Capítulo 42

75 2 0
                                    

Jared

- Então, façamos o seguinte: eu durmo na sala, você no seu quarto. - ela discute.

Jogo a cabeça para trás, frustrado e fazendo uma prece silenciosa para que essa menina cale a boca.

- Não. - digo, irredutível. - Você pode dormir lá em cima, que eu fico aqui.

Ela cruza os braços. - Eu quero dormir aqui, mas já que você não deixa, acho que vou para casa.

Minha cabeça volta ao lugar. - Você é louca? Sabe que horas são?

Ela revira os olhos. - Não é longe, posso ir sozinha sem problemas, sempre fugia quando queria sair com Anna. É sério, só preciso avisá-la.

Penso nesta anã saindo sozinha por aí nas primeiras horas do dia, nessa cidade sem pé nem cabeça e pior, com meu pai por aí. Um pai que acha que ela é minha namorada.

- Você não vai para a porra da sua casa agora, entendeu? Só pode ser maluca de andar por aí sozinha uma hora dessas! Além do mais, quem te garante que há alguém na sua casa?!

Por um instante, penso que falei demais. Praticamente peguei uma informação que ela me deu quando estava bêbada e usei contra ela. Bem, mas é para sua própria segurança, não?

Ela desvia os olhos, envergonhada que eu saiba alguma coisa de sua situação familiar, e me sinto o maior babaca do mundo.

- Hey, não precisa ficar constrangida, okay? Você acabou de ver meu pai vagabundo fazer uma cena ali fora, então sou eu quem devia estar envergonhado.

Ela acena. - Tem razão. Você é um idiota, mas está certo. Só uma coisa: vou dormir na sala.

Sento no sofá, desistente. - Está bem, faça o que quiser. Acho que vai querer um banho, não? Use o banheiro do corredor, vou separar alguma roupa para você. - resmungo a contragosto.

Ela sai saltitando da sala, o que me deixa ainda mais puto. A garota tem a cabeça mais dura que qualquer pedra nesta cidade.

Subo e separo qualquer camisa e shorts para ela, penduro na maçaneta e volto para a sala, ligando a TV. Se ela acha que vou desistir tão fácil, está redondamente enganada.

Estou quase caindo no sono quando escuto sua voz. - Jared?

Me viro, seguindo a origem do barulho. Ela está atrás da parede, escondida e envergonhada por usar minhas roupas.

Pessoalmente não acho nada demais. Já perdi umas 300 camisetas para essas psicopatas que pedem roupas emprestadas e levam. Até hoje não sei por quê.

Ela cora. - Você já pode... ãh, ir tomar banho.

Desperto. - Você demorou hein? Estava quase dormindo aqui.

Ela bufa. - Apenas vá tomar banho.

Quando passo por ela, suspiro. Tem os cabelos molhados, a pele do rosto rosada e sem nenhum resquício de maquiagem ou tinta. A blusa, apesar de grande, cai nela como um luva, e não posso deixar de imaginar o que há debaixo do algodão.

- Você é um tarado, saia daqui. - ela joga uma toalha em mim, e ao invéz de ficar constrangido, solto um riso e percebo que ela está corada, mas ainda assim com um sorrisinho no rosto.

Subo as escadas correndo, pois ainda tenho a intenção de voltar para a sala e expulsá-la de lá.

Faço tudo o mais rápido possível, e desço de cueca samba canção para tirá-la do meu sofá.

Quando chego, ela está deitada, meio aérea, o que me dá a impressão de que está quase dormindo. A TV está ligada em Arnold, cabeça de bigorna, e não posso evitar dar um gargalhada.

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora