Quando nos encontrávamos em Natal (RN), depois de termos
conhecido bem a cidade e seus arredores íamos à Praia de
São Miguel do Gostoso (indicação do meu irmão mais jovem),
então, pedi ajuda a um garoto:
- Onde é a BR101?
Ele fez uma cara de quem tinha ouvido grego e tentei reformular:
- Aquela estrada que vem por todo o litoral brasileiro desde
o extremo sul.
Vendo que ainda não me fizera entender falei: a grande
estrada de asfalto que passa por todos os Estados que tem praia.
O menino disse:
-Ah! a brhuuu
Demorei para compreender a perífrase, o menino associava o
som dos carros velozes ao nome da Auto Estrada BR101.
Lama, muita lama! Houve um momento em que a terra enrijeceu
o cabo do acelerador - estava um grude batendo na altura da porta -
a ponto do motor subir o giro ao máximo.
Não tive outra opção a não ser desligar o motor e esperar
amanhecer para ver se vislumbrava onde me encontrava.
Quando amanheceu lembrei-me que estava em alguma
vicinal da Transamazônica bem ao norte do País.
Não tendo outra opção tentei ligar o carro sem muitas
esperanças, para meu espanto o motor ligou e já não
estava mais tão acelerado como na madrugada anterior,
segui a estrada já com a lama mais seca
e deparei-me com uma pequena cidadezinha - na verdade um
vilarejo -às margens da estrada.
Ao chegar lá fui muito bem recebido por um bando de moleques
e dois, especialmente simpáticos e faladores, convidaram-me
para ficar na casa de seus pais.
Fiquei envergonhado, é claro, mas não tinha outras opções.
Dona Mariinha (a mãe do casal de jovens) me recebeu com extrema
gentileza, me encheu de mimos e de perguntas.
Fiz tudo o que pude para saciar a curiosidade da boa senhora,
agora minha anfitriã em São Joaquim do Passa Quatro.
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Aliás Voadoras
ContoFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...