Capítulo 56

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Isabella

A garota, Camille, passa pela porta a passos rápidos e curtos, com dois copos e pães em cada uma das mãos.

Lembro vagamente de sua história com Jared. Os dois namoravam, provavelmente por bastante tempo, justificando o apego da garota, e depois, ele teve que ir embora.

Mas ela disse que estava grávida.

Claro que ele não acreditou, mas sendo o idiota que é, deu o nome da sua cidade destino para manter contato. Foi ela quem começou tudo isso. Foi ela quem disse a Jonh onde os dois estavam.

E a vaca nem está grávida.

O que é bom. Somente assim não me sentiria culpada de bater em seu rostinho angelical.

Ela joga um pão e põe o copo de água no alcançe das minhas mãos. Penso em fazer um comentário sarcástico, sobre como até sequestros vivem a crise hoje em dia, mas resolvo permanecer calada.

Anna está sentada na mesma posição em que acordou, os olhos fechados, e a trilha assustadora de sangue escorrendo pela lateral de sua cabeça. Parece estar dormindo, mas duvido muito.

Percebo que pode ser uma boa hora de iniciar seu plano.

- Então, o seu filho.

Resolvo chutar. Qualquer assunto para começar uma conversa, mesmo que ela pule no meu pescoço, que aliás, está dolorido de tanto se inclinar para baixo.

Olha furiosamente para mim. Sacudo os ombros em sinal de paz. - Só estou curiosa. O que houve? Mentiu para que ele ficasse?

- Não. - ela põe o copo e o pão na frente de Anna, que continua imóvel. - Eu estava grávida. Mas você já deve ter percebido que Jared pode não parecer inteligente, mas é.

Concordo com a cabeça, disfarçando a apatia. Não gostaria que ela conhecesse tanto, ou talvez mais, que eu sobre Jared.

- Ele se protegeu. - seus olhos encaram a janela, pensativos. - Sabia que o filho não era dele.

Minha boca se abre em um perfeito "O". Ela o traiu?? Jared nunca mencionou essa possibilidade.

Estou prestes a xingá-la de todos os nomes feios existentes nessa maldita cidade quando ela continua, ainda em seu mundo. - Eu tirei.

Congelo. Como assim, tirou?

- O-o quê?

Se vira para mim, e a tristeza é substituída pela fúria. - Sua vadia. Isso é tudo culpa sua!

Arregalo os olhos, surpresa. - Minha culpa??

- Sim!! Você o prendeu aqui! Ele disse que ia voltar, e não voltou!! Eu tive que... que..

- Matá-lo?!!! - exclamo. - Você matou uma criança!! Que não merecia isso. Você...-

- Já chega.

Nós duas nos viramos para Anna, que agora tem os olhos abertos, mas nebulosos. - Por favor, as duas, parem.

Camille suspira, e sai do lugar em silêncio.

- Anna? - me preocupo na hora com seu estado. - Sua cabeça..-

- Está bem, só está doendo um pouco.

- Anna..-

- Meu celular, você viu? - ela muda de assunto.

Sinto minha expressão murchar. - Era esse seu plano? Pois bem, eu vi.

Aponto com o queixo para um dos cantos da sala, onde se encontram vários estilhaços do que fora, um dia, um Galaxy S5.

Anna sacode a cabeça lentamente. - Ótimo.

Ótimo?

- Preciso que preste atenção Isabella. - me viro para encará-la. - Quando ele a capturou, você lutou, certo? Você viu minha mochila?

Junto as sobrancelhas, intrigada. Eu vi sua mochila?

Tento lembrar do minuto em que fui atrás dela, e não a vi em lugar nenhum. Vi o spray, e mais nada. - Não havia mochila. Escute, Anna, acho melhor você..-

- Vou confiar em sua memória. Agora só preciso entrar em contato com minha família. Ou Lucas.

O que diabos ela está dizendo?.

- Anna, como você..-

- Camille. Preciso de uma ligação.

******************

- Quando vocês entrarão em contato? - me adianto.

Camille me encara, nervosa. Suas mãos começam a tremer. - Q-quem disse que vamos entrar em contato?

- É a lógica. Vocês querem dinheiro. Se fosse só por vingança, já estaríamos enterradas a sete palmos do chão.

Camille suspira, aborrecida. - Não é da sua conta o que pretendemos fazer.

- Me desculpe, só quero ir para casa.

Espero um tempo antes de incitá-la uma outra vez. - Os garotos já devem estar atrás da gente. A polícia também. Quanto mais rápido fizerem isso, melhor.

Ela joga no chão o graveto que tinha nas mãos, e vejo que sua guarda se encontra abaixada.

É fácil manilulá-la. Não por ser burra ou frágil, mas sim porque ela está assustada. O nervosismo é perceptível em seus olhos transtornados.

Talvez estejam assim pela falta de um amor. Ou de um filho.

Mas a razão não importa. Sei que, a qualquer momento, ela poderá ficar louca de vez, e não quero estar por perto para ver isso.

- Você é louca? Por que insiste em coordenar seu próprio sequestro?

Você não sabe o que é loucura. Eu a vejo nos seus olhos.

- Já disse. Quero ir para casa. Por que não fala com Jonh? - falo, finalmente, o que Anna me instruiu. - Se ele quiser, pode até nos mandar falar com os garotos, convencê-los a mandar o dinheiro. Por mais que eu não saiba quanto vocês querem.

É isso. Anna quer um ligação. Não sei como pode nos dar nossa localização para Lucas, ainda mais com Jonh na nossa cola, isso se ele nos deixar falar, mas disse que pode.

Pela minha percepção, se passou um dia e meio. Fui pega de noite, e acordei de manhã. Agora está de noite de novo. E a maior tortura é não saber para onde apontam os ponteiros do relógio.

Camille estreita os olhos. - É melhor você começar a ficar calada. - e puxa uma faca que tinha presa na sua cintura. - Ou pode sofrer as consequências.

Sim, agora vou ficar calada. A ideia foi lançada, agora, só espero que chegue a Jonh, ou seja, que Camille conte-a. E no seu estado, ela deve contar logo.

Fecho os olhos, sentindo-os cansados.

Estou cansada de fingir ser forte.








O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora