O primeiro amor e a melhor memória

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Começar e terminar com as melhores memórias é de bom tom.

Houve um dia em que, indo para a praça do por do sol, na curva que 

inicia o morro, senti-me um príncipe, afinal, que mais eu poderia

 desejar desta vida?

Estava na minha reluzente e linda moto Suzuki GT380 azul e prateada, 

acabara de entrar na Poli-USP – sonho do meu pai e orgulho para mim.

 O dia estava lindo, o céu limpo e as poucas nuvens do horizonte

 prenunciavam um por do sol digno de nota e daquela sensação de

 - o que mais poderia eu querer desta vida!

Conseguira namorar meu primeiro amor e, apesar do seu ciúme quase 

doentio, sentia-me preenchido. 

Nesta época passava quase metade do ano acampando na praia do Curral

 na Ilha Bela e havia ganho uma chata de mergulho enorme como o 

motor de cinco HPs Yamaha que era mais do que o suficiente para 

aqueles nove pés de comprimento, quatro de largura e um de calado 

máximos. Quando não havia visibilidade para o mergulho autônomo

 - em apneia - o porto do centro da Cidade servia para pescar com 

boias luminosas, uma sardinha só sem a cabeça e uma garateia. 

O sentimento mergulhando em águas claras, o barulho das cracas e o

 maravilhoso tremelicar da luz do sol no fundo davam-me um prazer

 extasiante e, quem nunca experimentou passar estas oito horas 

diárias no mar, não entenderá, provavelmente, quando afirmo que 

aprendi mais mergulhando ou navegando do que no dito difícil 

Colégio  Bandeirantes de São Paulo.

Uma moça acompanhava-me nas oito horas de mar e ficava tomando 

sol deitada na espuma que nos servia de colchão na barraca menor

 do conjunto triplo que eu armava em forma de T composto por 

uma grande barraca, onde ficavam meus irmãos menores e, quase 

sempre, minha mãe, que sempre incentivou estas viagens à praia 

e nos acompanhava sempre que podia, uma menor, a sala e cozinha. 

Aliás, o curso de mergulho que fiz na ACM da Rua Nestor Pestana em 

São Paulo, assim como a chata, o motor e as tralhas de mergulho me

 foram dadas como presente de treze anos pelos meus pais.

A namorada não saia de casa, praticamente 

vivia mais comigo do que na casa dos pais dela.

Belo dia veio a notícia que seus pais passariam um ano na Itália a 

mando e necessidade do Sr. Renato, seu pai,  para estagiar na 

matriz da Avon da Itália.

Aliás VoadorasOnde histórias criam vida. Descubra agora