mãe?"

"Certamente Khione."

"Não é possível, minha mãe está morta." — Digo com um nó na garganta, por ainda não ter digerido isso.

"Não a humana a qual Arwen lhe deu para chamar de mãe."

"Não faz sentido algum."

"Minha pequena como acha que nasceu nos céus? Sua família de mortais nunca seria capaz de levá-la até lá. Arwen a levou para a terra em busca de te proteger, vi quando ele a resgatou daquele precipício. Te deu uma família humana para crescer e ser uma humana, na esperança de que não precisasse passar por todas as dificuldades que o mundo místico lhe faria passar. Infelizmente alguns poucos demônios ainda sabiam de sua existência e para tentar te afetar provocaram o acidente dos seus pais mortais, antes de ser capturado Arwen iria te contar mais mentiras, ele não queria que você descobrisse quem realmente é, de onde veio."

Seis Mundos: Novas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora