Capítulo 28

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Não posso dizer que fora uma mudança brusca. Mas eu percebia cada mínima diferença.

No começo, foram os cochichos. Os alunos pareciam falar pelas minhas costas, me fazendo até ir ao banheiro, verificar se estava suja.

Mas não, sem incidentes.

Até mesmo Isabella parecia saber de alguma coisa, mas quando eu perguntei, ela negou. Obviamente Isabella não sabia esconder segredos, já que arregalou os olhos e gaguejou um " E-eu não sei d-de nada".

Até a hora do almoço, eu já estava tentando desvendar o mistério por mim mesma. Sentei no meu canto do jardim, com o caderno em cima da coxa. Listei os motivos das pessoas estarem mais estranhas comigo do que normalmente são.

Eis a minha longa lista:

- Alguém viu minha briga com Evangeline, e agora todos sabem.

- Alguém andou falando de Ander por aí. - não, isso é impossível.

- Minha vida pessoal pode estar circulando pela escola. (Impasse Lucas/Michael).

- Pode ter algum quadro ou pixação me xingando em algum lugar da cidade.

- Eu posso realmente estar suja, e ser daltônica.

- Algum noticiário tem o meu rosto estampado na tela.

Okay, okay. Agora eu já estava viajando demais. Leio minhas mirabolantes Sugestões mais uma vez e depois fecho o caderno.

A resposta, que eu já havia deixado de ir atrás, me apareceu no fim daquele mesmo dia.

. . . . .

- Filho de uma... -

Essa é a minha reação ao ver Michael sentado na mesa da cozinha, na minha casa.

- Anna... - minha mãe tenta explicar a situação.

Michael se vira para mim, a expressão indecifrável, e interrompe a sua fala: - Anna, eu estava conversando com a sua mãe. Sente-se, por favor.

Só então noto um pequeno corte, seguido por um rombo vermelho, no seu olho. Como se ele tivesse levado um... soco?

Essa eu queria ter visto.

Resolvo me sentar, pensando em maneiras diferentes de deixar o outro olho de Michael roxo, e encaro minha mãe, que está com os olhos arregalados, como se esperando que eu explodisse a qualquer momento e sei lá, jogasse uma bomba na mesa.

Suspiro, tentando manter a calma, e me viro para Michael. - O que você está fazendo aqui?

- Michael vai jantar aqui, hoje. - minha mãe tenta, mas só piora.

- Por que você vai jantar aqui hoje?

- Você não me escuta, Anna. - ele se justifica. - E eu estou indo embora em pouco tempo! E precisamos resolver essa situação o mais rápido possível.

Fico boquiaberta, alternando meu olhar entre esse ser irracional e minha mãe, que junta as sobrancelhas, não entedendo o que ele quis dizer.

- Mãe, eu posso falar com você? É bem rápido.

Minha mãe acena, confusa, e ele demonstra sua irritação, fazendo uma expressão de deboche.

Conduzo minha mãe até o corredor, mas antes que eu possa falar qualquer coisa, ela começa:

- Anna! Pelo amor de Deus! Por que você não me disse que havia voltado com Michael?! Ele chegou aqui dizendo que queria discutir o futuro de vocês!

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora