Capítulo 15

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- Pensei que não viria para a festa. - Paul fala bem perto do meu rosto. Identifico o cheiro de vodca invadindo minhas narinas.

- Eu vim com Lucas. - afirmo. Sei o que vai parecer, mas não tenho a intenção de mentir para Paul. Não aconteceu nada entre nós e não me sinto culpada de ter vindo com outra pessoa, até porque Lucas é meu amigo.

Ele se aproxima mais, e em contrapartida, vou me distanciando.

- Você é muito linda. Já te disse isso? - ele coloca a mão no meu joelho, e acho que já deu.
- Ãh... Não, obrigada Paul, você é muito gentil mas acho que Lucas já está me procurando, então...-
Não termino a frase e me levanto, andando a passos largos em direção à piscina, onde há mais pessoas. Meu pai sempre me orientou a manter distância de uma pessoa bêbada.

"São imprevisíveis!".

Percebo que não há ninguém no jardim além de nós.

Não chego muito longe quando Paul segura meu braço, e me viro para manda-lo me soltar. Do nada ele me beija, enquanto sua outra mão segura minha cabeça.

Mas que porra..!

Sua língua entra na minha boca, e fico enojada com o gosto do álcool.

Do nada, uma força feminina se apodera de mim e me lembro da meia hora de curso de defesa pessoal que fiz antes de desistir.

Ponho a perna esquerda para trás, e o empurro com um rápido movimento dos braços. Assim que ele se distancia, movo a perna esquerda em direção à sua virilha.

Ele solta um rugido, e rapidamente coloca as mãos em frente às suas "partes".

Na minha meia hora de defesa pessoal, aprendi que você deve correr, fugir do agressor, depois de imobiliza-lo. Mas assim que Paul se abaixa, sinto uma raiva assassina, digna de TPM, tomar conta de mim, e continuo batendo nele, lançando tapas e chutando suas pernas.
- Filho da mãe! Isso é para você aprender a deixar de ser tarado!

Graças a Deus o álcool o deixou lento, porque senão ele poderia ter revidado, e eu estaria morta.

Quando finalmente paro de espanca-lo, fico encarando seu corpo deitado no chão. Provavelmente desmaiou mais pela bebida do que pela surra que lhe dei. O observo com toda minha fúria feminina.

Salve às mulheres!

-Mas que diabos...! - ouço atrás de mim.

Me viro para ver Lucas parado, com uma expressão supresa nos olhos. E, do nada, ele solta um risinho. E o risinho se transforma em uma gargalhada. Uma gargalhada digna de poluição sonora.

Depois de um tempo encarando-o boquiaberta, ele enxuga as lágrimas de seus olhos. Depois começa a rir de novo.

Penso, de novo, nos livros. Nos romances, quando a garota está em apuros, o gostosão aparece por trás do cara e dá uma surra no tarado, depois corre e ajuda a garota.
Observo Lucas rindo, com a mão na barriga, e fico revoltada. O gostosão da minha história está rindo da minha desgraça.

Bufo e passo por ele, pisando duro. Estou em direção à piscina quando ele para na minha frente. Pelo menos está sério agora.

- Me desculpa, eu só... - e ri de novo, me aborrecendo, tenho vontade de repetir o que fiz com Paul. - não pensei que você fosse espancar o coitado... - diz entre risos.

- Ele me atacou! - digo.

Dessa vez ele fecha a cara. - Eu estava procurando você, e de longe vi ele te agarrar. Me desculpa, não consegui chegar à tempo. Mas acho que você deu conta do recado. - diz com um sorriso torto.

Lembro de como ataquei Paul, e de repente também acho engraçado. Começo a rir, e ele ri junto comigo. Sim, foi engraçado.

Ele entrelaça seus dedos nos meus, e caminhamos, sorrindo, para dentro da casa. Os bêbados já estão desmaiados, e os que não beberam tanto estão se agarrando nos cantos da casa de um jeito com que eu me sinta uma tarada só de olhar.

Lucas caminha até o bar, que eu não tinha notado antes, e sentamos nos banquinhos do balcão.

- Onde está Isabella? - Pergunto.
- Vi no andar de cima, dançando com umas meninas.
Aceno.

Lucas pede dois refrigerantes, já que vai voltar para dirigindo. E bebemos nossas cocas olhando para as poucas pessoas na pista de dança.
- O que aconteceu com Elizabeth? - pergunto.

Ele faz uma expressão de deboche. - Nem pergunte. A garota é maluca, ficou meia hora na minha cola.

Dou uma risada, olhando para frente. Depois me viro e pego Lucas me olhando. Ele não desvia os olhos, me deixando à flor da pele.

- Alguém já te disse que está linda hoje?
Reviro os olhos, depois solto uma risada nervosa.
- Sim, Paul foi o primeiro.
Ele bufa. - Bem, eu esqueci. Então... você está linda hoje. - coro. - E é bom Paul continuar desmaiado até saírmos da festa.

Depois Lucas me chama para dançar, e eu aceito. Não sei mais o que pode acontecer, e não me preocupo com isso. Quero aproveitar o dia com uma pessoa que se tornou um grande amigo.
Carpe diem Anna.

Depois de cerca de duas horas, três refrigerantes, um flagra de dois homens se agarrando no banheiro mais próximo e um vômito no meio da pista, decido que é hora de ir embora. Lucas vai atrás de Isabella, enquanto vou para o carro. Assim que entro, tranco a porta, cautelosa, e espero os dois aparecerem.

Depois de deixar uma Isabella cambaleante na sua casa, eu e Lucas vamos para a nossa ao som de músicas antigas, que só tocam nesse horário na rádio.
Lucas está batucando, relaxado, os dedos no volante, quando meus olhos começam a pesar, e não lembro de mais nada.

Acordo no meu quarto, de roupa, maquiagem e o cabelo parecendo um ninho de rato. Vou descalça até a cozinha e encontro minha mãe almoçando alegremente, e meu pai carrancudo, já sei o que vem por aí.

- Que horas você chegou ontem? Não vimos você entrar.
Bem, nem eu.

As chaves da casa estavam na bolsa, por isso é provável que Lucas tenha me deixado aqui e depois ido para sua casa.
- Não sei. - digo, pegando uma garrafa de água e bebendo direto do gargalo. Minha mãe revira os olhos:
- Pare de frescura. Nós também íamos para essas festas, e você gostava. Lembra daquela vez...

Vou em direção às escadas, decidida a tomar uma banho, e penso em como Lucas me trouxe até aqui. Provavelmente me carregou.

Coitado. Teve que subir essas escadas comigo no colo. Vou lhe pagar um lanche da próxima vez.

Ligo o chuveiro. Realmente, não lembro se vim andando para casa. É um enigma que vou perguntar para Lucas. Lembro da noite passada e rio de novo ao ver Paul jogado no chão.

Assim que saio do banho, minha mãe me intercepta.
- E então - sussurra. - Aconteceu alguma coisa entre você e o Lucas ontem? - pergunta com ar de expectativa.

Reviro os olhos:
- Mãe!
Ela vai embora rindo.
Ponho roupas confortáveis e vou direto para minha cama. Ainda estou cansada. Me enrolo igual uma bola e durmo. Sem sonhos dessa vez.

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora