Capitulo 39

6.1K 564 9
                                    

Estou sonolenta, sinto-me casada, abro calmamente os olhos e consigo ter a imagem da perfeição a minha frente. Sorrio pra mim mesma.

- Estou no céu! (Digo com voz baixa)

Diniz vira-se de frente para mim e se aproxima, tocando suavemente seus lábios no meu.

- Não amor, você não está no céu. (ele diz com um leve sorriso)

- Aposto que estou, pois acabei de ser beijada por um anjo. (Digo lhe dando um sorriso suave)

- Você sempre com suas piadas bobas. (Ele diz com um sorriso radiante)

- Faço qualquer coisa para ver um sorriso seu. (Digo sincera)

Eu sei que não estou no céu, sei que estou em um quarto de Hospital, lembro-me vagamente que depois que desmaiei, acordei em uma ambulância e Diniz segurava minha mão e chorava pedindo-me para não o abandonar, lembro também vagamente de falaram do meu bebe, mas não sei ao certo. Quando Diniz ia dizer alguma coisa a porta do quarto se abre e Tici E Eduardo entram. O lado profissional de Leticia se vai, dando espaço apenas para minha amiga Tici. Que enche de beijos pelo rosto com os olhos cheios de lagrimas. Por alguma razão eu não estava triste e nem com medo.

- Ai Tici, menos! (Digo a provocando)

- Affff ... estão a ver a amiga que tenho? Eu toda carinhosa e ela me tratando mal. (ela diz fazendo biquinho)

Tentei sorrir mais sentia uma dor no abdome, que me incomodava um pouco, quando falava, sorria ou tentava me mexer. Passo a mão e noto um curativo. Olho para Eduardo, Tici e Diniz que estão a me olhar meios que perdidos.

Eu sei que levei um tiro, sei que poderia ter morrido, mais eu não morri. Sei que perdi meu bebe... Eu tenho consciência disso. Pois quando eu estava a dormir, sonhei com meus pais... É, sonhei com eles. Era tudo tão real, conseguia os ver nitidamente a minha frente. Eles estavam vestidos de branco, estávamos em uma espece de sala muito iluminada, branca e com alguns tons de azul suaves. Eu estava a chorar, com a mão na barriga, por ter perdido meu bebe.

Minha mãe veio em minha direção e me deu um abraço. Meu pai se aproximou e como sempre fazia quando eu estava com alguma dor ou apenas triste, colocou a mão sobre minha cabeça e consigo ainda ouvir sua voz grossa mais ao mesmo tempo amorosa a falar comigo.

- As causas de nosso sofrimento são justas e necessárias à nossa evolução espiritual, meu amor. Não chores!

- Meu bebe (digo chorando) Eu perdi meu bebe...

- Filha (minha mãe diz com uma voz suave) este bebe já cumpriu sua missão, ele veio para unir você ao seu amor.

- Mas mãe eu já perdi tanto... Perdi vocês e agora meu bebe. (Digo soluçando de tanto chorar) é tudo tão difícil para mim... eu poderia ficar com vocês?

- Não minha flor, tens tanto para viver. (Meu pai diz dando um beijo suave em minha testa)

- Minha filha você tem que parar de ficar chorando, se lamentando pela nossa partida.

- Mas eu sinto tanta falta de vocês.

- Eu sei amor, mais você chorando nos faz sofre. Tens que seguir a vida sem se lamentar pelos cantos da casa, sem ficar a chorar encolhida em algum lugar escuro, sem que ninguém a veja. (Minha mãe fala enxugando minhas lagrimas)

- Se você chora Lelé, que suas lágrimas sejam de saudade, de respeito, de reconhecimento e de gratidão a Deus por ter lhe permitido desfrutar de prazerosa companhia por algum tempo. Que suas lágrimas não sejam de revolta, de dor, de lamentação e nem de reclamações contra o Criador. O choro desta natureza prejudica muito nos espíritos. No mundo espiritual precisamos, de preces e boas vibrações para auxilia-nos a se adaptarem à nova realidade. Então meu amor, aproveite sua vida, desfrute das coisas boas que a vida tem a lhe oferecer. Se divirta e seja feliz, em breve você e Diniz terão um filho, o fruto do amor de vocês. (Meu pai sempre tão espiritualizado)

Doce saborOnde histórias criam vida. Descubra agora