Capítulo 21

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Uma vez, quando eu tinha 14 anos, estava correndo pela floresta ao redor da vizinhança quando descobri um ótimo lugar para brincar com meu irmão.

Era um lugar aberto, ao contrário do que se vê pelas áreas fechadas da floresta. Me lembro de ficar encantada com o lago que encontrei ali. A grama lindamente verde e as borboletas só tornaram o lugar mais mágico.

Logo depois de contar ao meu pai o lugar que achei, surgiram bancos construídos em casa. E eu sempre voltava ali com meu irmão para brincarmos no lago enquanto meus pais nos observavam ao longe.

Ao ouvir aquelas acusações de Michael, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi ir ao lago. E aqui estava eu, sentada, olhando para aquela quietude. Fazia muito tempo que não voltava. Desde que Michael me traiu. Engraçado como ele foi o motivo da minha ida e da minha volta ao lago.

Nunca lhe mostrei o lugar. Não sei porque, mas queria mante-lo para mim. Aquela área parecia intocada, e eu queria que continuasse assim.

Estou encarando as árvores, pensativa, quando ouço passos atrás de mim. Me viro, supresa, pensando que Michael possa ter me seguido, mas minha garganta se fecha quando vejo meu irmão acompanhado que nada menos que Lucas.

Ander se senta do meu lado, e passa os pequenos braços pelos meus ombros, sua tentativa de abraço. Não sei à quanto tempo estou aqui, mas deve ser muito, para Lucas ter ido buscar Ander em casa e traze-lo aqui.

- Hey mana. - ele me puxa, e me deixo ser abraçada. - Você está aqui á muito tempo. Estávamos preocupados. Você quer ir pra casa agora?

E é isso o que amo no meu irmão. Ás vezes parece que ele cuida de mim, e não eu dele. Ele não liga se eu desapareci, e não me pergunta o que aconteceu. Apenas deixa claro que, independente de tudo, está do meu lado.

Faço que não com a cabeça. E Lucas se senta do meu outro lado, acariciando meu joelho. Ander se levanta.

- Bem, se vamos ficar mais um pouco, nada demais em dar um pulinho no lago não é? - ele me pergunta, com os olhos brilhando. Aceno com a cabeça.

- Pode ir, mas não vai ser eu à ouvir o escândalo da mamãe.

Ele sorri e corre pro lago, já tirando a camisa e pulando de barriga na água cristalina. Lembro de quando fazia isso com ele. Já faz um tempo.

Lucas faz um careta ao notório som da barriga de Ander batendo na água. - Ui. - diz, rindo.

Coloco minha cabeça no seu ombro, e ele o braço nos meus. Observamos Ander pular de um canto pro outro no lago igual uma perereca, rindo de suas leseiras.

- Posso fazer uma pergunta? - Lucas me vira para olha-lo nos olhos.

- Pode.

- Bem, eu não sei se você vai gostar da pergunta, mas se quiser, pode não responder. - ele diz, brincando com meus dedos. - O que aconteceu com Ander?

Suspiro. Eu sabia que ele iria perguntar isso em algum momento, e sei que não há mais motivo para adiar essa resposta.

- Meu irmão era muito apegado à minha tia. O nome dela era Carol. Ela era uma das pessoas mais doces que eu já havia visto na vida. Sabe quando tem algum almoço em família e sempre acaba em confusão? Pois é, era ela quem acalmava as coisas. - digo, rindo, e Lucas ri também.

- No dia do aniversário do meu irmão, ela disse que eles iriam sair para comprar o seu presente. Ele queria escolher. - digo, já sentindo os olhos arderem. - Na volta para casa ela colidiu com um carro. O motorista estava bêbado. O carro capotou em direção à floresta, e ela morreu na hora. Já Ander ficou preso no carro, meio incosciente, mas de vez em quando acordava. - sinto as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas, e Lucas me abraça.

- Ele a viu morrer Lucas. - sussurro. - O carro só foi encontrado 3 horas depois, quando fizeram a varredura no local. Ele ficou esse tempo todo com ela no carro. - choro. - Eu nem imagino o que ele passou. Eu nem imagino como ele consegue ser tão forte hoje.

Ficamos um tempo calados, vendo Ander boiar na água. Lucas parece não saber o que dizer.

- Ele ainda tem pesadelos, e ainda lembra daquele dia. Fez terapia durante um tempo, mas depois recusou veementemente voltar ao consultório. Paramos de leva-lo, mas ainda o vigiamos. Ás vezes parece bem, como hoje, ás vezes me acorda, dizendo que sonhou com ela.

Lucas apenas acaricia minhas costas, e brinca com minha mão, me deixando desabafar.

- No dia em que Michael me traiu, eu havia bebido muito. Cheguei em casa vomitando, enquanto Ander me olhava horrorizado. Ele sabia Lucas, sabia que o motorista estava bêbado. Foi um pesadelo. Desde aí, jurei à mim mesma nunca mais beber.

Lucas se vira para mim. - Aquele dia não foi sua culpa Anna. Michael te traiu, e você ficou mal. Se alguém tem culpa naquela história, esse alguém é ele.

Olho para frente, lembrando de todas as palavras que Michael me disse. - Não acho que a culpa seja toda dele.

Ficamos calados por alguns instantes, até que Lucas me vira para encara-lo. - Espera... é isso né? É por isso que estamos aqui? Ander disse que você vinha aqui quando estava mal. Aquele imbecil falou alguma coisa para você?

- Ele só... Bem, ele me disse umas verdades, que acho que eu precisava ouvir. - digo.

- Ele brigou com você? Ele gritou com você? - ele se altera. Reviro os olhos.

- Lucas, está tudo bem. Acho que ele estava certo em alguns pontos, então não estou chateada, só vim aqui para pensar.

- Eu não acredito Anna. Ele colocou a culpa de ter te traído em você? É isso? - ele insiste. - O cara é um babaca! Eu não acredito que você caiu nessa!

Dessa vez começo a me irritar. Nós estávamos muito em paz antes de Lucas resolver implicar com Michael.

- Lucas, eu não acho certo o que ele fez, okay? Eu só percebi que também tenho a minha parcela de culpa nisso!

- Uma culpa tão grande para faze-lo te trair com sua amiga? - ele pergunta, debochado. - E desde quando você defende o que ele fez? O cara te sacaneou, e aí está você, do lado dele! Não vai me dizer que perdoou e vai voltar com ele?

Ai meu Deus. Por que ele não consegue entender? Eu só assumi que também fiz coisas erradas no nosso relacionamento! E do nada ele me diz que pretendo voltar com um cara que me traiu?

- Quer saber, acho que já está na hora de ir. - digo, acenando para que Ander se aproxime. - Me fale quando você deixar de ser um idiota.

Vou caminhando com Ander até em casa, deixando Lucas no lago. Não quero lhe dirigir a palavra nesse momento, já basta tudo o que ouvi de Michael, e ele também não parece muito inclinado à vir falar comigo.

Estávamos tão acostumados com o caminho que chegamos em casa rapidamente, em cerca de 15 minutos. Durante o jantar, Ander falou sobre como foi bom voltar ao lago, e todos começaram a organizar uma ida em família para o lugar. Ninguém comentou nada sobre o meu sumiço de mais cedo.

Hey humanos! Desculpem a demora dessa vez, mas é que eu ando meio desanimada =(

Boa leitura, estou vendo se posso lançar os capítulos 2 vezes por semana, mas ainda não tenho os dias definidos porque tem dias que eu chego em casa muuuuito cansada. (Mas não se preocupem, eu não vou fazer aquela fuleragem de deixar de escrever por tipo, 2 semanas, fico revolts quando isso acontece).

Quero também falar de alguns livros muito bons que eu vi, eis os nomes:

- Linda imperfeição.

- Aos teus pés.

- Invisível

Bjssss *-*

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora