Acredite se quiser nesta história de quase movimentação mental de objetos:
Levei a filhinha de um amigo, a pedido dele, à psicóloga ontem,
e na sala de espera comecei a ler um livro que já estava há tempos
no meu carro para doar para nosso acervo da biblioteca da prisão
que o Mário - meu amigo Juiz de Direito e Diretor do Fórum - está fazendo.
Para minha surpresa o livro - "Lolita" do russo Vladimir Nabocov
- doado por minha mãe, por ter dois exemplares iguais, era impróprio.
Senti-me na estranha posição de censurador, mas, o tema é de
um prisioneiro de idade relatando suas peripécias "doentias" com
pré-adolescentes.
Pensei, incomodado com a posição de censurador, não pode ser
levado para o acervo da prisão.
Na saída estava uma chuva torrencial e, como já havia perguntado
à menina se ela gostava de tomar chuva e ela disse que não,
dei-lhe meu guarda- chuva, uma vez que eu adoro ficar debaixo de um toró.
Pedi-lhe que levasse o livro para mim, assim ele não se molharia,
no que ela assentiu sem pestanejar.
Não é que ela, sem querer, deixou o livro cair na enxurrada e eu
me vi correndo atrás dele por quase um quarteirão até o conseguir alcançar!
Está agora todo torto guardado como obra de arte moderna,
com uma contra- capa de zona azul como marcador de página e,
ainda aguardo o final da obra, que depende da forma como as
páginas internas ficarão, assim como sua capa e contracapa
de material bem mais resistente por ter sido um livro de
lombada costurada.
Em homenagem ao meu amigo Juiz de Direito Mário Rubens Assumpção Filho
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...