Querido diário, hoje é apenas mais um dia de pandemia e não suporto mais ficar trancafiado em casa. Do supermercado ou sacolão à farmácia, fora minhas caminhadas para exercitar minhas pernas e as pedaladas na bicicleta emprestada por meu irmão acabo por não sair do computador ou da cama para ver TV. Passar pela cozinha para preparar as refeições já é um passeio, imaginem vocês! Ai quantas saudades da praia! Adoro o mar!
Lembro-me, nos bons tempos de estudante, quando metade do ano eram férias, que vivia em Ilha Bela mergulhando o dia todo e pescando peixes espada às noites no cais da cidade. Quando "caiam barreiras" devido às chuvas e ficava ilhado era uma alegria tremenda, "ter que ligar para São Paulo" para dizer que estava ilhado e não poderia retornar tão cedo era uma alegria tremenda e, assim, aumentavam-se as férias e os dias no camping que eu mal via, pois vivia no mar e a barraca servia só para comer e dormir, que era um desfalecer de cansaço de mais um dia de pescaria.
Dizia eu que aprendia mais sob o mar que no Colégio Bandeirantes, famoso pela sua dificuldade em passar de ano – iniciavam-se três salas de segundo grau e formava-se apenas uma, dada a reprovação e evasão escolar! Poucas pessoas conseguem entender esta afirmação, pois só quem conhece o barulho das cracas e a luz estroboscópica do sol nas areias do fundo, a fluidez de movimentos dentro d'água e sua inerente integração com tal meio ambiente pode chegar a vislumbrar o aprendizado quase zen-budista de ficar envolto por este elemento que é parte maior do nosso planeta e do nosso corpo.
Daí às minhas intenções de construir cidades subaquáticas para retirar a humanidade da face da Terra e deixá-la se regenerar por si só, mas este foi outro capítulo...
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...