Capítulo Trinta e Dois

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Uma tropa de soldados cerca a mulher. Mesmo com suas máscaras consigo ver os rostos plerplexos e até assustados.

— Quem é você? E por que ousa usar a forma e imagem da falecida princesa?

— Meus soldados, se curvem diante de sua princesa. Isto é forma de recepcionar alguém que aparentemente a tempos está desaparecida, onde está a hospitalidade que Eos ensinou a vocês?

— Vou perguntar pela última vez. Quem é você? — A chefe da guarda aponta a lança contra o pescoço da suposta princesa.

— Façam o teste, olhem nas bases, me levem até minha irmã. — Ela é escoltada com lanças e espadas apontadas para garganta, qualquer movimento em falso e eles teram prazer em cravar essas lâminas em sua pele. Sei que Kastian está com Estella então subo rapidamente para lhe avisar da situação, se realmente for a princesa Lyssa isso pode ajudar ou atrapalhar nossos planos, Psyche provavelmente ficará desestabilizada e não será capaz de liderar um exército. Corro escadas a cima e empurro a porta com certa força, provocando um susto na rainha, ela havia adormecido com as mãos na de Estella, realmente está começando a ama-la.

— Kastian, tenho notícias a te contar. 

— O que houve? — Indaga ainda despertando.

— Temos uma forasteira no reino, que diz supostamente ser sua irmã, a princesa Lyssa.

— Lyssa? Eu ordeno que matem essa impostora. Não só matem, antes a torturem com as piores formas que temos. Como tem a coragem de dizer ser ela, esperei muito tempo para que isso acontecesse de verdade, imaginando que talvez sua morte só tivesse sido um pesadelo, mas não foi, ela foi morta e eu vi sua cabeça decepada com meus próprios olhos.

— A mamãe te ensinava a não acreditar em seus olhos, parece que não aprendeu. Senti saudades. — A mulher entra pela porta ainda com todos os guardas em seu encalço.

— Como você se atreve a imita-la!

— Vejo que algo aprendeu, a desconfiar de tudo e todos. Mande o Demir ler minha mente como ele fazia nos tempos passados, verá que sou eu.

— Tragam o Demir até aqui. Se estiver mentindo, terei prazer em arrancar seus olhos com minhas próprias mãos.

— Você continua a mesma Kastian. — Diz sorrindo gentilmente e passando as mãos pelo rosto. Depois de alguns minutos Demir está a nossa frente, com a cara fechada, nada típico do elfo, provavelmente o acordaram, mas essa ideia se dissipa de minha mente assim que Meliorne entra logo em seguida com a mesma face.

— O que você quer que seja, é realmente tão urgente Kastian? — Pergunta com desdém.

— Eu não sinto em ter atrapalhado sua noite, aliás você fazia o mesmo comigo. Preciso dos seus poderes.

— Você é deveras mais poderosa que eu, por que precisa dos poderes de um mero elfo? E em questão de atrapalhar minha noite, fique tranquila, assim que Estella acordar vocês não terão momentos a sós.

— Sei que meus poderes vão muito além dos seus, que posso ler mentes tão bem quanto você, provavelmente até melhor, mas se ela for de fato a Lys não quero ver o que está dentro de sua cabeça.

— Certamente, me dê um minuto. — Ele leva dois dedos a sua têmpora e olha fixamente para os olhos da forasteira. O verde dos olhos de Demir fica mais intenso e sua expressão fica indecifrável, ele mal se move, a forasteira também está no mesmo estado, tudo isso demora segundos e eles já estão de volta ao seu normal.

— Lys! — Demir a abraça e posso ver o quão forte é pois comprime o corpo da mulher que comparada a ele é tão baixa.

— Está certo disso? — Diz Kastian e ouço a ansiedade em sua voz.

— Sim, é ela, sem dúvidas é ela.

— Mas eu vi, eu vi você morta. — A rainha derrama lágrimas e percebo o quanto esperou por esse dia. 

— Como eu disse, a mamãe te ensinou a não confiar em seus olhos, ainda mais quando se trata de elfos.

— Por Elphia eu senti tanto a sua falta. — A rainha corre em direção a irmã se jogando em seus braços. Nunca vi Kastian tão feliz como agora. 

— Agora me diga, se você é rainha nossa mãe deve estar morta. Por quanto tempo estive ausente? — Antes de responder ela engole seco e as palavras tem o som tão baixo que quase não se pode ouvir.

— Trezentos anos, na minha última contagem de anos de existência. — A voz continua baixa.

— Trezentos anos? Uau, tem muita coisa pra me contar. Então primeiramente, quem é Estella? Tenho uma cunhada?

— Santa Terra, você acaba de retornar dos mortos e a primeira coisa que nota é minha vida amorosa?

— Quando tínhamos em média seiscentos anos sua vida amorosa era um caos, então obviamente é uma coisa importante. Msimmas tão importante quanto é você me reapresentar esse reino, pois não o conheço mais.

— Kastian, Estella teve algum sinal de melhora? — Psyche entra de súbito na sala. — O que está acontecendo aqui? Lyssa? — Diz embasbacada.

— Psyche. — Ela diz olhando para o demônio, ao contrário do que esperava seu rosto não está feliz em revê-la e sim aparenta certo incômodo e medo.

— Sim Psyche ela voltou, nossa garota voltou. — Demir exclama.

— Vou deixar vocês a sós. — Digo virando-me para ir em direção a meu quarto.

— E quem é a bela mulher que me recepcionou? — Lyssa diz se dirigindo a mim.

— Essa é a Khione, você tem que saber de muitas coisas irmãzinha, muitas coisas. Mas o que aconteceu com você? Onde ficou todo esse tempo?

— Fui presa em um âmbar de linha temporal, o que me surpreendeu já que demônios não possuíam mais esses poderes. Não sei o que fizeram mas não me lembro dos últimos trezentos anos, não lembro quem me capturou, o que houve comigo, ou qualquer coisa do tipo.

— Nem uma mera lembrança do rosto de quem te levou? — Pergunto.

— Não, me lembro de acordar em um galpão enorme, ver corpos em putrefação pelos corredores com as gargantas cortadas, um demônio me perseguiu por uma floresta mas consegui fugir.

— Galpão? Floresta? Pelo céus você estava no mundo humano, no mesmo lugar onde Estella. Yaza.

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