Capítulo 16

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Lucas

- Cara, você tá comendo merda? - Jared me pergunta pelo telefone.
- Vai se foder Jared, eu estou falando sério.

Estou deitado na minha cama, falando com meu irmão. Jared continua em casa, e está segurando a barra que é o babaca do nosso pai. Por isso liguei, preciso saber como ele está.
- E vocês já transaram? - ele me pergunta.
Suspiro, controlando minha raiva, e tento explicar para o burro do meu irmão de uma maneira que ele entenda.
- Não porra, eu disse que estou gostando de alguém. Por que você só leva pro lado sexual?
- Talvez porque você também leva. - faz uma pausa. - Você está diferente, assim meio gay. O que aconteceu? Ela está te fazendo acompanha-la no salão de beleza? Espera, é "ela" né?

Nem sei por que falei da Anna para esse babaca.

Solto uma risada ao imagina-la em um salão de beleza. Pagaria uma ida só para vê-la naquele lugar.
- Não acredito cara. É homem? Eu já suspeitava, mas ainda assim, estou no chão.

Reviro meus olhos, prática que peguei da anã.
- Seu idiota. É uma garota, e ela é... diferente. Além de ser linda. Cara, você tem que vê-la. Na primeira vez que nos falamos...-
- Tá tá. Sem esse papo furado. Quero saber do importante. Vocês transaram ou não?

- Não porra, e nem sei porque estou falando com você. Seu babaca.

Ele ri. - O babaca aqui é você, que está com a garota e nem levou pra cama ainda.
Suspiro.
- Esse é o problema cara. Eu nem estou com ela. Provavelmente ela me acha o maior merda do universo, e ela é... incrível. Cara, você tem que vê-la.

- É, talvez... - diz, sério. - A situação com o papai está piorando. O cara bebe todos os dias, e quando não está bebendo, está dormindo. - ele resmunga, e faz uma pausa. - Sabe, ele perguntou por você.
Me sento no colchão. - E o que você disse?

- Relaxa. Falei que não sabia de nada.

Solto o ar, aliviado. Se meu pai souber onde estou, provavelmente vai fazer de tudo para transformar minha vida em um inferno. E eu não preciso disso, não quando as coisas finalmente estão começando a dar certo. Não quando a marrentinha entrou na minha vida.
Aperto os punhos quando penso em meu pai fazendo mal à Anna. Não, isso eu não vou permitir.

- Quando você vai vir para cá? - pergunto à Jared. - Temos um quarto sobrando, e você está de férias da faculdade. Ele fica muito alterado quando bebe, acho melhor sair daí.

Estremeço quando lembro do meu pai bêbado, batendo na minha mãe enquanto ela nos manda ir pro quarto. Jared sabe se cuidar, mas nosso pai é doido, e tenho medo do que pode fazer.

- Não sei cara. - o visualizo coçando a cabeça, mania que tem quando não sabe responder uma pergunta. - Já dei um fora em Camille. Só não quero deixa-lo assim. Parece meio... cruel.

Fico calado, e resolvo que não vou mais preciona-lo. Ele sabe onde estou, pode vir quando quiser.

Conversamos mais uma pouco sobre a minha escola, e ele consegue arrancar mais algumas informações sobre a aparência de Anna.

- E você vai ficar de namorico com a lindinha?
Me aborreço. - Acho que não cara. Até porque eu não quero namora-la. Eu só quero... estar com ela.
- Você é idiota.
- Você é um babaca.
- Somos dois, vou desligar, papai chegou, tchau.
- Tchau.

Está anoitecendo, e quando estou descendo as escadas para ver se tem alguma coisa boa na geladeira, tocam a capainha.

Vou correndo abrir a porta e dou de cara com... ninguém. Baixo minha visão e aí sim, vejo Ander.

- Hey pirralho. Que foi? - pergunto, abrindo espaço para que ele entre. Ele me dá um sorriso enigmático enquanto vai em direção à sala.

- Eu vi você com a minha irmã ontem. Então, vocês estão namorando?

Qual o problema com essas pessoas de hoje em dia? Porque sempre levam pro lado do namoro? Mas esqueço isso. Faço cara de desentendido.

- Não. E você não viu nada, somos amigos. - falo de má vontade, com um gosto ruim na boca.

- Por que você não a acordou hein. - diz com um olhar de quem entende. - Nem sei como conseguiu carregar aquela baleia, mas conseguiu. Estou surpreso. Você vai ser um bom namorado para ela.

Reviro meus olhos, desistindo.

- Lucas. - ele me chama, sério dessa vez. - Não a machuque, okay? Ela já sofreu demais com aquele babaca, que a propósito, nunca gostei, por mais que meus pais amassem.
E ela ainda tem que cuidar de mim. Detesto dar trabalho para ela, e tento fazer com que não se preocupe. Bem, estou trabalhando nisso também.

Junto minhas sobrancelhas. Por que Anna se preocupa tanto com Ander? Até hoje não me disse, mas vejo nitidamente que aconteceu alguma coisa com o garoto. Até pelo seu comportamento. Ander é muito mais maduro que outros garotos da sua idade.

Mas deixo para saber quando ela quiser me falar. Não acho que esteja pronta ainda.
O que me perturba é que os pais dela gostavam de Michael. O cara era um babaca.

- Acredite, a última coisa que quero é magoa-la. E você não viu nada ontem. Nada de fofocas.

Lembro que ela adormeceu no caminho para casa. Tentei acorda-la, mas ela se enrolou em mim igual uma preguiça. Levei para dentro de casa e a deitei na cama. Nessa hora, ouvi o barulho da porta do quarto de Ander fechando e fui embora.

Estraga-prazeres.

Ele solta um risinho, depois continua: - Bem, minha mãe me mandou vir aqui te chamar para jantar lá em casa. Ela não quer um não como resposta.

Sim, sei como é aquela mulher. Me despeço rapidamente de Ander, e vou para o meu quarto tomar um banho rápido e trocar de roupa.

Assim que chego na casa dos Louis, vou para a cozinha, onde todos, menos Anna, estão na mesa. Sua família me recebe e continuamos a comer até que ela aparece com cara de sono e roupas de cama.

- Hey, vocês nem chamaram. - reclama.
- Você que desmaiou, ninguém conseguiu te acordar. Ander pensou que estivesse em coma. - sua mãe diz.

Ela se senta na cadeira ao meu lado, e começa sua história de como deu uma surra naquele babaca de ontem. Foi bom. Se ela não tivesse dado, seria eu. E era provável que estivéssemos na cadeia agora.

Anna se encarrega de e levar à porta de casa. E logo que estamos sozinhos me pergunta o que aconteceu ontem.

- Você não acordava, então te trouxe para dentro. - faço expressão de despreocupado, disfarçando que não me senti o cara mais foda do mundo carrengado-a para dentro.

Ela ergue as sobrancelhas com um sorriso no rosto. Que merda, até com cara de sono é linda.

- Bem, eu devo agradecer?
- Com certeza.
- Obrigada então.

Nos encaramos. Olhos castanhos e olhos azuis. E então ela dá um passo para dentro, e murmura um tchau. Nos despedimos e vou direto para casa.

Achei que com o tempo, essa atração iria abrandar. Achei que poderia, em algum momento, ir embora.

Mas não. Por que ela parece ficar maior a cada dia?

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora