Capitulo 4

14.9K 973 41
                                    

Já acordo cansada. Corpo dolorido. Moída. Vou direto para o banho. Visto uma saia, uma blusa branca básica e estou pronta para mas um dia de trabalho. Hoje o dia vai ser puxado e tenho que correr. Pego uma fruta e antes de sair, deixo um recado na porta da geladeira para Tici.

"Amiga, te amo e obrigado por esta sempre ao meu lado quando mais preciso. Você ainda vai ter muito orgulho de mim. Até mais tarde"

Ass: Lelé.

Cheguei na garagem e percebi que tinha esquecido a chave do carro em casa, subo correndo para pega-la.

- Puta que P*. (Falo sozinha)

Depois de pegar a chave, volto para a garagem, ligo o carro e dou partida. O transito está um inferno como sempre. Supostamente eu deveria gastar 30 minutos para chegar no meu trabalho, mas com o transito desta cidade, levo uma hora. Por azar teve um acidente e fico presa no engarrafamento.

Mexo na minha bolsa e encontro meu Pen Drives com músicas. Meu carro pode ser antigo, mas meu som não é (penso sorrindo).
Começa a tocar: Jason Mraz - 93 Million Miles. A batida me fez viajar no tempo e lembra da garota animada e divertida que eu era. Eu não estava triste agora, porque conseguia imaginar meus pais perfeitamente em minha mente, me incentivando, me dando concelhos, me fazendo sorrir. Sinto muito a falta deles, mais sei que um dia nos reencontraremos, foi isso que eles nos ensinaram e é isso que acredito. Comecei a dançar e a cantar no carro enquanto o transito se arrastava.

E como a própria música diz:

"você sempre pode voltar... todo caminho e uma ladeira escorregadia...mas sempre há uma mão na qual pode se segurar se você olhar bem através do seu telescópio, você verá que o seu lar está dentro de você."

Eu acredito, eu possa voltar a ser quem eu era. E é isso que eu quero. Meu animo foi melhorando e comecei a refletir mais profundamente em quem eu era e quem eu sou hoje. Eu era garota alegre, animada, com sonhos. Hoje me sinto uma velha de meia idade. Com Yuri percebo que não estou feliz. Agora tenho consciência disso. Ninguém é feliz ao lado de uma pessoa que age como uma planta. Mesmo assim, parte de mim ainda tem esperança de que ele pudesse voltar a ser o cara que eu tinha me apaixonado.

Quando finalmente cheguei ao escritório, eu estava animada, contente e esperançosa.

- Bom dia Helena.

- Bom dia Júlia.

- Sr. Fernando disse que assim que você chega-se fosse a sala dele.

Agradeci e fui direto para a sala de Sr. Fernando. Quando cheguei ele estava ao telefone mas mandou eu me sentar. Assim fiz. Logo ele finalizou a ligação com sua esposa. Como eu sei que ele estava a falar com ela? Fácil é sempre a mesma ladainha.

- Bom dia Helena.

- Bom dia.

Respondi sorrindo porque ele sempre fica constrangido quando fala com a mulher, na frete dos funcionários. Talvez pelo fato dele falar mais manso que um cordeiro assustado com ela. Sem falar quando ela resolve aparecer de surpresa no escritório. Ele tem um medo dela que se pela. Mas não tenho pena dele, não. Ele já aprontou muito com a pobre coitada. Pouco tempo depois que comecei a trabalhar aqui na empresa, a esposa dele fez um barraco na frente de todo mundo, quando descobriu que ele andava a fuder com a antiga recepcionista. Foi a maior baixaria que eu já presenciei na minha vida. Dona Beatriz colocou a amante do Sr. Fernando para correr e ficou vindo "trabalhar" durante dois meses na empresa. Julia (atual recepcionista) é sua sobrinha e acho que Dona Beatriz a colocou aqui para ser seus olhos.

-Helena, bom eu lhe chamei porque a parti de hoje teremos duas pessoas da equipe no novo proprietário da empresa a fazer uma avaliação dos trabalhos, dos funcionários... estas coisas. Eles devem ficar durante toda a semana. Mas eu quero que vocês trabalhem normalmente, sem constrangimento.

Doce saborOnde histórias criam vida. Descubra agora