Seis Mundos: Novas Origens

Capítulo Sessenta e Quatro

— Acredito que isso se resolverá bem rápido, como Elphia foi destruída e nossos inimigos estão em extrema vantagem, os anjos que guardam os céus devem estar no inferno festejando, o que tornará mais fácil a entrada e saída de Khione. — Ela fala. A carruagem pende para o lado de repente quase fazendo com que caiamos. Olho para baixo e vejo que uma das rodas ficou presa em um buraco da estrada. — Consegue andar a partir daqui? — Pergunta.

— Já descansei o suficiente. — Menos de mil metros nos separam de Niran, posso ouvir o som das ondas quebrando na encosta e as árvores diminuindo dando espaço para vista de rochedos. Em poucos minutos estamos de frente para a imensidão de água, procurando um bom lugar em terra firme para montar nosso acampamento.

— Minha rainha. — Um niraniano faz reverência. — Não será necessário a escolha para saber onde vossa alteza deve ficar, aqui em Niran temos nosso reino terrestre e o aquático. O terrestre deve ser devidamente ocupado pela realeza e sua corte. Venham comigo. Ele fica escondido atrás daquele muro de rochas não muito longe daqui. — Aponta para um local a mais ou menos trezentos metros de onde estamos.

— Nos leve até lá. — Diz segurando uma de minhas mãos, levando-me junto a ela.

— Esse palácio não é utilizado a um bom tempo, espero que ainda esteja intacto. Provavelmente estará sujo mas nada que eu e alguns de seus outros súditos não possamos resolver. Sua estadia deve ser a melhor majestade. — Sorri para Kastian. — E claro, a de sua companheira também. — Fala dirigindo o mesmo sorriso a mim.

— Agradeço a dedicação. — A elfo real responde retribuindo o sorriso.

— Chegamos. — Não é nada muito esplêndido como o castelo élfico, mas com toda certeza é melhor do que meras barracas de madeira. O formato do palacete é completamente diferente dos outros que já vi, tem uma parte cilíndrica como base e em seu topo uma forma de disco, é lindo e estranho ao mesmo tempo, sua faixada espelha o verde azulado das águas e a medida que nos aproximamos a porta se abre sem auxílio de ninguém.

— Olá, reconhecimento de espécies ativado. Niraniano, elfo, anjo e demônio. SISTEMA DE SEGURANÇA ATIVADO. — O som estridente da voz robótica perpetua o aviso.

— Octávia desativar sistema de segurança. — O jovem fala olhando para o teto.

— Demônio presente no recinto, demônio presente no recinto. — Repete o mesmo bordão.

— Vejo que demônios não são bem-vindos aqui, uma ótima recepção. Rio.

— Desculpe-me, deve saber o motivo.

— Fique tranquilo, entendo que minha espécie não seja a mais amada entre os místicos.

— Octávia, por favor desligue os alarmes de segurança e deixe o castelo sem barreiras de clima.

— Conselheiro reconhecido. Tem certeza disso senhor? — A voz metálica insiste.

— Sim Octávia, algumas coisas mudaram.

— Certo senhor, desativando alarmes e barreiras em três, dois, um. Todos os sistemas de segurança estão desativados.

— Muito obrigada. Não está tão ruim quanto eu esperava. Posso chamar alguns niranianos para arrumá-lo, deixando-o da maneira correta para que se hospedem.

— A viagem foi definitivamente longa, agradeceria se pudesse descansar.

— Ele estará pronto para você sua corte em algumas horas majestade, enquanto isso creio que tenha assuntos a tratar com seus povos.

— Obrigada. — Diz saindo pela porta principal mais uma vez me levando junto a ela. Lys está vindo em nossa direção, a expressão facial demonstra preocupação e nervosismo e sei a razão.

— Kas, posso falar com você por um minuto. — É a primeira vez que ouço esse apelido de Kastian, acredito que somente Lys a chame assim.

— Ela sabe. — Diz colocando uma das mãos no pescoço e rindo com certo receio.

— Esperava que isso acontecesse. Estou nervosa, se ela não aceitar? Se aceitar mas não quiser prosseguir? E se desistir na cerimônia e me deixar em pleno altar. O que faria sentido talvez ela não me ame e apenas esteja me usando para sua carência e ego. — As mãos da princesa estão trêmulas e o suor frio brota em sua testa. — Ela ainda não esqueceu a Mykal e é notável que talvez a vampira a fizesse mais feliz do que eu.

— Lys se acalme. Khione aceitará seu pedido e é visível que ela a ama, não deveria se preocupar com isso. E em relação a Mykal, minha irmã não teria um novo relacionamento com ela, pode ter certeza. Devido a tudo que aconteceu.

— Será que não estou sendo precipitada? Acho melhor desistir dessa ideia louca, não está na hora. — A ansiedade está consumindo Lys por completo, ela está prestes a desabar.

— Por que acha que Khione não a ama? Ela lhe disse isso?

— Não, mas, entre eu e Mykal, também escolheria a vampira, faz todo sentido.

— Lys, Khione ama a você e somente você, sei que se sente ameaçada e insegura pela princesa dos vampiros, porém minha irmã nem sequer dirige a palavra a ela, as duas não tem o mínimo vínculo, nem uma amizade, fique tranquila. E mesmo se houvesse, creio que ela ainda escolheria você. Então vá em frente e a peça em casamento.

— Certo, irei fazê-lo assim que ela retornar dos céus. E que eu tenha coragem e psicológico para talvez receber um não.

— Posso participar da reunião? — Khione diz sorrindo.

— Claro, estávamos falando de você. — Digo. Kastian e Lys me olham com desaprovação possivelmente achando que irei contar o que sei.

— De mim? Me sinto lisonjeada.

— Não se sinta. — Gargalho. — Quando pretende ir até onde Lilith te falou, comprovar se a passagem ainda está lá?

— Nesse momento, por essa razão vim falar com vocês.

— Não quer que te acompanhemos até a rocha e de lá você siga sozinha? — Pergunto um pouco preocupada por ela estar indo sozinha.

— Não é necessário. Está vendo ali? — Aponta para uma estátua no alto de uma encosta que agora está parecida com Kastian. — Está perto, conseguirão me ver daqui. E se der certo, em algumas horas ou no máximo um dia estarei de volta, com Lilith e Áster. Ou melhor, com os corpos de ambas.

— Tome cuidado. Por favor, preciso de você viva. — Lys diz a abraçando. Acho linda a relação que estabeleceram. Khione nunca me pareceu tão bem e feliz desde que chegamos aos reinos como está agora.

— Prometo que irei tentar voltar sem nenhum ferimento grave. Tentarei não morrer. — Fala brincando.

— Você não vai. — A princesa élfica estende as mãos murmurando algo, um feitiço. — Ainda é possível que se machuque pois vou estar longe e o feitiço ficará mais fraco, porém já lhe ajudará a não ter nada sério. — Diz mas ainda parece incomodada. — Posso ir junto com você, seria muito mais seguro.

— Eu vou voltar Lyssa, fique tranquila. — Ri selando os lábios nos da amada. — Enquanto isso procure um lugar para nosso novo laboratório, ainda não conseguimos o que queremos.