Capitulo 28

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Uma semana e meia morando juntos.

Helena

Eu, adoradora da estética do caos, acho que o excesso de organização me transtorna e ele não suporta ver nada fora do lugar. Eu sou do tipo que encontra as chaves do carro, perde a chaves de casa, encontra a chaves de casa, perco a bolsa, e tudo isso sem sair de casa. O Diniz, para vocês terem uma ideia, tem uma coleção de mines carros que estão todas milimetricamente arrumadas na prateleira do escritório de casa.

Quando fiquei sozinha em casa uma tarde, que não me sentia muito bem, resolvi dar um toque pessoal às prateleiras com os carrinhos, alterando eles. Na minha opinião, fui bastante discreta nas arrumações, mas ele conseguiu, em questão de segundos, detectar todos os carros que eu tinha rearrumado. Foi assustador e impressionante! Caímos na gargalhada! Claro que ele não levou a mal a minha infantilidade, mas de qualquer forma me fez prometer que não faria novamente.

O armário de Diniz é superarrumado. Suas camisetas de malha, por exemplo, são separadas por cor e estamparia. Embora estejamos em extremidades opostas, nos acreditamos que tudo é uma questão de estratégia. Nós temos perfeita consciência de que somos muito diferentes e de que, nesse ponto, nenhum de nós é perfeito. Seja como for, ambos temos salvação, porque depois de um dia estressante de trabalho, ele deixou seu blazer jogada no sofá da sala. Um ato praticamente impensável para o senhor "não-toquem-nos-meus-carrinhos". Mas o mais incrível fui que EU que detectei seu blazer. Acreditamos que não vai haver problema na relação por causa de arrumação, mas Diniz deixou claro: "Não mexa nas minhas coisas".

Diniz

Uma vez eu não aguentei e, aproveitando que Helena estava ao telefone com Tuca, comecei a arrumar tudo. Guardei caixinha dentro de caixinha, estojinho dentro de estojinho. Ficou uma beleza, mas depois ela não conseguia mais encontrar nada e ficou uma fera. Eu chego no closet dela e está tudo pelo chão: sapatos, bolsas, camisas, calças. A briga começa quando eu pergunto se ela não se perde na aquela zona e ela fica furiosa.

Embora tenhamos conflitos por causa da desordem, tentamos estabelecer uma relação equilibrada, em que cada um cuida dos seus espaços. Eu conservo muito as minhas coisas, principalmente no meu closet e no meu escritório. A Helena também está se conscientizando e já deixa o banheiro em ordem, só que a toalha molhada ainda sou eu quem pendura.

Eu, sinceramente, não estou nem aí para esse tipo de coisa. Tenho milhões de coisas para me preocupar e organização doméstica não é minha prioridade. Por isso pago bem a nossa secretaria para organizar tudo por nos. O importante é que estas diferenças não interferem em nossa relação, vamos trabalhando com isso sem exigir mudanças bruscas um do outro.

Ela já tenta fazer alguma coisa no jantar, mas prefiro sair para jantar fora. "Que ela não descubra". Mas eu a amo e está ao lado dela é o que mais quero, mesmo que dentro de um closet bagunçado.

Doce saborOnde histórias criam vida. Descubra agora