Termino o primeiro diário e sigo para o próximo, e assim pelo resto da noite até que terminamos todos. Quando cada pedaço de papel já foi lido Kastian se põe a falar.
— Leram alguma informação importante?
— Ele sabia como fazer a droga que Psyche tanto deseja que de certo, está tudo detalhado aqui.
— Como? — Ela levanta da cadeira em um pulo se dirigindo a Demir.
— Está tudo aqui, cada etapa. — Também me aproximo para poder ver. Há desenhos e explicações, se essas informações forem descobertas pelos demônios estaremos completamente perdidos.
— Queimem tudo.
— O que? Você está ficando louca?
— Confie em mim, queimem. Ou melhor, deixem que eu mesma faço isso. — Uma chama verde aparece e ela incendeia todos os diários.
— Mas que infernos? Kastian! — Jogo uma bola de água para apagar o fogo que se alastra pela sala.
— Fique tranquila, tenho uma ótima memória, não vou me esquecer do que li, todos os demais aqui também não irão. É muito mais seguro só termos essas informações em nossa mente do deixá-las assim.
— Pedras centrais. — Estella começa a dizer e paramos para prestar atenção. — Ele sabia como criar pedras centrais.
— Isso não é possível. — Meliorne ri.
— Talvez não para você, mas para ele era. Tão possível que esses fragmentos que você e Khione encontraram foram feitos pelo próprio Arwen.
— Como ele conseguiu isso? Os anjos fizeram algo parecido no céu mas não chega aos pés do fragmento que temos aqui.
— De acordo com o diário que li ele usou sangue de anjos e sangue de demônios e alguns outros elementos, assim conseguiu amostras idênticas as originais.
— Se conseguirmos replicar, isso nos daria uma tremenda vantagem na batalha.
— Seria muito mais fácil replica-la se você não tivesse acabado de destruir nosso manual de instruções.
— Isso não é um problema, posso ler sua mente e suas memórias recentes.
— Se me permitem opinar. — Alexander começa dizendo enquanto todos discutem sobre o que fazer. — Deveríamos nos dividir em dois grupos.
— Como assim? Não creio ser uma boa ideia.
— Pense comigo Kastian, seus súditos não são soldados, o que os torna totalmente vulneráveis a um exercício treinado. Quanto a fabricação de pedras centrais, acredito ser uma boa ideia, mas que não precisa ser executada por todos nós.
— Ele tem total razão minha rainha, nossos moradores não fazem ideia de como lutar estrategicamente contra o exército que está por vir.
— O que sugere que façamos Alexander? — Diz em tom desconfiado, imagino que pelo fato do vampiro ter saído recentemente de Devin.
— Sugiro que metade de nós treine todos os moradores de Elphia para que eles fiquem minimamente capacitados e a outra metade foque em construir as pedras centrais, assim pouparemos tempo.
— Certo, faremos isso. Contatarei as rainhas de Niran e Faleias, treinaremos nossa população juntos. Caso os demônios e seus aliados tentem nos atacar novamente, teremos mais chances de sobrevivência.
— Por que só esperamos que ela nos ataquem? Ficar na defensiva não nós ajudará, temos que atacar, precisamos de um plano.
— Não temos condição de atacar Khione, não somos capazes nem de nós defender no presente momento.
— Não estou dizendo para lutarmos corpo a corpo, com forças físicas, estou dizendo para lutarmos com astúcia, perspicácia e inteligência.
— E como planeja fazer isso minha querida cunhada. — Ouço a palavra no fim da frase e olho para Estella, que está consideravelmente chocada. — Digo, meu querido anjo. — Muda após ver nossa reação.
— Pelo pouco tempo que estive com o demônio que aparentemente comanda toda essa rebelião, percebi o quão arrogante e convencida ela é, a essa altura deve pensar que não há nenhuma razão para se preocupar conosco, que somos insignificantes. Se usarmos isso a nosso favor podemos ficar um passo a frente dela.
— Sobre a arrogância está certa, é uma coisa que lhe é muito presente, mas ainda não entendi onde quer chegar, como planeja usar sua astúcia?
— O que a Psyche mais quer no momento?
— Destruir todos os reinos e ter o poder somente para ela? — Estella responde.
— Além disso.
— Os pergaminhos do Arwen que Kastian destruiu? — Demir se arrisca.
— Algo mais.
— O funcionamento da droga que ela tem testado a muitos anos? — Mykal fala.
— Não. — Digo desapontada por ninguém ter apontado a resposta correta. — Quero dizer, sim, a general quer tudo isso, porém algo que ela também deseja são os fragmentos das pedras centrais destruídas.
— Prossiga. — A rainha élfica parece interessada no que tenho a dizer.
— Como é de grande interesse de nossos inimigos esses fragmentos, poderíamos consede-los a eles.
— Você por acaso perdeu o juízo? — Kastian diz em um quase grito.
— Se acalme, não é o que está pensando, daremos os fragmentos a Psyche, mas nunca mencionei que seriam os reais. Enquanto ela perde tempo tentando usar as pedras centrais falsas, nós atacamos uma parte de seu exército, os deixando assim mais vulneráveis.
— Khione, você é genial as vezes.
— E quando podemos colocar isso em prática? — Meliorne indaga um pouco receoso.
— Assim que nossos povos estiverem ao menos um pouco treinados.
— Existe algo que ela quer mais do que os fragmentos. — Kastian analisa olhando para mim.
— De jeito nenhum! — Mykal entende o que ela quer dizer e imediatamente se opõe. — Você não vai usar a Khione como isca.
— Admitam que seria uma proposta irresistível para a general.
— Irresistível seria, mas eu nunca permitiria que fizesse isso. — A dona de belos olhos avermelhados insiste.
— Você não tem essa decisão Mykal, quem tem que dizer se aprova ou não é a Khione, aliás vocês não tem nenhuma relação que eu saiba para que possa opinar no que ela deve ou não fazer, ou tem? — A rainha diz e Mykal a olha com um olhar penetrante, por um segundo penso que ela irá tentar algo contra Kastian, mas sua face se tranquiliza.
— Está certa, o que você acha Khione? — Pergunta.
— Seria arriscado mas teria grande chances de dar certo, porém qual o objetivo de me usar com isca?
— Uma armadilha. Você se rendendo com os fragmentos, pedindo misericórdia, quando ela vier para lhe capturar usaremos os feitiços de Faleias para prende-la e a todos que forem com ela e selaremos a pedra central das fadas para que os demônios não consigam desfazer o feitiço. Assim teremos a general capturada e provavelmente Yaza também, sem eles não creio que os demônios e as outras espécies sigam esse plano absurdo de dominar todos os reinos.
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Seis Mundos: Novas Origens
Fantasía(LGBTQA+) Khione é uma mulher de vinte anos, com muitos traumas e um passado doloroso que acaba de se mudar para New York, deixando para trás o avô, a mãe e uma história toda da qual ela ainda não sabe que faz parte, heranças passadas de pai para fi...