Capítulo 49

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Isabella

Me apoio na primeira coisa que vejo à minha frente, chorando compulsivamente. A coisa acaricia meus cabelos e sussurra alguma coisa, mas não entendo devido às vozes altas na minha cabeça.

"Eu só pedi uma coisa".

Mais lágrimas quentes escorrem pelas minhas bochechas. - Anna...

Ela me odeia. Ela está certa em me odiar.

Meus joelhos perdem a força, e me sinto começar a desabar quando Jared, que estava me consolando, me pega no colo. Eu me sinto suja, como se não merecesse estar aqui. Estar aqui com ele.

Não mereço-o quando acabei com a relação do seu irmão com minha melhor amiga. Não mereço estar com ele quando separei-os.

Sacudo a cabeça veementeemente, tentando me soltar, mas ele só me aperta mais forte. Vários soluços escapam da minha boca.

- Shh. Vai ficar tudo bem. Vamos, vou te levar para casa.

Casa.

Eu vou para casa. Com certeza ela não me quer mais aqui, e ele percebeu isto.

Por mais egoísta que seja, me agarro nele, enxarcando sua camisa enquanto continuo a chorar. Ele desliza as mãos pelas minhas costas enquanto caminha comigo, até entrar na sua casa.

Casa.

Percebo que não é para minha casa que ele esteja me levando, e sim para a sua. Sobe as escadas e entra no seu quarto comigo ainda em seus braços, e me deita na cama. Antes que ele vá embora, pego seu pulso.

- Por favor... eu.. -

- Eu não vou a lugar nenhum. Só queria trancar a porta.

Solto seu pulso, percebendo o quão patética devo parecer agora. Minha única amiga deve me querer morta, e estou implorando-o para que fique comigo.

Fecho os olhos para a dor, e neste momento, sinto-o novamente. Ele desliza as mãos pelos meus braços, me aquecendo, e logo que estou deitada, ele fica na minha frente, me prendendo em seu forte aperto.

Enterro minha cabeça em seu peito, continuando a chorar, e ele beija o topo da minha cabeça. Luto contra o nó em minha garganta para poder falar.

- Ele me odeia. - digo em meio aos soluços.

- Shhh. Ela não te odeia. - e beija minha testa. - Ela só está passando por uma fase difícil agora.

Me encolho perante a sensação de culpa. Angústia. - O-o que eu faço, Jared?

Ele me embala suavemente nos braços, enevoando meus pensamentos de autodepreciação. - Agora? Você vai dormir. E depois, você vai resolver as coisas com ela.

Fecho os olhos. - Prometa.

Sinto-o tenso ao meu redor, mas ele me beija na testa novamente, várias vezes. - Eu prometo.

E assim, finalmente o maldito sono chega, me levando para uma espiral de desespero e angústia.

Desespero porque eu posso perdê-la. A única amiga de verdade que tive em toda a minha vida. A única família de verdade que tive em toda a minha vida.

- Descanse. - ouço em meio à escuridão. - Prometo que eu vou... Que nós vamos resolver isso.

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Annabelle

Acordo, sentindo meu coração martelar fortemente contra o meu peito.

Percebo que estou deitada no chão, ainda com a mesma roupa da manhã. Por que estou com a mesma roupa de hoje de manhã?

Uma série de eventos se passam em minha cabeça, tão aterrorizantes quanto meus piores pesadelos. E aqui está a prova: eu, pateticamente deitada no chão, com os olhos tão inchados quanto possíveis, e cheirando a roupas usadas e banho não tomado.

Minha visão instantaneamenrte fica embaçada, como se já não estivesse antes. A dor em meu peito é quase insuportável, e gemo quando percebo que ela não irá passar por um bom tempo.

Não era verdade. Ele estava mentindo, nunca faria isso com você.

"Eu também... acho que já demos o que tínhamos que dar".

- Oh meu Deus... - o nó em minha garganta se aperta mais, e lentamente me levanto do chão. De pé, vejo um retrato de nós quatro juntos, que Isabella tirou no dia em que fomos ao campo para que eu aprendesse a dirigir.

Isabella.

Fecho os olhos, tentando controlar uma sensação um pouco conhecida no peito. Raiva.

Olho para a foto. A garota de olhos castanhos e um sorriso cínico no rosto, nos braços do garoto de olhos azuis e um sorriso de lado travesso, não se parece mais comigo.

Isabella sorri abertamente, e Jared a encara, também sorrindo.

Lembro do dia em que ela jogou os objetos da casa deles na parede, com raiva.

Pego o retrato, arqueando meu braço, e jogo-o com toda a força possível na parede. O som dele se partindo em mil pedaços se parece muito com o do meu coração.

- Anna? Anna, você pode abrir a porta? O que aconteceu?

Ouço a voz de minha mãe, mas ignoro. Vejo alguma coisa brilhar en minha mochila, e pego. O celular de Ander. O celular que eu ia pedir para ele consertar.

Acho que agora, não haverá mais conserto.

Levanto meu braço para jogá-lo no chão, mas antes de soltar o objeto, paro.

Não posso fazer isso.

Guardo-o novamente, com cuidado, em minha mochila. Meus movimentos são automáticos quando, lentamente, tiro minhas roupas, entrando no banheiro.

Tomo banho com vigor, fantasiando que o sabonete também possa levar essa dor que parece impregnada em meus poros. Assim que acabo, coloco qualquer roupa no armário e me jogo na cama, sem fome.

Choro novamente.

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Capítulo pequeno, mas necessário. Prometo que o próximo será um pouco maior.

Bjsssss *-*










O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora