- Como você nunca viu Os miseráveis?! - pergunto à criatura mais triste que já vi na vida, a partir desse momento.
Lucas revira os olhos ante à minha reação exagerada, mas a culpa não é minha. Fiquei horrorizada quando começei a cantar a música da Eponine e ele não cantou comigo.
Deduzi que ele não sabia a música, jâ que ninguém parece ligar muito para a Eponine ( que é minha personagem favorita), e começei a cantar One day more, mas sua expressão de interrogação me disse tudo.
- Tenho pena na sua existência. - afirmo, séria.
Seus olhos brilham, e ele parece feliz com alguma ideia maluca que teve.
- Você tem o filme? Poderíamos ver? Estou cusioso sobre a história.
- Agora você vai ler o livro. - determino. - Depois vemos o filme.
Ele solta uma suspiro, mas ainda vejo o mesmo brilho em seus olhos. - Okay. - diz - mas prometa que se eu ler o livro, vamos ver o filme.
Eu aceno, alheia ao que ele fala, observando uma loira sorridente que vem caminhando em direção à nossa mesa.
Ela é alta, e sua saia deixa suas longas pernas à mostra. O cabelo é liso e vai até o ombros.
- Lucas? - ela se inclina sob sua tarefa de trigonometria, mostrando o decote avantajado.
Reviro os olhos, e Isabella, que estava calada até agora, faz uma careta colocando a língua para fora. Rio.
Estamos na biblioteca, tentando ensinar 2+2 pra Isabella, que precisa recuperar a nota péssima de semana passada.
A garota me olha com irritação, mas sua atenção volta à vítima.
- Então, vai ter uma festa na casa da Elizabeth agora. E eu estou sem carona. Quem sabe eu não possa ir com você?
Olho para os números em meu caderno, de repente interessada em triângulos equiláteros. Com licença. Essa foi só uma maneira mais orgulhosa dela perguntar se eles podiam ir à festa juntos.
Os últimos dias foram um pouco agitados. Lucas continua me dando carona, e nós ainda almoçamos juntos. Mas isso não o impede de ficar com outras garotas. O garoto mal chegou na escola e muitos já afirmaram tê-lo visto se agarrando com alguma sirigaita atrás de um muro qualquer.
Não que eu ligue. Só não apoio a falta de amor próprio das garotas e a safadeza do babaca.
- Claro! Depois você me passa o seu endereço e eu te pego lá.
Ela abre um sorriso enorme e vai embora, enquanto eu fervo por dentro, por algum motivo desconhecido. Acho que é só indignação. Como ele pode tratar as garotas assim? Ontem mesmo o vi com outra!
- Como pode trata-las assim? - Isabella o encara, mortificada. - Ontem mesmo estava com outra!
Sorrio.
- O respeito que elas têm por si mesmas eu tenho por elas. - ele retruca, e Isabella não volta a responder, se concentrando no livro.
Okay,okay, devo admitir que ele está certo, as garotas são muitos oferecidas. Mas ele devia ser um cavalheiro e rejeita-las, igual acontece nos livros. Qual o problema dele?
- Dane-se. - discuto - Você tem que respeitá-las, - sacudo os ombros. - Porque isso é o que um cavalheiro faria.
Ele ergue as sobrancelhas, surpreso com a minha reação, e Isabella levanta a cabeça, concordando.
- Parem com essa união feminina e voltem á estudar. - Ele diz com desdém, e Isabella obedeçe, enquanto eu tiro os fones da bolsa e baixo minha cabeça para dormir, alheia à sua ordem.
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O segundo amor de Annabelle Louis
Diversos"Pego-a pela cintura, assustando-a, e ela solta um gritinho, vindo para mais perto,me olhando com um sorriso travesso no rosto. Abaixo minha cabeça e encontro meus lábios nos dela. Ela fica na ponta dos pés e põe os braços ao redor do meu pescoço, e...