Capítulo Sete

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Adentro os portões avistando a bela e luminosa cidade, observo cada detalhe das grandes construções. Uma estátua gigantesca encontra-se ao lado de uma escola, ou o que imagino ser uma, chego mais perto e vejo o nome Áster escrito em letras maiúsculas, passo minhas mãos pela estátua e sinto algo inexplicáveis, um aperto se instala em meu peito, como se soubesse quem ela é, apoio minha cabeça no topo dela e ouço uma voz chamar.

"Uriel, procure Uriel." Olho para trás mas nada encontro, vejo ao redor mas ainda assim não existe ninguém ali, e por algum motivo esse nome me soa familiar. Sigo até um dos anjos mais próximos, talvez Uriel seja um dos anjos deste lugar.

— Emanuel? — Pergunto sem muita certeza, mas é o nome estampado em seu crachá - Acredito que seja um crachá.

— Em que posso lhe ajudar? — Diz com um sorriso terno.

— Uriel, ele é daqui? — Rapidamente seu sorriso se desfaz e um semblante sério toma conta.

— Uriel? Os céus abrigam muitos anjos, seria impossível gravar o nome de todos. — Sorri novamente tentando não aparentar o nervosismo.

— Sabe onde posso conseguir essa informação? É muito importante.

— Temo não poder ajudá-la nisto. — Me afasto, creio que não descobrirei nada aqui, todos parecem estar escondendo algo, ou parecem estar nervosos por alguém novo entrar aqui, não os julgo. Uma mão toca em meu ombro assustando-me.

— Senhorita?

-— Sim. - Respondo virando-me.

— Venha comigo. — Três anjos estão atrás de mim aparentemente prontos para me prender, mas por que?

— Por que?

— Só venha conosco. — Os sigo, já que visivelmente não tenho escolha, se resistir serei levada a força.

Chegamos a uma sala, depois de adentramos uma passagem no chão, ou melhor, nas nuvens.

— Queremos respostas. — Ótimo eu também quero, e agora? Como fazemos? Penso imediatamente, porém me controlo para não dizer.

— Que respostas? — O velho desentendimento, sempre funciona.

— De onde veio? Por que não continuou no céu como outro anjo qualquer depois de seu nascimento? O que faz aqui?

— Certo, venho da terra, não faço ideia da razão por não ter crescido aqui, nem ao menos sabia que era um anjo até ontem, e ainda não me acostumei com essa ideia. Alguns dias atrás estava sendo somente uma humana trivial e agora estou aqui por que também quero respostas, a mais recente delas é saber quem é Uriel.

— Uriel? Como sabe dele? — O aparente soldado diz gaguejando.

— Ouvi seu nome aqui.

— Impossível, esse nome está estritamente proibido por aqui.

— Então creio que suas ordens não estejam sendo obedecidas. — Um sorriso de canto me escapa.

— Senhor ela esteve em contato com a estátua! — Um novo anjo diz adentrando.

— Nossos querubins não estavam sendo responsáveis por não deixar ninguém chegar perto?

— Elyon e Medrion não estavam em seus postos quando ela chegou.

— Então você esteve em contato com a estátua?

— Sim. — Respondo apreensiva.

— Sentiu algo anormal? Vozes? Toques?

— Não, nada diferente. — Algo não está certo aqui, e eu não estou certa se quero descobrir o que é.

— Certeza?

— Claro.

— Levem-na até Áster novamente, vejamos se ela está dizendo a verdade. — Eles me conduzem novamente a estátua mas dessa vez até sua parte traseira onde uma jóia vermelha se encontra cravada.

— Encoste a cabeça e feche os olhos.

— Por que?

— Encoste a cabeça e feche os olhos. — Ele repete. Encosto minha testa junto a pedra esperando um fio gelado percorrer minha espinha, porém calor é o que percorre meu corpo, sinto um formigamento por completo e sou puxada para trás.

— É você!

— Eu? Como assim? — Digo sem entender muito, o que nos últimos dias já se tornou costume.

— Prendam-na, esse caos é todo por sua causa, a desarmonia do nosso atual universo é uma consequência do seu nascimento, eu já deveria suspeitar, aliás é o único anjo que não cresceu aqui e sim na terra com os mortais, desde que entrou pelos portões sabia que havia algo errado, veio aqui em busca de respostas, pois bem, na sua cela você terá várias. — Ciente do que está prestes a acontecer me viro em direção aos portões e disparo a correr, o mais rápido que consigo. Anjos vem em minha direção, alguns voando e outros correndo, quatro deles me alcançam e acho que terei o meu fim. Dois deles agarraram meus braços, os prendendo fortemente, por fim quando estou presa a algemas um tanto quanto diferentes, meus olhos ficam vermelhos como rubi, meus cabelos ruivos estam em chamas assim como todo meu corpo, uma linha de fogo me liga a estátua e meu corpo levita. Todos os anjos ao redor se afastam, os portões se abrem sem auxílio e em minutos estou do lado de fora novamente, onde Estella e Psyche me aguardam boquiabertas.

— O que houve ali? E por que raios você está pegando fogo? E o melhor, como ainda não está morta e como literalmente nenhum fio de cabelo seu está queimado?

— São ótimas perguntas, porém só tenho resposta para uma, e incompleta, o que houve ali dentro. Bem, quase fui presa por entrar em contato com uma estátua da qual acredito ter sido feita em homenagem a uma pessoa chamada Áster, que não faço ideia de quem seja, porém que falou comigo de alguma forma através daquela estátua. Por esse motivo disseram que "Sou eu". Quem? Não sei, mas pretendo descobrir. Em primeiro lugar é claro descobrir quem é Áster e por que quando comecei a queimar um laço de fogo nos ligou.

Seis Mundos: Novas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora