Capítulo Setenta e Sete

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Estella

O dia amanhece e sei que está na hora de encontrar Cyrius. Minha cabeça dilata pelas informações que recebi ontem, Lys está grávida, Khione traiu a noiva com Mykal, ambas escondendo coisas uma da outra, segredos que agora eu tenho que guardar.

— Está preparada? — O demônio pergunta assim que piso na até externa do castelo.

— Mais do que nunca. — Digo e obviamente estou mentindo, não estou nem um pouco preparada. E se eu não for tão forte quanto minha irmã e sucumbir as magias, se o desaprisionamento não ocorrer bem como o de Áster e matar a mim e a Lilith. Certamente a última coisa que estou é preparada.

— Irei fazer o processo de todas as magias de uma única vez, é mais arriscado, porém menos doloroso e mais rápido.

—  Faça o que for necessário. — Ele começa a trazer fogo angelical, sombras demoníacas, espinhos élficos, pressão dos vampiros, tempestades niranianas e feitiços das fadas, tudo de uma única vez. O primeiro raio de poder me atinge e sinto meus olhos perderem as cores de vista e em um segundo apago. Estou em um lugar escuro, quase igual ao que Lilith me levou para ver minhas lembranças. Ouço uma voz, sou eu no inferno quando mais nova, aparentemente o dia de minha transferência para terra.

— Psyche, você tem certeza disso? A terra não é um dos melhores locais para um galpão de cobaias, humanos são curiosos.

— E superticiosos também. Se fizermos um ou uma dúzia de exemplos, nunca mais chegarão perto do local.

— Ainda acho muito arriscado, tudo isso para conseguir uma única droga? Já está trabalhando nisso faz anos sem nenhum resultado, só aceite que talvez não funcione e não exista jeito de criá-la.

— Eu li sobre isso Yaza, a minha vida inteira, sei que é possível e vou conseguir. A única forma de vingar minha família será assim.

— Psyche, sua mãe foi morta a décadas atrás, você sabe que ela foi atacar os elfos sem nenhum motivo.

— Sem nenhum motivo? — Ela ri. — Minha irmã não foi motivo o suficiente? Eles a mataram primeiro.

— Ela sabia das regras, sem humanos, mesmo assim levou um para Elphia.

— Não havia necessidade de matá-la junto com ele. Poderiam apenas tê-la castigado, como os demônios fizeram com minha mãe ou talvez somente restringido sua entrada em Elphia.

— Os demônios mataram sua mãe Psyche, só que de uma forma mais lenta e dolorosa, tanto para ela quanto para quem a amava. — Os dois ficam em silêncio por um momento.

— Vamos logo, temos muita coisa para fazer. — Essa lembrança se fecha dando lugar a outra. Há uma multidão me pessoas me rodeando, sou apenas um bebê, Lilith está aí meu lado e um demônio corta minha mão com uma lâmina colocando-o em um recipiente com um líquido que desconheço.

— Sangue impuro! — O homem grita. Lilith me pega nos braços, fugindo comigo.

— Minha filha me perdoe por tudo isso. — Lágrimas escorrem de seu rosto. — Tudo isso foi uma terrível ideia, Áster e eu deveríamos ter fugido quando tivemos oportunidade. E agora talvez perca vocês. — Ela entra nos Céus a procura da companheira.

— Áster! — Grita.

— Lilith? O que houve? Há algo de errado? — Antes que consiga explicar demônios invadem os Céus, suas sombras tomam o local envolvendo tudo em escuridão. Raios desintegradores são atirados na pedra central angelical que se desfaz virando pó. Anjos são presos em um espaço tempo sem poderem se mexer ou reagir.

— Foi uma péssima ideia tentar me enganar Lilith, uma péssima ideia. — Um demônio conjura algumas palavras e ela desaparece, logo em seguida fazendo o mesmo com Áster.

— Deveriam ter pensado nas consequências. — Por fim eles destroem o castelo e o que um dia foi o reino celeste. Essa lembrança também se vai e várias outras me cercam, momentos não tão ruins de minha vida e outros que preferia não me lembrar.

— Estella? — Cyrius sacode meu corpo de um lado para o outro.

— Pode parar com isso por favor? Está me deixando enjoada.

— Pelo inferno, você quase me matou de susto. — Respira aliviado.

— Eu me lembro, me lembro de tudo. — Falo Levantando do chão.

— Suas memórias?

— Cada uma delas.

— Desaprisionamentos não são capazes de trazer memórias de volta. Não ao menos que saiba. Mas também até você e Khione não sabia que algum ser poderia sobreviver a um desaprisionamento feito dessa forma.

—  Já terminou o desaprisionamento? — Olho para os lados procurando Lilith e ela está em pé ao lado de uma rocha.

— Você e sua irmã definitivamente são as maiores peculiaridades que conheço. Uma de vocês ressurge como uma fênix e a outra parece nem ter sentido o efeito de todas as magias em seu corpo. Tenho um ligeiro medo de vocês.

— São minhas filhas Cyrius, obviamente seriam poderosas. — Ri vindo até mim.

— Está bem? — Fita meus olhos acariciando meus cabelos.

— Sim.

— É um prazer não estar mais presa a você.

— Realmente. Mas se fosse você não comemoraria muito, talvez essa realidade seja pior do que ficar aprisionada em mim.

— Jamais poderia ser pior. Finalmente estarei com minhas filhas e com a mulher que amo. — Diz me abraçando.

— Acredito que não precisem mais de mim. — Fala saindo, andando em direção sua casa. — Conseguem chegar no castelo sozinhas.

— Mostre o caminho, não conheço nada por aqui. — Sorri me acompanhando a cada passo.

— Antes de chegarmos ao castelo existem algumas pequenas informações que você precisa saber. Só para não ficar desorientada e nem muito surpresa.

— Prossiga. — Fala atenta.

— Khione irá se casar. Estavam somente esperando sua volta.

— Como? Minha filha irá se casar com uma mulher que não conheço?

— A irmã de Kastian, provavelmente já deve ter ouvido esse nome em meus pensamentos.

— Muitas vezes. Isso me deixa um pouco mais segura.

— Lys é uma ótima mística, ela é incrível para Khione, realmente a ama.

— Kastian e eu estamos juntas a alguns anos, mas isso não deve ser uma novidade para você.

— Com toda certeza não é, não consegue parar de pensar nessa rainha por nenhum segundo sequer. Mais alguma coisa que deva saber?

— Deixarei que descubra sozinha. — Digo, pois estamos aos portões do castelo.  — Bem-vinda ao lar. — Entramos e todos estão a mesa prontos para o jantar.

— Estella? — Kastian olha para o relógio fixo em uma das paredes para conferir o horário. — Não pode estar de volta, nem um dia se passou.

— Pelo visto sou mais forte do que pensa. — Sorrio. Áster está com os olhos cravados em Lilith, paralisada como se não acreditasse no que seus olhos vêem.

Seis Mundos: Novas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora