Miscelânea

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No terceiro ano de sua vida como professor aconteceu um incidente 

que abalaria seu sensível espírito e provocaria uma catarse 

na sua prática pedagógica.

Anton Makarenko, que lecionava segundo os métodos aprendidos no

 breve curso de 1905, isto é, apenas transmitindo informações

 com fins basicamente instrutivos, decidiu, no ultimo semestre 

de 1908, realizar uma experiência singular: avaliar a capacidade 

de assimilação de cada um dos alunos, mediante um sistema de 

pontuação elaborado por ele.

Preparou um teste e, após distribuir as questões a serem respondidas,

 avaliou e qualificou como o mais atrasado nos estudos um menino de 

dez anos chamado Alexei. Este ao ser informado que era 

"o pior da turma",  teve de pronto um ataque de depressão, 

que se manifestou numa crise nervosa e num violento ataque

 de tosse, levando-o a vomitar sangue.

Anton, que não havia pesquisado as razões pelas quais o 

menino tinha tanta dificuldade em aprender, percebeu, 

nesse momento, que o pequeno  estava muito doente e 

que a tuberculose já tinha tomado conta de seu

 frágil organismo acabando com os enormes esforços 

que ele fazia  para poder estudar.

Makarenko ficou perturbado, nervoso e possuído por um 

agudo conflito interior, passando a reconsiderar tudo aquilo 

que tinha assimilado no contato com os educandos.

 Esse incidente, pela sua dramaticidade, deixou muito claro, 

em sua consciência, que a educação das pessoas 

não era um ato isolado da realidade.

Decidiu abandonar a "instrução", como até então tinha feito. 

Assim aceitou o desafio de inovar no "estilo" do sistema escolar

 vigente, analisando, caso por caso, as circunstancias 

que interferiam  na vida do estudante.

O conhecimento pessoal acerca da mente poderia propiciar aos 

indivíduos um sentido de intervenção a respeito de suas vidas 

cognitivas que teria parecido utópico num passado ainda não 

muito distante. Metacognição, autoconsciência, inteligência 

intrapessoal, pensamento de Segunda ordem, planejamento

 (e revisão e reflexão), pensamento sistêmico, bem como suas

 relações mútuas, não precisam ser mero jargão psicológico 

ou chavões de "auto ajuda"; em termos claros os próprios 

indivíduos podem desempenhar um papel muito mais ativo 

na determinação da verdade, beleza e bondade que 

impregnarão suas próprias vidas. P58. (...)

Certos grupos étnicos e religiosos vêm sublinhando há muito a 

importância de se aperfeiçoar a mente de uma forma constante.

Mas para os que foram criados em ambientes de escassa 

orientação acadêmica, e para aqueles que nunca gostaram

 muito da escola, a perspectiva de uma vida onde se deve 

continuar a estudar, a aprender, a praticar e, sobretudo, 

a melhorar as aptidões e poderes mentais de cada um é 

comprovadamente menos sedutora.

Os jovens devem ser criados de modo a que sintam prazer 

em aprender, desenvolvam interesses difusos e queiram 

nutrir suas mentes para o resto de suas vidas.

Platão expressou isto em termos memoráveis:

"A finalidade da educação é levar o indivíduo a 

querer fazer o que tem de fazer."

          "Trigal com corvos" - Vincent Van Gogh, Museu Van Gogh, Amsterdan, Holanda, 1890

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          "Trigal com corvos" - Vincent Van Gogh, Museu Van Gogh, Amsterdan, Holanda, 1890

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