Inseminação

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 A única coisa que realmente me abate é a lembrança dos tempos

de liberdade. Do rabo batendo nas costas para espantar os insetos,

das patas sujas de  lama trotando compassadamente na relva

úmida e, principalmente, das inúmeras vacas no cio, loucas para

romper a cerca a cada momento, da porteira aberta,

 ou mesmo fechada, pois, eu já aprendera a tirar a tranca  com

meus chifres, e, à noite, passar para o pasto das virgens e me

refestelar de prazer e orgasmo.

 Hoje só me cabe um pequeno cercado coberto, uma medalha

de  tricampeão  e a maldita hora em que me enchem de alfafa

vitaminada para depois  levar-me a laço para a tortura das

cordas me apertando  o corpo e o pescoço, o rabo preso no teto

e o mil vezes maldito humano, totalmente vestido de branco,

que me enfia um enorme cassete nas profundezas do meu ventre,

  dá uma descarga elétrica que me faz estrebuchar e bambear as

quatro  pernas, enquanto outro maldito bípede de branco colhe

meu sêmen  em pequenos frascos que são rapidamente congelados

e pressurizados. 

Quando arrefecido e zonzo tento levantar-me e não consigo

 lembro-me da Mimosa, aquela malhada de ancas largas que

me deu tanto prazer outrora, e que hoje de mim só tem o

sêmen gelado inserido por mãos estranhas com uma grande

seringa de vidro.

 Quantos tourinhos, de alguma forma meus filhos devem estar 

por aí pulando  pelos pastos, mesmo que cercados, sem sequer 

imaginar que seu fim será  o matadouro:

"Carne de Novilho Precoce", 

ou pior, o maldito laboratório dos choques nas entranhas!

ou pior, o maldito laboratório dos choques nas entranhas!

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Aliás VoadorasOnde histórias criam vida. Descubra agora