EUREKA

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Tenho uma amiga muito querida que todos que a conhecem percebem que é ligada no 220.

Dirige uma empresa que lhe consome 14 horas do dia com muito carinho, esmero e meticulosidade.

Não perderei muito tempo descrevendo a Edith L., pois, o que descobri foi, o porquê de ela gostar tanto de jogar numa destas maquininhas eletrônicas que ela descrevia como a dos numerinhos.

De décadas para cá ela ia, mês sim mês não, para o Uruguai, jogar nas tais inexplicáveis máquinas e, quando no Cassino de Punta Del Leste tiraram estas tais maquininhas, mudou o itinerário para Buenos Aires, onde as reencontrou e, agora, além desse dedicar ferrenhamente a sua empresa, escrever livros, ministrar palestras e atender pacientes como psicóloga, tem ido, uma semana a cada quatro ou cinco, para CABA (Ciudad de Buenos Aires) "descansar" como E.L. dizia.

Belo dia convidou-me para acompanhá-la e fui conhecer as tais maquininhas dos numerinhos.

Não está sendo nada fácil aprender seus comandos, mas lembrou-me do mestre Baldur, que me ministrava aulas de Álgebra Linear no Colégio Bandeirantes.

O Baldur também era ligado no 220 e fumava um cigarro atrás do outro, certa feita, ao encontrá-lo no recreio, perguntei: Baldur, por que você trabalha tanto?

Coma rapidez que lhe era característica respondeu:

- Vou me aposentar, assim que puder, comprei um sítio perto de Cunha, na Serra para Paraty, vou fazer uma criação de peixes e viver sossegado!

De onde saiu o Baldur no meio da história sobre a minha querida amiga E. L.?

A tal da maquininha lembra uma matriz quadrada com linhas de números e colunas de letras. Lembrei do Lico, a regra mnemônica que o Baldur usou para nos ensinar a "Regra de Cramer" (como se calculam os determinantes de uma matriz quadrada). Linha vezes coluna (Lico)!

Bem, queridos e queridas leitores e leitoras, o Baldur faleceu prematuramente na Via Dutra, que Deus o tenha! E a maquininha é uma excelente forma de meditação, sua cabeça fica nos numerinhos e se esvazia.

Ontem peguei-me tendo um ataque de risos interminável e inexplicável, fazia muito tempo que isto não me ocorria; chorava copiosamente de rir sem motivo algum e sem conseguir parar de rir e chorar.

Eureka!

Se não se perde nem se ganha muita "plata" e esvazia seu cérebro desta maneira, está explicado o porquê de E. L. dizer que isto era um descanso para seu cérebro ligado no 220.

Não caindo o avião, o que é extremamente raro comparado aos acidentes de carro, estatisticamente falando, é um belo de um descanso mesmo!

Eu já sabia, no fundo, que E. L. no alto de seus sessenta e tantos anos não poderia estar enganada.

Dedico esta crônica a ela, claro!

Aliás VoadorasOnde histórias criam vida. Descubra agora