Capítulo 3

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Lucas

A vida me trouxe para Elizabethtown talvez porque eu precisava de paz. Os últimos meses foram um inferno, e os únicos parentes vivos que eu conhecia da minha mãe eram meus tios.

Faltando um ano para terminar o colegial, fui obrigado a me inscrever em alguma escola. Não foi á toa que quando eu cheguei minha tia ja estava com a papelada e o material escolar todo em mãos. Agora eu só tinha que ir á escola para pegar os horários.

Após uma pesquisa, descobri que só havia um total de 3 escolas na cidade. Tinha uma possibilidade muito grande da coisinha da casa ao lado estudar na mesma escola que eu. Claro que achar a escola não seria difícil, não sou um idiota, mas vi uma grande oportunidade de falar com ela.

Ela me encantou desde o momento em que a vi chegar em casa, sorrindo ao ver o irmão.

Não se importou em se sujar, apenas começou a jogar futebol de um jeito ridículo. Pela janela da minha cozinha, vi seu cabelo ser espalhado por todas as direções enquanto gargalhava tentando imobilizar a criança. Fiquei imaginando se poderia falar com ela. Claro, não seria nada sério, mas uma boa maneira de começar meu último ano.

Noite passada, a vi me encarando da sua varanda. Estava escuro, por isso não consegui distinguir sua expressão, mas alguma coisa se aqueceu no meu peito. Tomei um susto ao constatar o quanto gostaria de acenar, ou até mesmo correr até a varanda, e então saí dali o mais rápido possível.

Mas agora, olhando para os seus olhos escuros, eu chego à uma conclusão: Eu tenho que me aproximar dela.

Sua expressão atordoada de alguma maneira me deixa feliz, enquanto observo as pequenas sardas no seu nariz.

- O quê? - ela pisca.

- Você pode me dizer como eu chego lá?

Ela me observa, como se me analisando, e deduzindo se sou ou não confiável.

- Me desculpa, eu te conheço de algum lugar? - ela pergunta.

Não esperava por isso. Fico tentado a lhe dizer que sim, que já vim algumas vezes, e que talvez ela possa ter me visto. Mas alguma coisa na sua expressão me influencia á me apresentar de maneira correta.

- Sou novo na cidade, vim passar a temporada na casa dos meus tios, meu nome é Lucas, Lucas Parker.

Penso que talvez a pronúncia do meu nome inteiro possa faze-la gostar mais de mim, ou dar um efeito bom á apresentação, mas ela só ergue as sobrancelhas.

- Não estou querendo saber quem você é. Só achei que te conhecia de algum lugar, mas acho que me enganei, sinto muito. Fica bem próximo daqui. Siga direto, depois dobre á esquerda, sempre á esquerda, até dar de cara com um prédio azul.

- O quê? - me perdi quando ela tirou uma mecha de cabelo do olho para me mostrar qual rua seguir.

Dá um sorriso discreto:

- A escola.

- Ah sim, obrigado...

- Annabelle Louis.

Okay, esse nome deu efeito á apresentação.

- Você tambem vai pra lá? Sabe, eu acho que ainda posso me perder, então que tal eu te dar uma carona? - pergunto com meu melhor sorriso.
Isso, Lucas. Está na hora de entrar em ação.

Ela se vira para a rua, me dando as costas, e começa a andar em direção á esquina.

- Você consegue chegar sozinho. Acho melhor não. Te vejo por lá.

E a observo ir embora. Assim, do nada.

O quê?

Volto pra dentro de casa para pegar as chaves. Droga. Fiquei 20 minutos esperando ela sair de casa para levar um fora ridículo.

A garota parece ser muito metida, pra me dar as costas como se eu não fosse ninguém. Me lembro da sua expressão quando olhou para o garoto, que percebi ser seu irmão, já que os dois eram muito parecidos. Não.

Ela é diferente.

Isso vem a minha mente enquanto entro no carro. Sim, parece ser um pouco mais durona que o resto das garotas daqui, mas eu só preciso mudar essa maneira de abordagem.

Uma sensação de adrenalina se apodera de mim enquanto me dirijo á escola. Sim, é isso o que preciso. Mudar a abordagem.

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora