Estávamos em uma fazenda para mim desconhecida, o grupo conversava animado e feliz.
Éramos três, um senhor - Aníbal - de finos traços, olhos verdes e muito bem trajado, calça cinza e camisa branca sociais, um suéter cinza tom sur tom com a calça. Seus trajes discretos contrastavam com a extravagância da nossa anfitriã – Beatriz - com seu macacão e camiseta bem larga, cabelos bem curtos e loiros que ornavam com seus claros olhos azuis e sorriso franco.
Bela hora me recordo de que ela tomava água mineral de um galão, destes de plástico azul, de água mineral e lhe ofereci um copo que foi rejeitado com um sorriso simpático. Quando parou de beber servi-me de água do mesmo galão, mas, colocando o líquido no copo que lhe oferecera anteriormente.
Impressionou-me a conservação da moto CB400 Honda do Aníbal que me fez lembrar da minha querida Suzuki GT380 azul e prateada. Depois da descontraída e animada conversa, convidou-nos para dar uma volta, quando, bela hora, repentinamente saltou de um ambiente da espaçosa casa para outro que tinha um desnível de mais de três metros, meu coração saltou à boca junto com o pulo da moto, e, para meu espanto, caímos suavemente no patamar inferior sem nenhum incidente.
Na hora de nos despedirmos que se iniciou o incidente dolorido, não me recordava onde tinha parado minha Suzuki, pois, tendo chegado já sem luz do dia e sem conhecer a fazenda perdi o rumo.
Toca procurar, perguntar aos trabalhadores do lugar e nada de encontrar meu precioso veículo!
Paramos num arremedo de barraca de comes e bebes, pedimos um refrigerante que teve que ser trocado por um aguado suco de limão e ao pagar, como só tinha uma nota de vinte reais a menina que nos atendia deu o troco todo em moedas de pequeno valor. Aproveitei para perguntar à ela se não tinha visto minha moto e, enquanto isto, uma turma de guris menores, furtava as moedas do troco que ficara em cima do tablado. Entre reclamar com a criançada e prestar atenção na resposta da menina da barraca passou um rapaz de moto que não me pareceu estranho e perguntei a ele sobre o local que tinha parado meu adorado veículo.
Para minha alegria a resposta foi afirmativa e ele descreveu aos meus novos amigos onde a tinha visto. Acrescentei que não deveria ser muito longe da casa porque não me recordava de ter andado muito entre estacioná-la e entrar no casarão onde passáramos a noite.
Um final feliz para uma procura angustiante!
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...