Ouvindo com um olho

43 0 0
                                    


Ele está ouvindo com um olho 

e dormindo com o outro.

Não vejo como homenagear meu querido paizinho, 

a não ser dedicando-lhe  uma de minhas crônicas.

 Ele merece muito mais, claro! - é melhor dar de 

coração  o que me é possível no momento!

Dar-lhe-ei, portanto, um pé de nuvens e uma 

crônica  - é o que me é factível, fora minha companhia

 e admiração  óbvias e incontestáveis.

Quando era garoto dava muito trabalho para ele, 

como o próprio já me contou várias vezes, hoje que é ele que 

precisa de mim não acho que é  trabalho, mais que 

obrigação é um prazer poder ser útil.

Minha mãe dizia quando eu aprontava alguma 

"arte", vou contar tudo  para o seu pai quando ele chegar, 

eu tremia de medo, hoje ela que  é brava e ele que me defende,

 os papéis se inverteram.

Papai foi eleito pela enésima vez o engenheiro civil do ano, 

dava aulas  na Escola Politécnica da USP antes de 

se aposentar  do trabalho formal. 

Sempre deixou transparecer que gostaria que eu 

cursasse esta Escola.

 Como sempre fui bom aluno e estudei muito consegui

 passar no  vestibular para a POLI, porém, 

era um peixe fora d'água, 

completamente  diferente dos outros alunos da Escola. 

As crônicas onde menciono o Jornaleco que fundei e 

mantive as minhas expensas quando aluno menciona 

que a tipografia rudimentar da época deixou em pequeno

 espaçamento maior ente o ele (L) e o e (E) formando

 um duplo significado para tal título.

 Realmente o Jornaleco era um Jornal Eco e torço para que

 meus editoriais contundentes tenham influenciado 

uma parcela, mesmo que mínima dos colegas. 

Na época mesmo os mais rebeldes dos alunos ou se

 preocupavam com  política ou com os jogos barulhentos

 de truco na lanchonete, enquanto  o extraterrestre que

vos escreve era cabeludo, usava um brinco de

 ouro na orelha esquerda bastante espalhafatoso,

 cabelos compridos e rebeldes para combinar com os

Aliás VoadorasOnde histórias criam vida. Descubra agora