Fui acordado pela barulheira que fazia a turma de
arruaceiros na Praça do Por do Sol, a televisão
permanecia ligada e estava passando um filme do
Steven Soderbergh com o Jude Law que me interessou.
Uma de suas pacientes, ele fazia o papel de um psiquiatra
que experimentava remédios antidepressivos, falou
algo que me calou fundo:
"- Todo dia à tarde cai uma neblina envenenada que cobre tudo!"
Daí em diante acordei de vez e fiquei acompanhando
"Slide Effects"( em português traduzido para "Terapia de risco") e,
logo cedo, quando me levantei resolvi rebuscar meus alfarrábios
atrás de uma crônica que desse continuidade à "neblina envenenada".
Achei duas!
ROEDOR ARACNÍDEO OCTÓPODES
Há coisas que fazemos sem pensar por serem atos repetidos.
Naquela noite, preparando minhas tralhas para ir à praia,
seguia uma destas rotinas, tudo tem seu tempo e lugar, as
camisas, as calças e bermudas, chinelos e, não sei por que resolvi
remexer nas coisas que ficam na prateleira acima das gavetas.
Foi muito interessante achar um gibi, amarelado, porém,
ainda legível, que eu havia encontrado no fundo do oceano
décadas atrás; tinha até a marca dos dedos de minha luva de
mergulho. Do outro lado desta prateleira havia alguns azulejos
pintados por mim, como se fossem telas de quadros.
Neste ínterim senti algo pesado preso ao meu pé esquerdo,
já me encontrava no banheiro pegando as coisas da necessaire.
Inicialmente, dado o peso, pensei ser um rato e quis acender a luz.
Para minha aflição, no lugar do interruptor só haviam fios soltos.
Já em estado de desespero agarrei a coisa, puxei com
força e atirei longe, porta a fora.
Pela claridade da janela da escada vi o bicho, que, não fosse ter
levantado uma cabeça de polvo que estava me encarando;
teria tudo para ser uma caranguejeira, pela textura peluda
do animal e suas seis pernas que se elevavam acima do corpo,
apesar da cabeça de polvo (octopódio).
Corri de volta ao quarto, preocupado com uma possível mordida,
acendi a luz e não havia nenhuma marca.
Afinal se tivesse sido picado por tal aranha vocês não estariam
lendo este sonho medonho.
MECHANICAL ORANGE - THE 2nd PART
Hediondos, nojentos, freeks, gays e punks me atacaram, jogando
pedras e me agredindo fisicamente.
Um deles, cheio de piercings (mais de cem, só no pescoço) queria
me beijar na boca, e não conseguindo, aquela nojenta língua
transformou-se numa asfixiante gelatina emborrachada.
Outro, indescritivelmente asqueroso, parecia ser o chefe da gangue,
queria, de todo jeito, me currar e, ao ver que não conseguiria,
apertou-me o saco com tanta força que a dor que me infligia o
deixou feliz e sorridente (sádico desgraçado).
Ordenou ao horrendo séquito que continuassem com piores
castigos e não se esquecessem de repetir as maldades com
minha mulher.
A sensação de raiva e pânico foi tanta que me fez conseguir
sair da tormenta, apesar da enchente, acordei enojado e sufocado.
Jesus, winning again, I thanks God and wake up aliviado, para
respirar e lavar o rosto da alma com cold and bless water.
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...