Capítulo Sessenta e Um

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Estella

Ouvi que o exército inimigo está vindo para mais um confronto, coloco minha armadura e sigo até o pátio para alertar nosso esquadrão, precisam estar alertas a todo minuto. Niran perdeu um pouco de sua fé em nós, quando sua rainha morreu em uma emboscada, uma tentativa de ataque ao inferno. Psyche já tinha consciência de nossos planos por causa de uma maldita escuta implantada no castelo. No que um dia foi um castelo ao menos. O belo castelo de Kastian agora não passa de uma pilha de escombros, amontoada no centro do reino. Em um dos ataques Yaza fez questão de lançar um terremoto exatamente no local do castelo, ele desabou por completo, esmagando todas as coisas dentro dele, por sorte os fragmentos e os diários de Arwen não mais residiam na moradia real, há alguns meses seu novo lar é o minúsculo laboratório de Khione e Lyssa, junto com poções, experimentos e um prisioneiro que minha irmã faz de cobaia.

— Meu amor? Está aí? — Kastian chama. Sua voz parece aflita. Não é difícil encontrá-la nessa pequena casa como era no castelo. Dou dois passos e posso vê-la entrando pela porta.

— Sim. — Respondo lhe dando um sorriso. São raras as vezes que se dirige a mim como "meu amor" no fundo sei que ainda tem certo receio em amar por completo alguém.

— Os anjos e demônios estão cruzando a fronteira de Faleias, em poucos minutos estarão aqui.

— Os ataques estão cada vez mais frequentes, já levaram várias vidas de ambos os lados. Só queria que tudo isso terminasse o mais rápido possível.

— Eu também queria Estella, eu também queria. — Ela beija minha testa e me dá um abraço consideravelmente apertado. — E quando tudo acabar você será a minha rainha. — Sussurra tão baixo que quase não a escuto, mas dou um leve sorriso por entender o que quis dizer.

— Sua rainha? — Me afasto olhando em seus olhos.

— Sim, certamente se você desejar.

— Posso encarar isso como um pedido de casamento? — Rio em tom brincalhão.

— Ainda não. — Ela sorri de volta enlaçando as mãos em meus cabelos negros, aproximando nossos lábios para um beijo. Um barulho irrompe e sabemos que a barreira protetora que criamos em volta do reino está tentando ser rompida.

— Eles chegaram. — Nos entreolhamos e saímos correndo até a praça central. As paredes da redoma ao nosso redor estão sendo rompidas pela força que estão fazendo contra ela.

— Onde Khione e Lyssa estão? — Ela grita em certo desespero.

— Estamos aqui. — Ambas chegam correndo até nós.

— Por Elphia, não ouviram os barulhos antes?

— Me desculpe irmãzinha os barulhos que estavam saindo de minha garganta era mais altos. — Ela pisca para a rainha.

— Muito engraçado, o que estavam realmente fazendo? — Pergunta impaciente.

— Uma coisa que você irá adorar.

— A droga que Psyche vem tentando a tempos fazer funcionar.

— O que? — Diz espantada.

— Não está funcionando completamente, porém ela neutraliza poderes por cerca de uma hora.

— Já é o suficiente para fazer com que eles recuem. — O escudo mágico é quebrado e estamos frente a frente com eles agora.

— Arrumem um jeito de injetar isso em cada um deles. Vão! — Kastian grita lançando sua magia contra os inimigos. A general Psyche não está aqui hoje, pelo visto não é algo tão importante para que ela compareça, não vejo Yaza também em meio as duas tropas, o que me é estranho, eles nunca permitiriam que dois exércitos viessem sozinhos, sem nenhum deles.

— Você. — Mykal diz olhando para o meio dos demônios. — Onde estavam com a cabeça quando te confiaram soldados? Deve ter matado metade deles para beber seu sangue antes de chegar aqui. — Da uma risada. Não consigo identificar com quem fala, até que uma mulher da passos a frente. Seus cabelos brancos como a neve, os olhos amarelados, o corpo esguio e alto, ela é quase idêntica a Mykal, e chuto ser sua mãe.

— Minha preciosa filha. — Dá uma gargalhada alta. — Mal posso esperar para ter sua cabeça em minhas mãos, traidora.

— Venha buscar. — Mykal desafia e a mulher corre até ela cravando as afiadas unhas nas costas da vampira.

— Ataquem! — Ela grita e os soldados vem em nossa direção imediatamente.
Nesse instante uma chuva de pequenos dardos cobre o céu, espetando a pele de vários inimigos, caindo também sobre a mulher que luta contra Mykal. Os poderes de todos os que foram atingidos são neutralizados, eles tentam fazer com que o mais fácil feitiço seja efetuado, ou que uma única folha cresça, todavia não conseguem.

— Senhora, não conseguimos lutar! — Uma mulher grita do grupo aterrorizada pela vulnerabilidade. Kastian aproveita a situação abrindo a terra, enterrando vivos todos que estão a sua frente. Alguns poucos soldados que ainda conseguem lutar com seus poderes tentam resistir a nossos golpes certeiros, porém em vão, eles caem por terra juntamente com os outros. Olho para o lado e Mykal está enforcando a mulher com quem lutava, suas mãos estão firmes e posso ver um quase sorriso em seu rosto, ela está feliz por estar fazendo isso, as unhas cravadas na pele fazendo com que o sangue negro jorre de seu pescoço.

— Terá mesmo coragem de matar sua própria mãe?

— Mãe? — Ri com desdém. — Que tipo de mãe trancaria a filha por cinquenta anos em um lugar completamente escuro, quase sem comida ou água, somente por que ela não quis fazer suas vontades?

— Aquilo foi para o seu bem. Precisava aprender uma lição, se casar com Abbadon seria o melhor para você.

— Você fez com que aquele maldito chegasse perto de mim, e se não fosse minhas habilidades com luta sabe lá infernos o que ele teria feito. Então sim, terei prazer em matar minha própria mãe, prazer em ver seu sangue escorrer pela terra, me cansei de te temer, cansei de fazer o que você queria, cansei de você. — Fala e com um golpe fatal corta a garganta de Núria com as unhas, um corte vai de uma extremidade a outra do pescoço. Um esguicho de sangue sai do ferimento, sujando o rosto da vampira por inteiro. Ela carrega o corpo da mulher até um poço inutilizado próximo a nós e joga o cadáver buraco a baixo. Os soldados que restaram estão prontos para bater em retirada quando Psyche aparece com mais meia dúzia de soldados, seu objetivo não é lutar contra nós e sim destruir nosso lar. Eles jogando raios, terremotos, furacões que destroem tudo por onde passam.

— Khione! Mais doses! — Grito.

— Não temos mais! Elas acabaram. — Grita em desespero.

— Santo inferno!

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