Capítulo 67

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Annabelle

O tempo é psicológico.

Sempre acreditei no meu azar com o número três, mas desta vez, ele não é o maior inimigo. Não são três dias, três semanass ou três meses. E não se preocupe, também não são três anos.

Falo isso porque, realmente, não sei quanto tempo foi. Contava os dias pelas noites, e as noites pelos dias. Fiz as escolhas mais complicadas da minha adolescencia: Isabella e eu escolhemos Yale, mas ela mantém em segredo para onde Jared quer ir. O cachorro provavelmente vai conosco.

E o incrível é que ele, realmente, tem chance.

Porque Jared é tão lerdo na vida, mas às vezes pode ser muito, muito inteligente.

E pensamentos sobre o futuro sempre me remetem à ele.

Lucas sempre quis fazer engenharia. Alguma coisa relacionada à mecânica. Disse que quando resolvesse os assuntos com seu pai iria se tornar alguém importante. Iria construir algo importante, que facilitasse a vida de outras pessoas.

É uma pena que não nos falamos tanto para que eu possa saber seus planos.

Porque, no fundo, eu gostaria de saber seus planos. Gostaria de opinar sobre eles, ou, odeio admitir, gostaria de poder força-lo a vir comigo para Yale.

Mas não posso.

Porque sou uma idiota.

Porque terminei com o único garoto que realmente amei na vida. Quer dizer, terminei não. Uma pausa. Sim, é essa a palavra que eu estava procurando.

Mas a tal pausa parece durar Eras. Não o vi nas aulas, nem nos intervalos, nem através da cortina do meu quarto. Na verdade a última vez que o vi foi no dia em que recebi alta.

Conforme saía do hospital e entrava no carro, localizei uma figura de jeans pretos, casaco azul e cabelos desgrenhados. Um último sorriso e várias palavras não ditas pairando entre nós.

- Anna? Preciso que me ajude com isso.

Volto à realidade.

Os olhos castanhos de Isabella encontram os meus, brincalhões, enquanto ela tenta colocar os shorts jeans pela minha perna engessada. Foda-se, isso é muito humilhante.

O gesso vai até acima do meu joelho, deixando meus dedos do pé de fora. Isabella insistiu que eu deveria pintá-los, aproveitando que eu não poderia mais usar botas ou tênis, então as unhas são vermelhas, seguidas por um gesso completamente rabiscado e assinado por quase todas as pessoas da cidade, que não são muitas.

Uso um bota no outro pé, o que me faz sentir ainda mais ridícula, e uma camisa caída sob o ombro, frouxa para que não aperte minhas costelas enfaixadas.

- Isso não vai dar certo.

- Vou pegar um pente. Sente-se e cuidado com sua nova bota. - ela aponta para o gesso, e reviro os olhos.

- Por que não posso ir com uma roupa normal?

Ela logo começa a pentear meus cabelos. - Pessoas normais usam roupas normais. E você, Annabelle Louis, não é e nem parece uma pessoa normal. - ela faz uma pausa, sorrindo. - Vamos lá! Parece que se meteu em uma briga de gangue! Olha seu rosto! Nunca vi alguém sair de uma dessas tão sexy!

Tento fechar a cara, mal humorada, mas seu sorriso me contagia. Solto uma risada. - Você já viu alguém sair de alguma dessas? - ironizo.

- Bem, eu me vi sair de uma dessas. E pode ter certeza que, por mais que Jared tenha tentando me iludir, esse olho roxo aqui? - ela aponta para uma marca perto da sobrancelha esquerda, que já está amarelada. - Nunca foi tão bonito.

O segundo amor de Annabelle LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora