em memória de Olívia Caldeira Brosch
Nos idos da década de 70 do século XX fui visitar as ruínas de
Machu Picchu. A jornada foi dura, pois, eu, na época, era estudante
e tinha muito pouco dinheiro para fazer uma viagem tão distante,
então enfrentei galhardamente o temido "trem da morte", que
de motivos para temer não tinha nada à exceção do desconforto
dos vagões e partilhá-lo com galinhas e cabras.
as condições do trem peruano eram bem melhores do que o nosso
e chegando a Cuzco, depois de bela viagem anterior de barco pelo
lindo lago Titicaca, o lago mais alto do mundo (3.811m.) que faz
fronteira entre a Bolívia e o Peru, entrei por acaso em uma porta
sem letreiros na praça central onde havia várias mesas,
um bar ao lado e só uma pessoa bem no fundo.
Fui entrando e ao me acostumar com a luz ambiente tive a
impressão de conhecer tal cliente.
Pois não é que era minha melhor amiga, talvez a melhor que
já tive, e exclamei extasiado:
- Olivinha! Não acredito. O que você faz aqui menina?
Ela respondeu:
- Puxa, que coincidência hem?
Morávamos a poucas quadras nas casas de nossos pais em
São Paulo e não havíamos contado, um ao outro, que iríamos,
ao mesmo tempo, para o mesmo lugar do mundo.
Puxei uma cadeira e comecei a lhe contar como estava
maravilhado com a energia do lugar, as pedras de uma
muralha em Cuzco tinham mais de 4 metros quadrados de
lado e encaixavam com as outras com uma precisão que não
passaria uma Gillette nas frestas.
Além do questionamento lógico que fiz de como teriam
conseguido tecnologia na época da construção para erguê-las
ainda conseguir um encaixe tão perfeito, era de arrepiar.
Neste ínterim ela me contou que estava noiva e que ele a
acompanhava. Eu mais do que depressa afastei a minha cadeira,
pois, não pretendia ser mal interpretado pelo rapaz que logo
deveria estar voltando do banheiro.
Minha amiga Olívia tranquilizou-me dizendo que o rapaz
era da paz e que eu não tinha por que me preocupar.
Assim foi, apresentamo-nos e a conversa continuou a fluir
sem constrangimentos. Fiquei sabendo que eles estavam
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Aliás Voadoras
ContoFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...