Um encontro de pessoas díspares, costa amalfitana (Amalfi - Itália), um vilarejo lindo com vista para uma baía do Mar Mediterrâneo, construções de blocos de pedra já desgastadas pelo tempo e com alguns lugares onde o musgo cobre o creme para marrom das pedras.
A energia era de alto astral para combinar com a beleza do ambiente, pessoas bonitas, sorridentes e elegantes passeavam por aquele cenário maravilhoso onde pululavam acontecimentos variados, ao fundo bela música da Maria Bethânia.
Num canto, reparo, como num misto de restaurante e exposição de arte, que surgiam coisas, canetas de todos os tipos.
Adoro canetas!
Doutro lado, entre troncos, carnes sendo assadas acima de belo fogo azulado e sua magnética beleza.
Passam a aparecer coisas com estímulo sensorial.
Volto às canetas. Um oriental me mostrou, entre diversos modelos de canetas, uma com o corpo em aço escovado e detalhes dourados, daquelas de pena. Tirei do bolso minha Mont Blanck que se misturou aos modelos da amostra e, de repente, a dei por perdida. Foi um momento angustiante, contrastando com a beleza do lugar e alegria geral; de repente, depois de muito procurar, senti um objeto no meu paletó de linho 120 e, apalpando aflito descobri um pequeno buraco no bolso interno donde saiu a minha adorada caneta.
Retornam os estímulos sensoriais adornados por aquele ambiente rústico, tipo uma vila europeia antiga com ruas sinuosas e construções de blocos de pedras.
Em meio ao mar, porém revolto, pescando, só eu e os elementos, muitas pedras ouriços e as ondas batendo no seu vai e vem costeiro onde se formam correntes elípticas. Fiz uma armadilha com os elementos que o mar ali trouxera, ficou como uma estrela de 5 pontas, um emaranhado de algas paus e destroços.
Lancei a isca e mergulhei nu e sem equipamentos, repentinamente me embaracei na minha própria isca e fui de roldão sendo arrastado pela maré, a isca foi entrando na minha perna esquerda e, debalde, tentei retirá-la. Quanto mais tentava mais ela me dilacerava a perna esquerda, do meio da coxa até quase o joelho e as ancas. Milagrosamente consegui sair, me vi em meio a uma festa com belo rock and roll rolando e passei instintivamente a dançar freneticamente. Embalado pela música e pela dor, dançando, dançando, começam a aparecer as pontas da própria armadilha, ao ritmo da dança foram saindo de inúmeras partes da coxa; passei a puxar e percebi palitos roliços de espeto, destes que se compra pronto para fazer espetinhos, primeiro parecia ser os dentes de uma arcada de tubarão, mas conforme saiam mostravam-se nitidamente palitos de espeto com comprimentos variando entre 15 a 25 centímetros.
Os companheiros de festa que inicialmente julgavam me enlouquecido passaram a se condoer com a situação e pude perceber velhos conhecidos, talvez houvesse algum amigo, posso ter reconhecido o Paulinho Sacks, outros louros bronzeados e com cabelos claros e longos.
Passado o susto pus-me a rezar chorando, Pai Nosso que estais no céu..., querido mentor e energias do bem que me acompanham socorram- me, as lágrimas saiam livres entre o pedir ajuda celeste, Sr. faça com que eu me ilumine cada dia mais, e ter seguido da melhor forma que consigo os ensinamentos de Cristo. Preciso da ajuda de vocês, tenho me sentido tão sozinho Sr, me socorra, estou tão sozinho, sozinho, sozinho,,,, me ajude!
De repente as garotas que me acompanham, belas, elegantes e surpreendentemente inocentes se deslumbram com a manobra arriscada de uma Lamborguini azulada que, derrapando de lado para muito próxima de um precipício, sai, galante e sorridente, como um príncipe em seu corcel branco, que, na minha mente cria uma disputa por uma das moças. Eu encanto com meu jeito inusitado e antiquado trajar.
O gosto da beleza do lugar, o horizonte lindo do mar, a leveza dos acontecimentos ocorre desencontrados.
Complexo como a vida.
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...