Encharutado esbaforido desenxabido desencantado
(Mais um almoço familiar rotineiro)
Ainda ontem mesmo papai se disse encharutado de serviços e me
pediu para ir ao banco e ao correio para ele.
Olhei no relógio e vi que faltavam 2 minutos para o banco fechar.
Desci as escadas em desabalada carreira e minha mãe, me vendo
de capacete em punho, pediu que eu não saísse esbaforido
daquele jeito.
Hoje, por curiosidade, recém chegado do supermercado,
onde fui comprar sopa de cebola, a pedidos da mamãe,
perguntei ao papai como ele tinha conseguido retirar uma
lâmpada queimada de um spot-light que não saia, no dia anterior,
a qual eu já sabia que era eu que iacomprar mesmo,
tomei uma resposta invertida.
-Você não ajuda em nada! Nem fazer compras no supermercado
para o seu pai, que já está velho, você vai.
Desenchabido, liguei para minha mulher no intuito de avisá-la que
se estivesse fazendo almoço, parasse, porque iríamos comer uma
bela feijoada destas de botequim da esquina.
Neste ínterim, quando minha mãe foi em minha defesa,
o papai veio me pedir para que não saísse não, para não
deixá-lo desencantado.
Sem ter o que fazer, depois do título desta, fiquei e me encontro
decepcionado agora, pois, fiz a besteira de comentar com a
"jovem senior":
-Não vejo a hora de poder alugar um apartamentinho, pequeno
o suficiente para não caber tamanho título e eu puder pagar.
Tomei a invertida materna, que era só o que me faltava:
-É bom mesmo.
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...