Capítulo 55

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Annabelle

Vê aquilo? É um elefante.

Discordo com a cabeça, meus cabelos curtos balançando sob meus ombros.

- É uma cobra. Com certeza, uma cobra.

- Cale a boca, é um elefante.

Ignoro-a. Sinceramente, essa garota praticamente estupra minha vida, entrando sem minha permissão, e ainda me manda calar a boca.

Mas mamãe me mandou tratá-la bem. Disse que ela era sozinha.

" Isabella é uma garota muito legal, você verá".

Ainda não vi lado legal nesta garota.

- Anna?

- Hm.

- Quer vir na minha casa? Quer dizer... quando as aulas..-

- Não sei. Tenho muita coisas para fazer.. dever, trabalho, e eu dobro minhas próprias roupas! Acredite, é difícil dobrar as próprias roupas..-

- Você pode ir quando puder.

Suspiro lentamente, expulsando a irritação, e sorrio. - Se for dessa maneira, sim.

Ela desvia seu olhar para o céu novamente. - Agora, parece uma cobra.

...

- Anna, por que você não tem amigos?

- Por que você acha que não tenho amigos?

- Nunca te vi com alguém. As pessoas dizem que você é metida.

- Aí está: sou metida. Por isso não tenho amigos.

...

- Em parte, é muito difícil fazer amizade com você.

...

Nos anos seguintes, consegui entender o significado daquela frase. E até hoje não sei como ela ainda não foi embora.

***********

Sinto uma pontada de dor latejante de um lado da minha cabeça, que não posso identificar qual é, já que a dor passa por todo o meu corpo.

Merda.

Abro os olhos, a visão embaçada pela dor. Tenho um gosto ruim na boca, como se estivesse de... ressaca.

Minhas costas estão doloridas, e ao tentar me esticar para movimentá-las, acabo enfrentando outra dor terrível, que me deixa levemente tonta.

Mas que porra..-

Finalmente, consigo me localizar. Minha primeira visão são meus pulsos, amarrados fortemente e o esquerdo praticamente em carne viva, de tanta irritação.

Os braços passam por uma barra de metal, que está parafusada no chão e termina em uma espécie de mesa, um pouco acima de minha cabeça. O único movimento que posso fazer é o de movimentá-los para cima e para baixo.

Sinto um cheiro fétido, de esgoto, e torço o nariz, reparando nas minhas pernas, que também estão presas de modo que eu fique de joelhos.

Não consigo sentí-las.

Desespero toma conta do meu ser, e arregalo os olhos, o coração à mil.

- QUE MERDA É ESSA??!

- Shhh!!

Movo minha cabeça para a origem do barulho automaticamente, me sentindo um pouco mais iluminada por ter alguém ali.

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora