Capítulo Cinquenta

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— É por poder? Além do inferno você também quer governar sobre todos? — Me desvencilho da armadilha e lanço jatos de fogo contra ela fazendo com que se desequilibre.

— Todos queremos poder Khione, eu somente quero fazer com que todos que um dia consideraram minha espécie como asquerosa e sem valor paguem por suas palavras e atos.

— Uma vingança.

— Se é assim que enxerga, sim, uma vingança.

— Tenho pena de você Psyche, poderia esquecer o passado e construir uma nova vida. — Mando um redemoinho cercar o demônio, que agora se vê preso. Chego mais perto dela para conseguir olhar em seus olhos, neles não existem o amor e a bondade que pensava existir, no lugar vejo ódio, rancor e sede de sangue.

— Com quem? Com ruivinha? — Ela solta uma gargalhada estridente e meu estômago revira ao ouvir o apelido. — Nem você tem a resposta. A esse ponto todos já me odeiam e não há como voltar atrás e mesmo se houvesse eu jamais retornaria. Vocês merecem absolutamente tudo que estou fazendo e irei fazer, cada gota de sangue que já foi derramado mereceu ser derramado. Se querem mesmo lutar contra mim, tenho uma péssima notícia, enquanto você tenta me convencer a parar com essa batalha, alguns de meus servos estão no seu castelo roubando seus preciosos fragmentos. Achei que a esse ponto não fosse mais tão inocente Khione. Mas para a minha sorte você ainda é. — Ela foge do redemoinho lançando duas lâminas contra minha garganta, que por um único milímetro não me atingem. Sei que ela poderia ter acertado, mas não o fez.

— Kastian! — Grito tão alto que é impossível que não ouça. A rainha élfica olha em minha direção no exato segundo em que quebra o braço de um anjo. — Os fragmentos, proteja o castelo, tranque-o! — Ela ouve mas parece não compreender o que acabei de dizer. Não tenho tempo para esperar que Kastian tome as devidas providências de proteção, Psyche não pode ter mandado tantos soldados atrás de apenas dois fragmentos, consigo derrota-los sozinha. Abro minhas asas novamente voando até uma pequena janela aberta no topo do palácio, sei para onde estão indo e devo usar isso como vantagem. Sigo até o andar onde os fragmentos estão, olhando ao redor para ver se há alguém, mas está vazio e silencioso. Sigo em frente abrindo a porta e selando-a com um feitiço angelical quando entro. Ainda estão aqui. Graças aos céus.

"Áster, seria uma hora excelente para você me ensinar a como usar esses fragmentos."

"Não pode usar sozinha."

"O que? Como? Por que?"

"Lilith e eu os fizemos para serem usados em dupla, eu e ela. Precisa de alguém para ativa-los com você."

"Eu me pergunto o motivo de terem feito isso, somente para complicar o uso ou com outro motivo em específico?"

"Ache alguém de uma vez, sinto que eles estão se aproximando daqui." — Olho pela janela de onde vim a procura de alguém próximo, Mykal e Lyssa são as únicas em meu raio de visão, estou prestes a gritar para qualquer uma das duas mas Lyssa quebra o pescoço do demônio com quem estava lutando e se teletransporta até mim antes que eu diga algo.

— Precisa de mim? — Pegunta como se não soubesse a resposta. Tenho a leve impressão de que novamente ela tenha vasculhado meus pensamentos, mas no momento isso não importa.

"O que fazemos para ativa-los da forma correta?" — Pergunto a Áster.

"Os fragmentos funcionam sem precisar ativa-los, mas sua maior porcentagem de poder precisa ser liberada com um pequeno feitiço, que por sorte somente Lilith e eu conhecemos."

"Seja breve Áster, não temos o dia inteiro." — Os socos e pontapés na porta começam a fazer um barulho excessivo, e sei que ela não permanecerá de pé por muito tempo.

"Você e Lyssa precisam estar em contato, tanto físico quanto mental, devem estar ligadas, e acho que isso não será difícil. Ponha sua fronte junto a dela e repitam as seguintes palavras juntamente. Lumen, quod ab inferis Ad caelos tegit regna, Lapides dantes potestatem, Ut eius usus bonus Et non crudelis, Me nunc excitant, Invocans omnem magnificentiam. Não alterem uma palavra sequer, caso aconteça pode dar extremamente errado."

— Venha aqui. — Puxo Lyssa pela cintura a trazendo para mais perto de mim. — Pode ler a minha mente nos próximos minutos, vamos precisar disso. Repita as mesmas palavras que eu pensar, certo? — Ela assente e então encosto minha testa na dela fechando meus olhos, pedindo mentalmente para que ela faça o mesmo. Repito as palavras que Áster me disse, é como se elas fluissem naturalmente de meus lábios. Quando terminamos o feitiço, os dois fragmentos flutuam ao nosso redor.

— Qual o próximo passo? E o que você quer fazer? — Olha para mim indagando.

— Seus poderes vão ser maiores agora, tem uma pedra central com toda sua força em suas mãos. Como só pode usar os poderes dos elfos e das fadas explore-os ao máximo. Não deixe nenhum deles passar, mate todos. — Digo e ela compreende, neste instante a porta vem ao chão, e por de trás dela alguns demônios.

— Khione, é um imenso prazer lhe ver novamente. — Yaza dá uma pequena risada. — Vejo que está tentando proteger o que acha ser seu.

— Dê mais um passo e você morre. — Digo serrando os dentes.

— Corajosa como sempre. — Diz se aproximando. No exato minuto em que ele chega pra frente lhe dou um único golpe que faz com que bata fortemente contra a parede de tijolos, com certeza quebrou algo. Seu filho Abbadon demonstra preocupação mas ele faz um sinal de que está bem.

— Maldito anjo. — Diz e inesperadamente um raio desce do céu em minha direção. Meus sentidos falham pela primeira vez e vejo a morte, mas ao invés da carga de eletricidade que espero um corpo é o que se choca contra mim. Lyssa. A princesa me joga no chão fazendo com que o raio não me atinja. A mesma se levanta rapidamente lançando um feitiço em volta do homem deixando-o sem ar. Seus olhos saltam para fora das órbitas enquanto seu pai tenta ajudá-lo e ordena para que o resto deles nos matem, porém Lyssa com um único movimento faz com que cinco deles caiam. Eu por outro lado corto a garganta dos que ousam tentar encostar um dedo em mim ou nela. Em pouco tempo todos que estavam ali, menos Yaza e Abbadon, estão mortos.

— Qual feitiço lançou contra ele? Qual? — O demônio grita para Lyssa que o olha com impassividade. Abbadon agora está tão vermelho quanto um demônio do estar, suas veias estão dilatadas e garanto que está quase morrendo, com um simples pedido poderia pedir para que Lyssa parasse, mas não a impeço, "eles são nossos inimigos", é o bordão que está fixado em minha mente. Dois minutos depois o corpo sem vida de Abbadon cai contra o chão de madeira do castelo. — Você não deveria ter feito isso, acabou de assinar sua sentença de morte! — Diz em meio a algumas poucas lágrimas. Lyssa está prestes a lançar o mesmo feitiço nele mas o demônio desaparece levando o corpo sem vida do filho consigo.

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